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Artigo Tati Zanon: Sim, eles nos representam!

21 Abr 2016 - 09h11Por (*) Tati Zanon
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Há alguns meses, um amigo meu, que tem comércio na cidade, levou o calote de um de seus clientes mais assíduos. Esse amigo, vendo-se na iminente situação de perder a significativa quantia de dinheiro que o cliente lhe devia, resolveu aceitar como pagamento um carro velho do cliente que, à época, tinha uma loja de automóveis. Menos de um mês depois, o carro, que tinha dado problemas desde o início, fundiu o motor e meu amigo perdeu mais dinheiro do que pensava que poderia recuperar.

No início deste mês, a BBC Brasil publicou uma matéria na qual é descrita uma declaração do deputado federal Paulo Maluf, que obteve mais de 250 mil votos na última eleição (o 8º mais votado do estado de São Paulo). O deputado, que figura novamente na lista da Interpol, disse, sem nenhum melindre, a seguinte frase: "(Ser) deputado é tranquilo: trabalho terça, quarta e quinta a metade do tempo. Faço de conta que estou trabalhando".

No final de março, foram vazadas algumas gravações telefônicas grampeadas pela "República de Curitiba". Em uma delas, foi proferida a seguinte frase: "Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos o PT e o PCdoB começaram a acordar, um presidente da Câmara fudido, um presidente do Senado fudido, não sei quantos parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso achando que vai acontecer um milagre". A frase, de autoria do "ilustríssimo" (ex?) presidente da "República velhaca", Luís Inácio Lula da Silva, ficou marcada na história. Mas, aparentemente, a vergonhosa sentença não lhe causou muitos prejuízos: em pesquisa publicada pelo Datafolha poucos dias depois deste episódio, Lula liderava, ao lado de Marina Silva, as intenções de voto para a corrida presidencial de 2018.

Nos últimos meses, parece que, da noite para o dia, muitos brasileiros resolveram se tornar patriotas. Frases como "Impeachment já" ou "Não vai ter golpe" bateram recorde de postagem nas redes sociais, e muitas bandeiras brasileiras foram colocadas nas portas e janelas das casas para mostrar que muitos têm orgulho do Brasil e querem salvá-lo dessa corja de delinquentes que nos governa, direta ou indiretamente.

Talvez fosse interessante explicar a esses "patriotas de fachada" que somente participar de protestos, bater panelas ou compartilhar petições de cassação de mandatos no Facebook não os torna os salvadores da Pátria. O caminho para a salvação do país está em avaliarmos nossas próprias convicções e, mais do que isso, nossos "desvios" diários.

Grande parte daqueles que governam o país foi escolhida pelo povo. Se esse mesmo povo tem a capacidade de votar em figuras como Bolsonaro, Lula, Cunha e Calheiros, é porque, de alguma maneira, eles aceitam todas as atitudes inescrupulosas praticadas por eles, já que também agem desonesta e oportunamente, a exemplo do cliente que deu o calote em meu amigo, e como muitas outras pessoas que se comportam de maneira corrupta diante daquilo que têm em seu poder. Como os políticos, elas atuam em benefício próprio, e que se dane o próximo (se liguem na rima!).

Como sempre costumo dizer, cada povo tem o governo que merece. E, enquanto não reavaliarmos nossos conceitos, nossas atitudes e nossa postura, serão esses mesmos bandidos que continuarão governando nosso país eternamente. O governo é o reflexo de seu povo, e não o contrário.

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