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Artigo Tati Zanon: Escuridão no fim do túnel

06 Out 2016 - 05h48Por (*) Tati Zanon
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Quem acompanha meus artigos há algum tempo, sabe que considero a educação algo primordial para o crescimento de um país. Acredito, com toda convicção possível, que tudo começa com uma boa educação.  Uma boa escola será capaz de formar bons médicos e enfermeiros, o que resolve o problema da saúde. Uma boa escola será capaz de despertar talentos para a ciência, capacitando-os para criar produtos e processos que tragam soluções para problemas locais, regionais e nacionais. Uma boa escola tem a capacidade de formar excelentes profissionais e, ainda por cima, exercitar o pensamento reflexivo, incitar discussões críticas e auxiliar na formação de um cidadão com mais ética e moral. E por aí vai...

Mas, enquanto defendo uma boa educação como "santo remédio" para todos os problemas, vejo os brasileiros sobre um barco furado dentro de um tsunami.  Todos os dias, ao assistir ou ler jornais e revistas, as más notícias a respeito da educação brasileira parecem se tornar piores. Primeiro, a filosofia barata da Escola sem Partido. Segundo, a reformulação do ensino médio. E, finalmente, nos últimos dias, a notícia sobre o péssimo desempenho de alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com apenas três escolas públicas apresentando alunos com boa performance no exame.

Como não ficar desanimada com tanta notícia ruim? Como ver uma luz no fim do túnel? Será tão difícil assim colocar o Brasil nos trilhos? Pra mim, a coisa é mais simples do que parece. Temos alguns exemplos de países que, há pouco tempo, tinham números tão preocupantes quanto os brasileiros, no que se refere à educação, e que hoje se destacam mundialmente nesse quesito. Meu exemplo costumeiro: Coreia do Sul.

Mas quão conveniente será educar os brasileiros? Um brasileiro bem educado elegeria a casta política que temos hoje no Congresso e no Senado? Um brasileiro educado permitiria que Renan Calheiros continuasse, até hoje, na política e na presidência do Senado? Um brasileiro educado reelegeria Fernando Collor? Um brasileiro educado permitiria que a classe política tivesse os salários e benefícios que tem?

Através das perguntas retóricas acima, tornam-se completamente compreensíveis as proposições feitas por administradores públicos, mesmo que pareçam (e, para mim, realmente são) ilógicas e absurdas. Somente projetos esdrúxulos como esses permitem que tanta corrupção e roubalheira sejam feita às claras, sem qualquer pudor. Somente projetos desse tipo permitirão que os altíssimos salários e benefícios de políticos sejam mantidos enquanto todo o resto do país está num buraco financeiro sem fundo.

Gostaria muito, querido leitor, de ouvir sua opinião a respeito dos temas acima (Escola sem Partido, reformulação do ensino médio e desempenho no Enem). Meu desânimo é tão grande, que sequer tenho forças para trazer uma discussão mais desenvolvida sobre cada um desses tópicos. Espero que eu seja a única a ter perdido a esperança em dias melhores para a educação brasileira.

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