Há alguns anos, o dia 8 de março seria uma data na qual flores, bombons e poemas seriam os protagonistas, e o motivo de alegria de muitas namoradas, esposas, mães e avós. Mas agora o politicamente correto está na área, e é melhor que nenhuma mulher se atreva a sorrir quando receber uma dessas carinhosas prendas.
Afinal de contas, somos violentadas, espancadas, estupradas, trabalhamos o dobro recebendo menores salários e, ainda por cima, ficamos com as obrigações domésticas e maternais ao chegar em casa. Nada de flores, queremos igualdade, queremos respeito. As flores deixem para depois.
Como mulher, posso afirmar que já passei por inúmeras situações machistas, e algumas delas até abusivas. Mas precisa de tanto protesto contra as flores para ser a favor dos direitos das mulheres?
Acredito que, como qualquer coisa na vida, quando alguns ideais ganham muita força, eles ocupam o lugar da razão. E quando a razão perde seu espaço, ela também dá lugar à hipocrisia, à intolerância, à falta de argumentos e, ironicamente, à própria violência, seja ela física ou verbal.
O poder que a Internet e, posteriormente, as redes sociais têm ganhado com o tempo têm dado espaço a alguns imbecis que, travestidos de lutadores pelos direitos humanos, espalham não somente a intolerância, mas também a imbecilidade. Umberto Eco uma vez disse que "as mídias sociais deram a palavra a uma legião de imbecis que antes só falava numa mesa de bar depois de uma taça de vinho, sem causar qualquer prejuízo à coletividade".
Na última terça-feira, o Facebook ficou recheado de postagens, a grande maioria de autoria feminina, na qual se viam pedidos de igualdade, respeito, entre outras coisas, em alguns casos condenando aquele que ousasse nos enviar flores.
É óbvio que, como todas as mulheres, desejo reconhecimento e respeito em meu cotidiano, mas- e podem me crucificar se quiserem- ainda ficarei muito feliz em receber rosas vermelhas.