terça, 23 de abril de 2024
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Artigo Rui Sintra: Viva a humildade!

24 Ago 2016 - 05h59Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

O Brasil regressa aos poucos à sua conturbada realidade cotidiana, depois de passar 16 dias entregue às Olímpiadas do Rio 2016, completamente rendido ao esforço, sacrifício, desempenho e patriotismo de grande parte de sua delegação olímpica, com o Rio de Janeiro a conseguir respirar um pouco de tranquilidade. Por exemplo, as forças de segurança - polícias e forças armadas - conseguiram criar, de forma extremamente competente, um clima de segurança eficiente em torno do maior evento desportivo do planeta. Pode-se discutir que o mais importante de tudo seria ter, a partir de agora e tendo como base essa experiência, um clima de segurança eficiente em toda a cidade do Rio de Janeiro, uma espécie de "legado" das Olimpíadas. Bem, isso "são outros quinhentos", que levam a outras discussões e a outros questionamentos.

Contudo, uma das coisas que queremos realçar neste artigo é o trabalho de logística, de organização e de voluntariado que foram feitos para que tudo saísse certo, por forma a que as competições não fossem prejudicadas por nada anormal: fantástico!! Outro destaque - talvez mais importante que tudo o resto - foi a postura dos técnicos e dos atletas brasileiros. Eles se excederam, comeram o pão que o diabo amassou para conseguirem atingir seus objetivos e isso não tem medalha de ouro que pague. Aliás, patriotismo não tem preço!... E, em abono da verdade, todos os campeões brasileiros que emergiram nesta Olimpíada ganharam suas medalhas por mérito próprio, atendendo a que os Estados e a própria União pouco ou nada se interessam por eles, já que, ou distribuem recursos a esmo, sem planejamento futuro para a continuidade e aperfeiçoamento de suas carreiras, ou atribuem bolsas misericordiosas que mais não servem para disfarçar a incompetência do próprio estado, que apenas vive de supostas bondades com espírito eleitoreiro e propagandista.

Como em qualquer país do mundo que se preocupa verdadeiramente com a sua imagem olímpica (e é isso que está em causa) e com a formação desportiva de seus atletas (que também está em causa), o Brasil precisa urgentemente de traçar planos sérios e consistentes com o intuito de apoiar os seus verdadeiros atletas e aqueles que têm todas as potencialidades para representar condignamente o país. As verdadeiras fábricas internacionais de campeões estão aí como exemplo, com as principais potências mundiais do esporte a investirem, sim, naqueles que em primeira instância garantem lugares nos pódios de competições internacionais e olímpicas: mas, todo esse apoio tem cobrança: o atleta que não corresponder a esse investimento fica fora, sem chance de nova oportunidade para ser apoiado oficialmente. Na opinião de muitos, poderá ser uma medida exagerada, brutal... Mas, se pensarmos com frieza, a medida está certa. Não há espaço para pseudo-meninos de ouro, para vaidades, egocentrismos ou amadorismos à sombra de uma bandeira ou do nome de uma nação: só há espaço para a competência, para a excelência e exclusividade esportivas: são verdadeiras fábricas de campeões, quer em termos de Olimpíadas, quer em nível de competições internacionais, sabendo-se, à partida, que um atleta desses é candidato direto ao pódio.

Falta-nos isso no Brasil... O que assistimos, nestas Olimpíadas do Rio de Janeiro, foi extremamente elucidativo: jovens atletas, muitos deles desconhecidos do grande público, arrebataram medalha após medalha e subiram ao pódio quase à sua própria custa. Imaginem como seriam as exibições desses jovens,e dos outros já conhecidos, se tivessem apoios condignos e sérios. Imaginem como seria com outros tantos jovens que, já com sinais claros de potencialidade, estão despontando para o esporte um pouco por todos os cantos deste país e que acabam se perdendo por falta de oportunidades. Talvez se utilizássemos o planejamento e objetivos acima citados conseguíssemos "fabricar" mais "Serginhos" no voleibol, mais "Rafaelas" e "Mayaras"no judô, mais "Robsons" no boxe, mais "Maicons", "Felipes" e "Diegos", símbolos absolutos de entrega, sacrifício, competência, excelência e, acima de tudo, HUMILDADE!!!!! O Brasil não precisa de vedetas mediáticas, até porque eles desaparecem rápido... O Brasil precisa é de VALORES absolutos!!!!!

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