quinta, 18 de abril de 2024
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Artigo Rui Sintra: Ter – ou não ter – jogo de cintura

11 Jan 2018 - 02h04Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Mato alto, sujeira por todos os lados, com a consequente proliferação de bichos, postos de saúde fechados, patrimônio municipal sucateado. Parece que o caos se instalou de vez na "Capital Nacional da Tecnologia", que ufanissimamente indica que existe na cidade uma proporção de 1 doutor para cada 180 habitantes: atualmente, seria bom saber quantos buracos no asfalto existem por cada cidadão, até porque a proliferação dos mesmos substitui de forma eficaz a instalação de qualquer radar de velocidade.

E, se a atual gestão municipal em São Carlos é tida como um verdadeiro desastre, essa culpa não pode ser apenas atribuída ao governo e ao seu responsável máximo, já que a responsabilidade dos membros da Câmara Municipal é de igual - ou de maior - peso, inserindo-se nela aspectos relativos à discricionariedade da decisão administrativa, ou seja, adentrando o juízo de conveniência e oportunidade dos atos ante o interesse público - resumindo, fiscalização. Desta forma, se quem deveria fazer não faz, e se quem deveria fiscalizar não mexe uma palha, o caos está completamente instalado: a foto perfeita da cidade de São Carlos.

Além da visível e indiscutível falta de jeito para planejar e gerir a coisa pública, a ela se aliando outra falta, que é a de não ter perfil nem competência para o cargo, o atual chefe do executivo municipal, segundo relatos da própria imprensa, ainda brinda a população com atos de arrogância e ameaças - umas veladas e outras não - contra todos os que se "atrevem" a criticar suas posturas e atitudes (incluindo jornalistas). Tudo isto acontece perante uma Câmara Municipal que, através de alguns de seus membros (poucos), talvez se sentindo envergonhados por sua própria incapacidade atuante e argumentativa, esboçam tímidas reações, como que justificando seus mandatos. É bom lembrar que um prefeito municipal, membro do governo ou vereador, não governa para seu eleitorado, mas sim para todos os cidadãos, cabendo a estes últimos respeitar o mandato e cobrar de cada eleito não só as promessas feitas durante as campanhas, como, também, apontar, reclamar e reivindicar a resolução de qualquer descaso que aconteça, ou de qualquer decisão ou ato tidos como menos corretos. Assim funciona a Democracia, assim são as regras e a elas se deve obedecer, pois é o povo que, na verdade, detém o verdadeiro mandato.

Com ou sem jogo de cintura para aguentar o tranco das críticas, cabe ao gestor público se posicionar sempre em favor de quem está servindo - a sociedade -, independente do partido político a que pertença ou represente. Nem sempre somos bons naquilo que fazemos, principalmente em áreas para as quais não fomos talhados, instruídos e/ou orientados, pelo que a humildade e o reconhecimento de nossos erros são sempre os melhores remédios para voltarmos atrás e tentarmos corrigir aquilo que não fizemos bem feito. De outro modo, apenas espelhamos aquilo que de pior existe em nós, com predominância para a mentira e enganação: e disso, o povo está farto.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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