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Artigo Rui Sintra: E agora, o que segue?...

16 Mar 2016 - 08h43Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

13 de março de 2016 ficará registrado como o dia em que ocorreu a maior manifestação de protesto popular da história do Brasil, contra um governo, contra um presidente da república, ato que reuniu milhões de pessoas em todo o país. Não me recordo, ao longo de minha vida, ter visto uma manifestação tão intensa, tão numerosa como esta.

Também, ao longo de minha vida, não me lembro de ter testemunhado tamanho desastre governativo em um país, principalmente no Brasil, que, como todos sabem, tem potencialidades enormes de se tornar um líder mundial. E, de todo não consegue atingir esse patamar, por duas razões: a primeira, claro, por causa de uma classe política dominante que instiga à organização de verdadeiros cartéis e de gangs sediados em Brasília, contando com a já conhecida conivência e mesmo participação de altas esferas governativas.

A segunda razão apresenta-se pela extrema bondade de um povo que, contra tudo e contra todos, aguarda sempre pacientemente até ao último momento para se exprimir, de fato, provando para o mundoque afinal sabe o que quer - mostrou isso no dia 13 de março: um povo que consegue distinguir entre o bem e o mal, independente da ação de inúmeros escribas contratados pelos ditos carteis, cuja missão é transformar a imagem dos bandidos em mocinhos.

Muito bem, o povo se manifestou, bradou, esbracejou, xingou: e agora, o que segue?

Que vai fazer o povo, atendendo a que - está visto - governo ea maioria dos políticos (que são seus representantes) nada irão fazer em resposta ao clamor das ruas, optando, inclusive, por acolher em seu seio os criminosos e criar atalhos para que eles saiam impunes, nas barbas do povo? Sorrateiramente coberta sobre uma capa que ela própria construiu, a grande maioria da classe política apenas argumenta, cinicamente, que protestar é uma forma democrática do povo se exprimir: contudo, está visto que essa classe política está-se nas tintas para esse mesmo povo. Na época cinzenta da ditadura, o povo não podia falar livremente e quando o fazia ia preso. Agora, a ditadura apresenta-se transvertida de democracia, ou seja, o povo fala, reclama, protesta, exige, mas os políticos fazem ouvidos moucos das reivindicações populares emandam o povo aquela parte, pois a prioridade é escandalosamente tentar blindar e salvar alguns energúmenos exatamente dentro dos muros das instituições democráticas.

Está claro que o Brasil se perdeu no labirinto que este governo criou, à sombra de um oásis imaginário, caracteristicamente assinado por ideias retrógadas, filosofias balofas e mentiras em série. Seja o que povo decidir fazer daqui por diante, que o faça sempre na estrita observância da liberdade e democracia, no respeito ao estado de direito e à segurança pública, de forma pacifica e serena, mas com pressão suficiente para que a felicidade, a paz e a prosperidade regressem quanto antes ao lar e às empresas nacionais.

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