terça, 23 de abril de 2024
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Artigo Rui Sintra: Com o leme quebrado

06 Abr 2016 - 16h52Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

O muito possível afastamento da presidente da república, através do processo de impeachment que se encontra em andamento no Congresso Nacional, poderá não trazer ao país a volta da normalidade política, econômica e social, que foram interrompidas no início do segundo mandato de Dilma Rousseff.

Isto, porque quem assumirá, caso a presidente seja impedida de governar, será o vice-presidente da república, Michel Temer, sendo quase certo que sua imagem popular, bem como a do partido que dirige (PMDB), não são as melhores.

Considerado como um partido político dividido, disponível para formar governo seja com quem for - se com isso puder comer uma fatia grossa do bolo da noiva -, o partido de Michel Temer é visto com desconfiança pela população. As acusações graves que recaem sobre alguns dos mais conhecidos integrantes do PMDB - casos do atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do presidente do Senado, Renan Calheiros -, já para não falar em outros igualmente investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, têm alertado a sociedade e não é por mero acaso que o nome de Temer não é bem acolhido.

De fato, caso Michel Temer suceda a Dilma Rousseff por um prazo de dois anos, é quase certo que o país fique praticamente na mesma, quer em termos da esperança em uma melhora na economia, quer em nível social e político, isto porque o cidadão comum não esquece, com facilidade, que Michel Temer e o PMDB contribuíram - e muito - para a situação de descalabro que se vive no país. É quase certo que os investidores continuarão a não se sentir seguros para investir no país,que os empresários continuarão a fazer cara feia e a segurar o que puderem segurar, e assim o desemprego continuará a subir, pois os níveis de confiança estarão muito baixos. Temer significa praticamente a manutenção das políticas equivocadase das trapalhadas infantis desenvolvidas até hoje pelo governo petista, já que ele e seu partido são cúmplices delas, assinaram por baixo, corroboraram - até por suas próprias palavras na mídiacom o que à partida se sabia perfeitamente que estava errado: mesmo que Temer tivesse alguma intenção de fazer algo positivo, diferente (que não tem!), não teria tempo útil para fazer.

Por outro lado, a nível social, tudo indica que a insatisfação popular irá continuar em alta, não só pelos mesmos motivos apontados no anterior parágrafo, mas também pelos reflexos causados pela recente decisão do ministro do STF, Marco Aurélio Mello, em determinar que o presidente da Câmara dos Deputados abra um processo de impeachment contra Temmer, o que pressupõe a manutenção de um clima político tenso, já para não falar nos chamados "movimentos sociais" orquestrados pelo atual governo, que nessa hipótese ficarão sem subsídios para atuar nos habituais palcos.

Com uma rejeição popular ao governo e à presidente da república perto dos 70%, tudo indica que a população brasileira só terá chance de voltar a ter sua vida equilibrada e a ter novas esperanças num futuro melhor quando se realizarem as próximas eleições - na data prevista, ou antes.

Até que chegue esse momento, o povo brasileiro sabe que este barco tem o leme quebrado, tem o convés podre e que navega à deriva com uma tripulação que desde sempre foi desqualificada.

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