sexta, 29 de março de 2024
Qualidade de Vida

Ácido Úrico

01 Nov 2018 - 06h59Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Ácido Úrico -

O ácido úrico está entre as substâncias naturalmente produzidas pelo organismo, surge como resultado da quebra das moléculas de purina (proteína contida em muitos alimentos) por ação de uma enzima chamada xantina oxidase. Depois de utilizadas, as purinas são degradadas e transformadas em ácido úrico, parte dele permanece no sangue e o restante é eliminado pelos rins.

O Ácido úrico é um composto criado pelo fígado a partir da metabolização das purinas, um tipo de substância presente em diversos alimentos, principalmente nos de origem animal. Apesar disso, apenas 40% das purinas são ingeridas nos alimentos já que nosso próprio corpo é responsável pela produção dos outros 60%.

O ácido úrico é um composto natural em nosso corpo, mas cardápios ricos em purina aumentam consideravelmente a quantidade dele no sangue.

Os níveis de ácido úrico no sangue podem subir porque sua produção aumentou muito, porque a pessoa está eliminando pouco pela urina e por interferência do uso de certos medicamentos.

Como consequência dessa taxa de ácido úrico elevada (hiperuricemia), formam-se pequenos cristais de urato de sódio semelhantes a agulhinhas, que se depositam em vários locais do corpo, de preferência nas articulações, mas também nos rins, sob a pele ou em qualquer outra região do corpo.

Ele é considerado alto quando está em concentrações acima de 7 mg/dL de sangue em homens e 6 mg/dL em mulheres, já que até a menopausa, o estrogênio facilita a eliminação da substância, que é feita pelos rins.

Quando está alto, o ácido úrico é capaz de causar problemas no corpo, não é uma substância muito solúvel, portanto em concentrações maiores do que 7 mg/dL de sangue, o ácido pode perder a solubilidade e se solidificar, criando cristais de urato de sódio, estes cristais são a causa do problema e são o que pode causar doenças.

Estudos recentes realizados no Instituto do Coração de São Paulo mostram que níveis elevados de ácido úrico no sangue aumentam o risco de desenvolver acidentes cardiovasculares.

O depósito dos cristais de urato nas articulações, em geral, provoca surtos dolorosos de artrite aguda, especialmente nos membros inferiores (joelhos, tornozelos, calcanhares, dedos do pé), mas pode comprometer qualquer articulação. Nem todas as pessoas com hiperuricemia desenvolverão gota, um tipo de artrite secundária, de caráter genético e hereditário, que acomete mais os homens adultos.

Nos rins, a hiperuricemia é responsável pela formação de cálculos renais (litíase renal) e insuficiência renal aguda ou crônica (nefropatia úrica).

A gota é a principal doença relacionada ao ácido úrico elevado, acontece quando o ácido úrico se solidifica em urato de sódio e entra nas articulações, causando inflamações, causando inchaços e dores extremas. Um risco que existe com o ácido úrico elevado é o de surgimento de cálculos renais, as famosas e dolorosas pedras no rim, as pedras no rim são conhecidas por serem extremamente dolorosas, frequentemente classificadas por pacientes como a pior dor que já tive na vida.

Existem outras doenças que podem ter relação com o nível elevado de ácido úrico, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, não há provas de que essas doenças são causadas pelo ácido úrico, sabe-se, que pessoas hipertensas costumam ter valores elevados de ácido úrico, porém isso não significa que a substância seja a causa, especialmente porque a redução dos valores do ácido no sangue dos pacientes não altera a condição de hipertensão.

O ácido úrico, no início da gravidez, é reduzido pelo próprio corpo, e volta a se elevar no terceiro trimestre de gestação, se a grávida tiver pressão alta, o ácido úrico se elevando durante o primeiro ou o segundo trimestre da gravidez pode elevar os riscos de pré-eclâmpsia, esta é uma doença caracterizada por pressão alta durante a gravidez e que pode evoluir para a eclâmpsia, que pode causar convulsões, coma e a morte, além da perda do bebê ou o nascimento prematuro da criança.

O diagnóstico dos sintomas pode ser feito pelo clínico geral, nefrologista e reumatologista, através de exames de sangue que verificam a quantidade de ácido úrico presente no corpo.

Reduzir o ácido úrico é possível com controle da dieta e através de medicamentos. Nem sempre é necessário que haja o tratamento, já que é possível que o ácido úrico elevado não cause nenhum sintoma.

O tratamento medicamentoso é usado caso haja alguma doença relacionada ao ácido úrico (pedras no rim, gota, nefropatia por urato) e não é recomendado na maioria dos pacientes assintomáticos, mas deve ser feito, mesmo sem sintomas, caso haja concentração de mais 8,0 mg/dL, ou em casos em que haja concentração maior do que 13 mg/dL em homens ou 10 mg/dL em mulheres.

Portadores desse distúrbio metabólico devem evitar o estresse físico, o uso de diuréticos e de anti-inflamatórios, assim como devem evitar a ingestão excessiva de alimentos e bebidas ricos em purina (carne vermelha, frutos do mar, peixes, como sardinha e salmão, miúdos, aves, vegetais como feijão, trigo, ervilha, castanhas, amendoim). A cerveja possui mais purina do que as outras bebidas alcoólicas devido à fermentação, porém, o próprio álcool é fonte de purinas e deve ser evitado.

Como leite e derivados parecem melhorar a eliminação do ácido úrico, devem ser incluídos na dieta que, acima de tudo, precisa ser saudável e favorecer o controle da obesidade e da hipertensão. Além da alimentação pouco calórica, quando necessário, podem ser indicados medicamentos para inibir a produção de ácido úrico (alopurinol) ou para aumentar sua excreção (probenecide e sulfinpirazona). Algumas pessoas precisam dos dois tipos porque têm excesso de produção e dificuldade de excreção dessa substância.

Alimentos sem Purina, frutas, verduras, arroz, batata, óleos vegetais, pães integrais, ovos, leite e derivados não possuem purina. Estes alimentos podem ser usados na alimentação de quem tem o ácido úrico alto, diuréticos também são recomendados para limpar o sangue, já que urinar com maior frequência ajuda na filtragem sanguínea, como a alcachofra, a maçã e a melancia podem ajudar com isso.

Beba bastante água para ajudar o organismo a eliminar o ácido úrico; Prefira os alimentos não industrializados; adote uma dieta saudável, rica em frutas, verduras, leite e derivados; Evite o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente de cerveja que é rica em purina.

Consulte um médico para orientar o tratamento e peça ajuda ao nutricionista para eleger uma dieta que ajude a controlar a taxa de ácido úrico e a manter o peso em níveis adequados.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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