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Academia de ciências do vaticano faz reunião especial para discutir as implicações da covid-19 para ciências e sociedade

14 Nov 2021 - 06h48Por Kleber Chicrala
Academia de ciências do vaticano faz reunião especial para discutir as implicações da covid-19 para ciências e sociedade - Crédito: divulgação Crédito: divulgação
Dentro de um programa de discussão para poder contribuir com o chamado “maior problema do século para a humanidade”, a Pontifícia Academia de Ciência – Vaticano, reuniu-se nos dias 4 e 5 de novembro de forma virtual.  Com a presença de diversos acadêmicos e autoridades de todo mundo, um debate importante pode colocar as retrospectivas e perspectivas para a situação da pandemia que vivemos.  É importante lembrar, como diz Vanderlei Bagnato, membro da academia que participou da reunião, que mesmo que façamos paralelos com a gripe espanhola, a peste negra, etc, a pandemia causada pelo SARS-Cov-2, Covid-19 atingiu todos os países do planeta. Este fato nunca tinha ocorrido antes, já que nas pandemias anteriores, sempre houve migração de um local para outro com atenuação nos primeiros. Nunca ocorreu que todos tivessem ao mesmo tempo os mesmos problemas. Em primeiro plano foram discutidos os acertos e erros que a pandemia nos trouxe com relação a politização e cientificação da crise. Na ansiedade de promover soluções, líderes políticos de todo o mundo tomaram decisões que não foram as mais certas. Por outro lado, a ciência também se viu amarrada com relação a tudo que podia fazer de forma rápida para atenuar o problema. Os problemas são internacionais e tem ocorrido em todos os países. Não tem sido privilégio de nenhum país os desencontros entre sociedade e ciência e entre líderes governamentais e ciências.  Apesar disto tudo, a resposta que pode ser dada foi fantástica e inacreditável. Ter vindo com uma solução para a vacina em tempo recorde demonstrou o poder da ciência para a sobrevivência da humanidade. Lamentavelmente, muitos ainda parecem não acreditar na vacinação e nas consequências que a não vacinação poderá causar para todos.  Um outro ponto de preocupação é a intensificação do distanciamento entre os países. Se já havia uma grande distância entre ricos e pobres, a pandemia serviu para ampliar esta distância. Tão grave é esta situação, que há países onde o futuro pós-pandemia é incerto e imprevisível.
 
Certamente, garantir, como sociedade, aqueles menos vulneráveis deve ser uma obrigação de todos. O Diretor do National Institute of Health – NIH dos EUA, proferiu palestra sobre as lições aprendidas e o quanto teremos que nos preparar para as próximas pandemias que virão. Uma discussão geral sobre os possíveis cenários que poderemos viver nos próximos anos também foi tema de intenso debate. Pode ser que dominemos a doença e que nos próximos 3 anos voltemos ao normal ou pode ser que novas variantes tornem nossa vida ainda pior no futuro próximo. Caso as pessoas continuem a resistir contra a vacinação, há risco do segundo cenário ocorrer.
 
Dentre as preocupações do pós-covid, está a reabilitação física e mental das pessoas. Em especial a perda para a educação infantil é imensa e talvez irrecuperável. A mensagem do Para Francisco para todo o mundo está sendo transcrita abaixo. A academia do Vaticano, com seus vários membros cientistas estão gerando documentos e trabalhos para ampla divulgação, inclusive dando a Igreja a responsabilidade de colaborar com o esclarecimento da sociedade com relação a este tema. Também há grandes preocupações com os outros problemas  que parecem ter ficado em segundo plano, como é o caso do aquecimento global, que pode ter muito bem a principal causa deste problema.
 
Como diz Bagnato em conversa com este jornalista: “ A guerra ainda não acabou, afrouxar  as trincheiras pode custar caro. É importante voltarmos às atividades de forma consciente e tomando todas as preocupações. Nada de tirar a máscara, mesmo que vacinado. Veja o que está ocorrendo nos EUA, onde parece que tudo está voltando. Além disto, o sentido de fraternidade é fundamental nestes tempos”
 
 
 
Tradução da mensagem: “ Como sabemos, o vírus, ao afetar a saúde das pessoas, também afetou todo o conjunto social, econômico e a parte  espiritual da sociedade, paralisando as relações humanas, trabalho, fabricação, comércio e até mesmo muitas atividades espirituais. Tem um impacto enorme na educação. ... nenhum de nós pode falhar em preocupar-se com o impacto da crise sobre os pobres do mundo. Para muitos deles, a questão é na verdade, um da própria sobrevivência. Junto com a contribuição das ciências, as necessidades dos mais pobres membros de nossa família humana clamam por soluções equitativas por parte dos governos e de todo tomadores de decisão. Os sistemas de saúde, por exemplo, precisam se tornar muito mais inclusivos e acessíveis para os desfavorecidos e aqueles que vivem em países de baixa renda. Se alguém deveria receber preferência, que seja o mais necessitado e o mais vulnerável entre nós. Da mesma forma, quando as vacinas se tornam disponível, o acesso equitativo a eles deve ser garantido independentemente da renda, sempre começando com os menos favorecidos. Os problemas globais que enfrentamos exigem respostas cooperativas e multilaterais ”.
 
Fontes: Pontifícia Acadêmica de Ciência – Vaticano ; Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato - Membro da Pontifícia Acadêmica de Ciência – Vaticano e Diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) - USP e Coordenador do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) - IFSC - USP, e Kleber Jorge Savio Chicrala - Coordenador de Jornalismo Científico do CEPOF - INCT - IFSC - USP 
 
kleberchi

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