quinta, 28 de março de 2024
Direito Sistêmico

A postura sistêmica no julgamento

15 Nov 2019 - 06h50Por (*) Dra. Rafaela Cadeu de Souza
A postura sistêmica no julgamento -

Quando nos colocamos no lugar de julgamento de alguém na área que for, em casa, na escola, em família, nessa posição de julgador, será que nos sentimos como, ou seja, superiores ou inferiores em relação ao que está sendo julgado? Normalmente a pessoa está numa posição inconsciente superior, pois o julgado é naquela situação sempre o pior.

Esse tipo de julgamento seria diferente num Tribunal? A postura sistêmica quando interiorizada, ou seja, ela faz parte da pessoa onde quer que esteja, favorece o olhar ampliado para todas as partes, ou seja, numa situação de iguais, e quando desenvolvemos essa postura, verificamos soluções que antes não existiam. Compreendo que a cultura favorece a posição de vitima, mas caso ela fosse protagonista da sua solução, como seria?

Por exemplo, em brigas por herança dos pais, os irmãos em conflito, julgando um ao outro, um que fez mais que o outro, ou aquele que nunca foi amado, na concepção dele, porque ele não recebeu o amor dos pais da forma que ele desejava, quem é superior e quem é inferior?

No Direito Sistêmico, Dr Sami Storch, Juiz de Direito, precursor no uso das Constelações no Judiciário, e responsável por sua existência no ordenamento jurídico, nos ensina que são dinâmicas ocultas, inconscientes, mas que são responsáveis pela condução de um processo de herança por exemplo.

No caso desses irmãos perceberem que a forma como olham para a herança e para eles mesmos, é determinante, conseguiriam solucionar talvez, processos que estão parados há mais de anos. Nesse momento deixando de culpar o Judiciário, o advogado, os pais, e sim, colocando eles mesmos numa posição de protagonistas da solução.

O advogado é um profissional de ajuda, para a solução, o processo judicial deixou de ser a única opção jurídica de solução de conflitos para a sociedade. Existe atualmente o sistema multiportas no Judiciário, a Justiça Restaurativa, são possibilidades novas, mas que possuem resultados muitos satisfatórios, como o próprio nome menciona: restaura, não é apenas uma questão de solucionar no processo físico, que é um procedimento necessário e de acordo com o ordenamento jurídico, ele permite uma compreensão da razão dos atos cometidos, na área penal por exemplo, e com isso, podem adotar novas atitudes que antes não teriam condições.

Assim, o Direito Sistêmico permite ao Judiciário, aos profissionais jurídicos, às partes e a sociedade uma compreensão, um entendimento, que passa necessariamente pelo “sentir”, quando eu vejo ou sinto, eu entendo, assim tudo pode ficar mais fácil de solucionar. Gratidão, bom feriado a todos !!!!

(*) A autora é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 30ª Subseção de São Carlos.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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