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UFSCar realiza pesquisa inédita sobre sal do Himalaia

Composição e autenticidade do sal são os principais focos do estudo

06 Nov 2017 - 14h30
UFSCar realiza pesquisa inédita sobre sal do Himalaia  -

Um oceano que secou há mais de 200 milhões de anos, na Cordilheira do Himalaia, no continente asiático, originou um sal puro, sem poluição, de cor rosa e com mais de 80 elementos. Essas são algumas características do famoso sal do Himalaia, cada vez mais popular no Brasil. O tema, ainda pouco estudado, tem sido foco de pesquisas do grupo "Modelagem computacional do estado sólido", cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e liderado pela professora Corinne Arrouvel, do Departamento de Física, Química e Matemática (DFQM-So) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

"O mercado do 'sal de luxo' está crescendo no Brasil. O preço do sal de Himalaia pode ser muito alto (até R$ 300 por kg) e muitas dúvidas estão sendo levantadas sobre sua origem, sua cor e os efeitos do consumo sobre a saúde", explica a professora. "A cor rosa vem do ferro oxidado, sem dúvida. Estou querendo comprovar isso de maneira científica", especifica a professora; além do sódio e do cloro, ela já identificou 11 elementos no sal, entre eles, cálcio, magnésio, potássio e ferro.

"Nosso projeto busca identificar a composição do sal e, também, as diferenças-chave entre sais coloridos falsos e sais verdadeiros". Inclusive, um artigo inédito, intitulado "Sais coloridos falsos e verdadeiros: o caso do sal rosa do Himalaia", já foi submetido para publicação em uma revista científica por Arrouvel e sua equipe, que é composta por Vinicius Poppst, aluno do curso de licenciatura em Biologia; Yara Santos, Karen Ouverney dos Santos e Heloisa Cristine Cruz, estudantes da licenciatura em Química; e Ronaldo Pinheiro, técnico do DFQM-So, da UFSCar.

Autenticidade

Para garantir a autenticidade do sal do Himalaia, Arrouvel indica que o consumidor pode pedir nas lojas um documento com CNPJ da empresa distribuidora. Em casa, para aferir se o sal é verdadeiro, é possível realizar processos de filtração, decantação ou testes com ácidos e bases, procedimentos descritos em detalhes no artigo. "O sal do Himalaia não reage a soluções ácidas e básicas. O falsificado pode mudar até de cor", compara a pesquisadora. No teste de filtragem, no qual uma solução de sal com água passa por um filtro de papel, a mistura sai limpa, se o sal for verdadeiro. Já no processo de decantação, uma mistura de sal com água deve descansar, no mínimo, duas horas. Depois da decantação, a água fica clara (e não colorida). Caso fique colorida, é indício de sal falsificado.

Além disso, de acordo com Arrouvel, "a fórmula do sal comum é NaCl (cloreto de sódio) com iodo adicionado. Não há os minerais na composição do sal refinado. Já o sal do Himalaia contém oligoelementos e minerais bons para a saúde". Mas a professora faz um alerta: "O problema é que o brasileiro consome sal demais". Para ela, a popularidade do sal do Himalaia é fruto de ações em marketing, uma vez que existem outros sais da mesma categoria como, por exemplo, o sal rosa do Peru.

Futuramente, a pesquisadora da UFSCar busca obter financiamento para valorizar o trabalho em encontros nacionais com a equipe; para poder estudar outros sais por meio de análises químicas, com equipamentos de melhor exatidão; e também para desenvolver colaborações internacionais. "Tenho uma colaboração em andamento na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima. Com isso, poderei obter o sal rosa do Peru e comparar os minerais presentes nesse sal com os minerais do sal de Himalaia", conclui Arrouvel.

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