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UFSCar licencia produto cerâmico desenvolvido na Universidade

Tecnologia se refere a um fundente descolorante de massas cerâmicas vermelhas

30 Ago 2015 - 07h31Por Redação
Patente foi desenvolvida no DEMa da UFSCar. Foto: Paula Penedo - Patente foi desenvolvida no DEMa da UFSCar. Foto: Paula Penedo -

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), por intermédio de sua Agência de Inovação, firmou recentemente mais um contrato de licenciamento visando disponibilizar uma tecnologia desenvolvida dentro da Instituição para a sociedade. Desta vez o licenciamento está acontecendo com a empresa Innovare Inteligência em Cerâmica, de São Carlos, que atua no desenvolvimento de materiais e soluções por meio de P,D&I, visando a geração de valores para o setor cerâmico. A empresa está no mercado deste 2011.

A tecnologia da UFSCar se refere a um fundente descolorante de massas cerâmicas vermelhas, criado pelo professor Márcio Morelli e pela ex-aluna de doutorado Geocris Rodrigues, ambos do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa), e se refere a um processo que incorpora o vidro soda-cal, utilizado na fabricação de janelas e garrafas, como fundente em massas cerâmicas de cor de queima avermelhada. Por meio do contato com uma das inventoras e antiga sócia, a empresa deu início ao trabalho de aprimoramento e testes industriais.

Os produtos cerâmicos com baixa absorção de água, como os porcelanatos, são muito utilizados na construção civil devido à sua alta durabilidade, mas a coloração avermelhada, decorrente do uso de matérias primas com alto teor de ferro, os transforma em um produto menos nobre. No caso dos fundentes, que são substâncias que agem aumentando a fusibilidade de corpos cerâmicos, acabam diminuindo a porosidade do produto e, dessa forma, elevando sua densidade e resistência. Já no fundente descolorante, a fusibilidade é maior quando comparada aos fundentes naturais e, consequentemente, a eliminação da porosidade se torna mais acelerada e em menor tempo e temperatura de queima.

O uso do fundente como clareador resultou de pesquisas anteriores do professor Márcio Morelli, que utilizava o produto como sinterizador para melhorar as características de uma cerâmica com propriedades técnicas inferiores. Observando que, ao retirar a peça do forno, as reações a tornavam clara, Morelli propôs a realização de uma pesquisa de doutorado à Geocris para tentar compreender de que forma o ferro se encontrava dentro do material permitindo que sua cor se alterasse.

O fundente utilizado encontra-se em uma fase vítrea pré-sinterizada, composto por elevados teores de óxidos de silício, cálcio e sódio, que são os responsáveis por promover as reações de sinterização, formando uma nova fase cristalina. De acordo com a Dra. Geocris Rodrigues, "ao formar esse novo composto, o ferro da fase anterior é absorvido, inibindo a sua cor avermelhada. O elemento continua lá, mas em outro tipo de estrutura, que modifica completamente a sua cor". Além disso, o produto também pode ser utilizado como substituto parcial do feldspato em massas cerâmicas com baixos valores de absorção de água, já que sua fase pré-sinterizada proporciona baixa temperatura de queima, resultando em sinterização mais efetiva.

Segundo o diretor executivo da empresa licenciante Innovare, Dr. Marcelo Dezena Cabrelon, a empresa, que não possui nenhum produto similar, busca, com o licenciamento desta invenção entrar definitivamente no mercado, apresentando um produto de inovação radical com grande gama de aplicações, características constantes da Innovare. Além disso, este produto é a base para desenvolvimentos futuros que possibilitarão sua consolidação econômica, já possuindo segmentos interessados e diretamente ligados ao setor da construção civil. Por se tratar de um produto novo, a pesquisadora Geocris Rodrigues explica que não existe atualmente nenhum produto no mercado com características de porcelanato, e que apresente a mesma resistência mecânica, porosidade baixíssima e clareamento completo, com a cor bem próxima de um porcelanato, aumentando seu valor agregado.

O diretor acredita que a comercialização vai trazer benefícios além da esfera econômica, que é sempre um dos alvos da competitividade empresarial. "Ela será a porta de entrada da empresa no setor cerâmico, bem como o estreitamento entre a academia e a indústria. Assim, poderemos convalidar o modelo de negócio proposto pela Innovare que baseia-se na inovação aberta", finalizou.

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