
Uma pequena semente lançada no solo do interior do Estado de São Paulo, mais precisamente em São Carlos, tornou possível uma iniciativa se espalhar Brasil afora. Ao completar 10 anos em terras brasileiras, o festival que brinda a ciência, conhecido como Pint of Science, continua a florescer em cada uma das 169 cidades que participarão da iniciativa nas noites de 19, 20 e 21 de maio.
Trazido da Inglaterra ao Brasil pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, a proposta ganha terreno ano a ano com a ideia de levar cientistas para conversarem diretamente com as pessoas de suas comunidades em ambientes descontraídos como bares, restaurantes, cafés e praças públicas. Hoje, uma rede de colaboração nacional com mais de dois mil voluntários está mobilizada para trazer ao palco a pesquisa científica que nasce e cresce em cada região brasileira.
Dez anos depois, o cenário atual na ciência mundial é bastante diferente, mas os desafios persistem. “Estamos passando por um momento de muitas transformações no mundo. Além das acentuadas mudanças no clima, na temperatura e na vida no planeta, está se alterando também a forma como compreendemos o que é política, qual a ordem global do mundo, e temos nos questionado mais e mais sobre como funciona a ciência, a educação e as nossas universidades”, explica o coordenador nacional do Pint of Science Brasil, Eduardo Bessa, professor da Universidade de Brasília (UnB).
Não é à toa que o tema escolhido para o festival deste ano é exatamente “Tempo de mudanças”. Biólogo e mestre em zoologia pela USP, Bessa é doutor em biologia animal pela Unesp. Durante toda a carreira se dedicou ao estudo do comportamento animal e, desde 2016, é professor na UnB.
Segundo ele, estamos sentindo o impacto das mudanças climáticas no nosso presente, enquanto antes era um assunto que remetia apenas a um futuro longínquo: “Por muito tempo predominou aquele discurso de que a gente precisava fazer alguma coisa a respeito das mudanças climáticas porque senão, no futuro, não teríamos os ursos polares e afetaríamos a vida dos nossos bisnetos. Mas ninguém fez nada a respeito, talvez porque o futuro não fosse uma preocupação. O problema é que, agora, a gente está sentindo na pele o que imaginávamos que aconteceria com os ursos polares e com os nossos bisnetos”.
Além de conhecer as pessoas que têm dedicado a vida a investigar todas essas mudanças que vêm acontecendo no nosso mundo, o público das 169 cidades em que ocorrerá o Pint of Science Brasil também poderá compreender como funciona o processo de criação de novos conhecimentos científicos. A proposta dos bate-papos com os cientistas é explicar, de um jeito descomplicado e atraente, como surgem as evidências científicas, para que as pessoas possam diferenciá-las das opiniões.
Como participar
A programação do evento nas 169 cidades será disponibilizada em breve no site do evento: https://pintofscience.com.br. Gratuito e aberto a todas as pessoas interessadas, o festival não demanda inscrições prévias. Para participar, basta conferir as cidades em que a iniciativa ocorrerá e comparecer aos locais divulgados no site.
Caso sua cidade ainda não faça parte do Pint of Science, é possível inscrevê-la para participar da edição de 2026. Para isso, basta ficar de olho no site e nas redes sociais, pois as inscrições são realizadas por meio de formulário que será divulgado no início do segundo semestre.
Festival no mundo
Este ano, o festival internacional Pint of Science acontecerá em 27 países. O Brasil é o país com o maior número de cidades participando da iniciativa, superando até mesmo o Reino Unido, onde o festival nasceu em 2013.
No ranking global, depois do Brasil está a Espanha, onde o Pint of Science será realizado em 75 cidades; seguida pela França, com 61 cidades e pelo Reino Unido, com 42 cidades. “O Pint of Science Brasil continua a ser um marco na divulgação científica, promovendo a troca de conhecimentos e inspirando futuras gerações a se interessarem por ciência e inovação”, finaliza Bessa.