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Projeto da UFSCar desenvolve adaptação de materiais para crianças com paralisia cerebral

Recursos de tecnologia assistiva - que vão desde um simples lápis até programas de computador sofisticados - são adaptados para promover autonomia e desenvolvimento escolar.

14 Nov 2013 - 17h54
Professora Gerusa Ferreira Lourenço (Foto: Caio Rodrigues - CCS/UFSCar) - Professora Gerusa Ferreira Lourenço (Foto: Caio Rodrigues - CCS/UFSCar) -

Tecnologia assistiva é todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, assim, promover vida independente e inclusão. Podemos chamar de tecnologia assistiva desde um simples lápis adaptado para facilitar seu manuseio até programas de computador que permitam a comunicação de pessoas que não se expressam oralmente.

Com foco em crianças com paralisia cerebral, a professora Gerusa Ferreira Lourenço, do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolve projeto que busca avaliar e desenvolver tecnologias assistivas para essa população. O estudo começará por um diagnóstico das crianças com paralisia cerebral nas escolas da rede pública de São Carlos e pela composição de um mapa da Educação Infantil e do Ensino Fundamental para esse público.

Lourenço explica que o projeto é composto por atividades de ensino, pesquisa e extensão e envolve estudantes de graduação e pós-graduação dos cursos de Educação Especial e Terapia Ocupacional da UFSCar. "O nosso grande objetivo é que a criança participe das atividades comuns de seu dia a dia, que seja dona de sua própria vontade e se desenvolva satisfatoriamente. Queremos oferecer respostas para esse problema real, de crianças com dificuldades motoras ou cognitivas. E, para isso, precisamos formar profissionais críticos, que reflitam sobre esses temas e sejam também capazes de produzir soluções. Então, desenvolvemos atividades de extensão para a melhora da qualidade de vida das crianças, ao mesmo tempo em que isso nos gera dados para a pesquisa e contribui para a formação dos nossos estudantes", destaca.

A paralisia cerebral é uma deficiência que não atinge todos os indivíduos da mesma forma. As deficiências motoras - ou cognitivas, em alguns casos - são bastante diferentes e podem prejudicar diversos músculos em diferentes intensidades. Por isso, não basta apenas desenvolver os equipamentos de tecnologia assistiva, é necessário entender as dificuldades e necessidades do indivíduo para escolher os materiais e adaptar o uso e, assim, promover benefícios.

Em sala de aula, os estudantes de graduação aprendem a desenvolver adaptações simples em objetos do dia a dia, como lápis, pratos e escovas de dente. A partir dessas atividades, é feita a reflexão sobre as necessidades específicas e formas de melhorar a realização das atividades comuns pelas pessoas com deficiência. Nos trabalhos de extensão, o contato com as crianças e os profissionais que já as atendem coloca em prática esse primeiro aprendizado, e proporciona outros durante a experiência. Além disso, esses trabalhos contribuem também para a formação dos profissionais da rede pública, que têm contato com o que é produzido na Universidade. Concomitantemente, desenvolvem-se pesquisas, utilizando os dados, principalmente qualitativos, sobre as atividades realizadas e as respostas das crianças às intervenções.

Dados do Ministério da Educação (MEC) indicam que existem, no Brasil, cerca de 28 mil escolas equipadas com salas de recursos multifuncionais - espaços destinados ao atendimento especializado de crianças com deficiências, com recursos de tecnologia assistiva. Lourenço explica que o MEC tem investido bastante nesse atendimento especializado na rede pública de educação, principalmente por meio de programa de implantação de serviços de apoio. O grande desafio é utilizar esses recursos da melhor forma. "Um objeto passa a ser uma tecnologia assistiva a partir do momento em que há interação com a pessoa com deficiência e a promoção da autonomia. Trabalhamos com a interdisciplinaridade, pois acreditamos que todos os profissionais precisam pensar sobre o tema. Se tivermos educadores, psicólogos, engenheiros, arquitetos, terapeutas ocupacionais, enfim, uma variedade de profissionais trabalhando em conjunto, os resultados serão muito melhores. E a universidade é o lugar ideal para que isso aconteça. Queremos ainda pesquisadores de outras áreas com as quais ainda não trabalhamos desenvolvendo projetos conosco", relata Gerusa Lourenço, que integra o Observatório Nacional de Educação Especial (www.oneesp.ufscar.br), rede coordenada pela docente Eniceia Mendes, do Departamento de Psicologia da UFSCar.

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