quarta, 24 de abril de 2024
Cuidados com a saúde

Programa que atende vítimas de abuso está sem médica ginecologista

12 Dez 2019 - 07h04Por Marcos Escrivani
Programa que atende vítimas de abuso está sem médica ginecologista - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Desde abril deste ano o Pavas (Programa Municipal de Atendimento à Vitimas de Abuso Sexual) está sem médica ginecologista para atendimento as mulheres e meninas vítimas de abusos sexuais. Quem faz a denúncia pública é o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, órgão de defesa e de fiscalização das políticas para as mulheres no município.

Segundo Raquel Auxiliadora, presidente do Conselho, é fundamental a presença de uma médica mulher no atendimento as vítimas de violência sexual, além dos profissionais que já atendem no Pavas, como psicólogos/as e enfermagem. A violência sexual implica em cuidados de saúde, como as profilaxias a doenças sexualmente transmissíveis.

“O Pavas é um serviço de referência no município, desde 2005, presta um ótimo serviço de proteção à vida de meninas e mulheres, precisamos que ele continue a prestar esse trabalho de referência com a presença da profissional médica”, ressalta Raquel.

O Conselho enviou a nota para a Secretaria Municipal de Saúde, Câmara Municipal, Conselho Municipal de Saúde, Conselho Municipal da Comunidade Negra, Defensoria Pública, Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes e Conselho Tutelar.

NOTA PÚBLICA SOBRE O PAVAS

PROGRAMA DE ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL

O Programa de Atendimento às Vítimas de Abuso Sexual (PAVAS) é um serviço do SUS, da Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos, referência especializada no atendimento de meninas e mulheres que sofrem violência sexual.

Em funcionamento desde 2005, o PAVAS, localizado no CEME (Centro Municipal de Especialidades), presta atendimento emergencial, profilático e de preservação da vida, sendo classificado como um serviço de alta e média complexidade na atenção à saúde.

Além disso, constitui-se como importante componente e articulador da Rede de Atendimento às Meninas e Mulheres de São Carlos.

O PAVAS constitui-se por equipe interprofissional especializada e capacitada para o cuidado integral às mulheres, composta por enfermagem, psicóloga(o) e médica ginecologista.

É com grande perplexidade que o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) recebe a notícia que desde abril de 2019 esse serviço está sem a profissional médica ginecologista, devido a demissão da antiga profissional.

A violência sexual é uma das formas mais graves e cruéis da violência de gênero, e atinge meninas e mulheres independente de classe, raça e escolaridade. É reconhecida por órgãos mundiais e nacionais como um grave problema de saúde pública, de vulnerabilidade e risco à saúde física e psíquica da vítima, e portanto, de extrema relevância no combate e enfrentamento de suas necessidades de saúde.

Faz-se emergente que a equipe do PAVAS se reestruture e esteja completa no atendimento especializado às mulheres de São Carlos, em local protegido, sigiloso e qualificado, evitando assim a revitimização e a exposição a riscos e agravos. Para isso, necessita de uma ginecologista mulher em sua equipe.

Sendo assim, este conselho vem solicitar com urgência um posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde em relação à contratação efetiva da profissional médica, bem como, as demais ações para a garantia de um atendimento de qualidade as meninas e mulheres vítimas de violência sexual.  

Conselho Municipal dos Diretos da Mulher

DIFICULDADES EM RECOMPOR A GRADE

O São Carlos Agora ouviu na manhã desta quinta-feira, 12, o secretário municipal de saúde Marcos Palermo que reconheceu a falta de uma médica ginecologista e que o município tem dificuldades para recompor a grade da rede.

“A dificuldade em recompor a grade de médicos da rede é imensurável. Porém quanto a questão do Pavas temos dois psicólogos e uma equipe de enfermagem que fazem o atendimento com a cobertura de uma médica que trabalha meio período para dar assistência aos pacientes”, disse. “Houve concurso público e vieram três ginecologistas, sendo um da rede que foi para uma unidade de saúde da família e outro desistiu. Uma ginecologista foi para a rede porque é uma questão optativa do concursado, que escolhe o local de trabalho”, explicou.

“Tem um novo concurso aberto e vamos tentar trazer este profissional para recompor a grade. Lembrando a importância do Pavas, citado pelo Conselho da Mulher e iremos tentar regularizar de todas as formas. Mas isso dentro de uma razoabilidade para dar atendimento a toda extensão da rede”, finalizou.

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