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Programa contra a violência de São Carlos será padrão para escolas brasileiras

03 Dez 2009 - 10h15Por Redação São Carlos Agora

Um programa pioneiro desenvolvido nas escolas municipais de São Carlos pelo Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (Laprev) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tornou-se referência para o Programa Escola que Protege, do Ministério da Educação. Ele estará presente em 20 escolas paulistas em 2010, incluindo unidades da capital. Também fez parte das referências do edital do Ministério para a contratação de profissionais em outros estados brasileiros.

O programa vai capacitar mil professores e profissionais da rede de proteção das escolas estaduais e municipais selecionadas pelo Ministério a partir dos dados sobre fatores de riscos dessas localidades. São Carlos também participa do programa como cidade pioneira, apesar dos baixos índices de vulnerabilidade do município.

Rachel de Faria Brino, pesquisadora do Laprev, explica que o programa surgiu a partir da sua tese de doutorado, que também resultou na publicação do livro “A escola como agente de prevenção do abuso sexual infantil”, com coautoria de Lucia Williams. Nos últimos três anos, o programa já orientou 300 profissionais da rede municipal de ensino de São Carlos.

Agora, o programa vai ser ampliado e deve contar com a participação de professores, psicólogos, assistentes sociais e profissionais do Judiciário dos municípios selecionados. “O objetivo é fortalecer a rede de proteção local com o Laprev servindo de consultor para casos específicos”, explica Rachel.

A pesquisadora constatou nas pesquisas que as crianças estão sofrendo violências cada vez mais cedo. “Por isso a importância de capacitar os profissionais que trabalham com essas crianças”, avalia. A capacitação é realizada em seis encontros de dez horas, durante seis meses. O trabalho começa com a sensibilização dos participantes para admitir a existência da violência. “Queremos que eles entendam a necessidade de se envolver. O professor é responsável pela atenção integral à criança. Não é apenas um profissional que transmite conteúdo”, comenta.

A capacitação orienta ainda para os possíveis sinais de violência na criança e na família. Os participantes também discutem a legislação sobre o assunto para os devidos encaminhamentos. A pesquisadora revela que a idéia é estender a iniciativa ao Programa Saúde da Família (PSF). “Queremos chegar ao agente comunitário que está dentro das casas das famílias e pode perceber eventuais sinais de violência”, diz.

Pesquisa realizada pelo Laprev no ano passado solicitou aos professores de São Carlos a identificação, segundo suas próprias percepções, dos casos de violência contra crianças. A partir desses dados, o levantamento mostrou que sete crianças em cada 100 sofrem violência. “Possivelmente os dados oficiais são inferiores diante das dificuldades de denúncia”, afirma Rachel.

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