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Pesquisadores da USP São Carlos utilizam laser infravermelho para ajudar a reduzir o acúmulo de gordura no fígado

28 Jan 2018 - 09h14Por Redação
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

O uso de laser infravermelho, associado à prática de exercícios físicos e educação nutricional, ajuda a reduzir o nível de Esteatose Hepática Não-Alcoólica - acúmulo de gordura no fígado. A diminuição foi constatada por pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), durante estudo que envolveu vinte voluntários obesos do sexo masculino, com idades entre 20 e 40 anos.

O Dr. Antonio Eduardo de Aquino Júnior, pós-doutorando do IFSC e um dos autores do estudo, explica que, quando se ingere mais calorias do que se pode gastar, o corpo não as elimina, sendo então forçado a alojá-las dentro de células de gordura. No entanto, quando a capacidade de alojar essas calorias extras ultrapassa o limite celular, o corpo passa a estocar esse excesso de outra forma, para não desperdiçar energia. Todo esse acúmulo se concentra no fígado, em forma de triglicerídeos, proporcionando um fenômeno conhecido como citotoxicidade. Quando o órgão armazena muitos triglicerídeos, surge a esteatose hepática não-alcoólica, complicação que pode gerar câncer.

"É uma forma não apenas de você proteger o paciente contra a obesidade, mas também de impedir que em longo prazo ele possa ter câncer de fígado", explica o Dr. Aquino ao se referir à sua pesquisa, na qual, inicialmente, os voluntários receberam informações nutricionais. A ingestão de bebidas alcoólicas, por exemplo, foi evitada durante a participação no estudo, em que, durante dois meses, três vezes por semana, parte dos voluntários realizou uma hora de exercícios aeróbicos e resistidos (musculação), recebendo, em seguida, dez minutos de aplicação de luz instalada em quatro placas com 16 emissores de lasers (cada), que foram colocadas sob o abdômen, quadríceps, glúteos e bíceps, estimulando o gasto de energia acumulada. Outros voluntários não receberam aplicação da terapia com luz.

Segundo Antonio Aquino, o diferencial deste projeto foi a análise do que ele chama de TGP, TGO e GGT - três enzimas hepáticas responsáveis pelo metabolismo de várias ações do fígado. Os cientistas notaram que a ação do laser, conjugada à prática de exercícios e educação nutricional, foi "extremamente" benéfica, porque, ao estudar as enzimas, observaram que nos homens que realizaram o tratamento com uso de luz houve uma redução de 80-90% a mais dessas enzimas, em relação aos voluntários que fizeram apenas os exercícios e participaram da educação nutricional.

Aquino comenta, também, que se observou algo nunca relatado na literatura científica: a relação entre redução da gordura visceral (localizada próxima à região da barriga) e a redução das enzimas hepáticas, na alteração da esteatose hepática não-alcoólica. Ou seja: "Quanto menor a gordura visceral, menor serão as enzimas hepáticas", diz o especialista, acrescentando que, hoje, a análise de esteatose hepática não-alcoólica é feita através de exame de sangue ou ultrassom.

Além da gordura visceral, outros parâmetros, como peso corporal, gordura total do corpo, colesterol e Lipoproteína de baixa densidade (LDL), os triglicerídeos também foram reduzidos, conforme os pesquisadores notaram durante o tratamento.

Um dos objetivos do projeto, de acordo com Aquino, é fornecer à comunidade médica uma tecnologia que proporcione aos pacientes um tratamento alternativo para combater a obesidade, cujas soluções atuais se baseiam na adoção de um estilo de vida saudável, uso de medicamentos ou cirurgia. Além disso, a possibilidade de que professores de educação física possam utilizar a tecnologia de Lasers e LEDs é uma realidade confirmada pelo seu Conselho Federal, e desta maneira, podendo ser acessada de forma mais facilitada por todos.

Apoiado pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (Cepof/Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e MMOptics, o estudo foi desenvolvido sob a orientação do Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP) e em parceria com as pesquisadoras do IFSCm Fernanda Mansano Carbinatto e Lilian Tan Moriyama.

Neste mês, um artigo referente a esta pesquisa foi publicado no Journal of Obesity & Weight Loss Therapy. (Rui Sintra & Thierry Santos - Assessoria de Comunicação IFSC/USP)

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