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Histórias da USP-São Carlos

Perseverança e coragem para conquistar o IFSC

27 Mar 2019 - 06h59Por Redação
Perseverança e coragem para conquistar o IFSC - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Ingressante no Curso de Física Computacional do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), Mariana de Lourdes Godoy da Silva, 19 anos, não pensou duas vezes ao se inscrever como participante do Show de Talentos do CEFISC, e cantar para o público presente no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas, dia 19 de fevereiro último. Uma entrevista e um mês depois, é possível afirmar que Mariana deu apenas uma amostra de quem era aquela noite: além de muito talentosa, a nova ingressante do IFSC/USP é exemplo de dedicação, persistência e curiosidade, características que a impulsionaram ao curso no nosso Instituto.

Paulistana de nascimento, Mariana cresceu em Patrocínio, cidade do interior de Minas Gerais, onde estudou desde o início do ensino fundamental em uma das melhores escolas públicas da região. “Tive a sorte e oportunidade de estudar em escolas públicas, mas escolas públicas boas. No final do ensino fundamental, passei no processo seletivo do Instituto Federal do Triângulo Mineiro para fazer ensino médio conjugado ao curso técnico em eletrônica. Tudo isso foi possível graças a minha formação”, declara Mariana.

Embora com formação técnica em eletrônica, o interesse pela área de exatas surgiu apenas durante o ensino médio. Segundo Mariana, já quando criança queria trabalhar com educação, como professora, porém na área de ciências humanas. “Nunca me passou pela cabeça ser professora de matemática ou de física. Eu só queria ser professora... Talvez de história ou geografia”, menciona. “Mas, como o meu curso técnico era muito vinculado a automoção, trabalhei muito com programação, linha de montagem, indústrias, e me descobri na área de exatas: acabei juntando tudo aquilo que eu gostava”.

Ainda no ensino médio, Mariana se envolveu em diversas atividades extracurriculares, como programas de voluntariado em ONG’s, ensinando programação para alunos da rede pública, tendo sido, inclusive, monitora de algumas matérias do ensino médio. Entretanto, duas atividades extras foram fundamentais para o futuro da ingressante: a bolsa de Iniciação Científica em Criptografia, concedida pelo CNPq, e o Programa Jovens Embaixadores.

A Iniciação Científica em Criptografia deu-lhe a chance de apresentar o resumo estendido da pesquisa no polo são-carlense da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), algo que introduziu Mariana em nossa cidade. Os cursos oferecidos pelas instituições públicas de ensino em São Carlos – Federal e USP – conquistaram Mariana a fazer o IFSC como primeira opção.

No decorrer do terceiro ano, Mariana ainda recebeu a notícia da aprovação no processo seletivo organizado pela embaixada estadunidense para ingresso no Projeto Jovens Embaixadores. O projeto, que seleciona ao menos um jovem de cada estado do país, consiste no curto intercâmbio de jovens brasileiros em missão diplomática e voluntária para EUA, buscando a criação de projetos voluntários no país de origem. Assim, em janeiro, Mariana concluiu os vestibulares e partiu para o norte do continente americano.

Foi apenas na volta do programa de intercâmbio, em janeiro/fevereiro de 2018, que Mariana descobriu que não tinha sido aprovada na primeira chamada. “Eu fui muito arrojada, porque mesmo sabendo que talvez não passasse, vim para São Carlos de mala e cuia”, brinca Mariana, com a aprovação que, infelizmente, não chegou em 2018. “Todos os cursinhos são privados em Patrocínio. Em São Carlos eu teria a oportunidade de fazer o cursinho popular da UFSCar, morar perto dos meus objetivos, trabalhar; além disso, seria um ótimo local para iniciar o projeto de voluntariado que trouxe dos EUA. Não foi uma decisão difícil”, conclui.

Já em São Carlos, Mariana cursou o primeiro semestre do cursinho popular da UFSCar e logo no meio do ano foi aprovada no curso de Tecnólogo de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo. Embora abraçado pela estudante, o curso não motivou a desistência dos vestibulares de fim de ano e, no início de 2019, Mariana foi recompensada com a aprovação em Física Computacional no IFSC-USP, pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU).

Sobre as atividades extracurriculares, Mariana menciona o interesse em entrar para algumas das instituições do Campus. “Eu tenho muito interesse em participar da Companhia de Dança do Caaso ou até mesmo da Atlética – principalmente integrar o time de vôlei. Quando eu era menor jogava regularmente, mas por alguns problemas de horário, distância, e ainda uma lesão no joelho, resolvi parar. Seria muito legal voltar a praticar algum esporte!”, declara Mariana, animada. “Em relação a grupos de estudo, ainda estou procurando algum que trate sobre política, mas tenho muita vontade de participar também do FilosoFísica, um grupo aqui do IFSC/USP que analisa todo o contexto social e histórico por trás das teorias de grandes físicos”.

Aos colegas calouros, Mariana destaca, em mensagem, a importância de viver o momento e curtir as conquistas já alcançadas. “Foi muito difícil entrar. Todos sentiram a pressão e o esforço necessários para conquistarmos o nosso lugar dentro da universidade, mas esse ano é nosso! Aos novos desafios, cada um tem o seu tempo: ir mal nesta ou naquela matéria é normal. Não se cobre tanto, porque nem todos tiveram a mesma oportunidade e ninguém é igual. Aproveite, porque você já venceu uma parte dessa caminhada!”, finaliza. (Carolina Falvo e Rui Sintra)

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