quarta, 24 de abril de 2024
Caos na Saúde

Pacientes da hemodiálise fazem protesto para defender empregos de profissionais

22 Ago 2018 - 15h36Por Abner Amiel/Folha São Carlos e Região
Pacientes da hemodiálise fazem protesto para defender empregos de profissionais - Crédito: Abner Amiel/Folha São Carlos e Região Crédito: Abner Amiel/Folha São Carlos e Região

Usuários do serviço de hemodiálise da Santa Casa participaram da sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira, 21, e endossaram apoio aos profissionais do setor nefrologia do hospital. A partir de setembro os serviços de hemodiálise passam a ser administrados pela própria Santa Casa. O hospital não garantiu ajustar cerca de 50 funcionários que trabalham atualmente no setor.

Aproximadamente 30 pessoas, entre profissionais e pacientes, foram ao Legislativo pedir apoio dos vereadores. O futuro de 49 profissionais do setor- nutricionista, assistente social, psicólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e secretárias - está indefinido.

“Queremos saber o que vai acontecer. As enfermeiras nos trata bem, fiz hemodiálise dois anos e três meses, na sequência fiz transplante e voltei há cinco meses e não tenho o que reclamar, não sei o que a Santa Casa quer fazer”, disse o paciente Carlos Alberto Gonzalves, de 47 anos, morador da Vila Morumbi.

Enfermeiras confidenciaram que a Santa Casa não enviou um representante, mas mandou uma carta, via Sedex, no prédio da nefrologia pedindo a desocupação até o dia 3 de setembro.

A empresa privada que realiza o serviço hemodiálise completaria 31 anos de atuação na Santa Casa em novembro. A qualidade do serviço, porém, vem sendo questionada por vereadores. Em maio o vereador Marquinho Amaral (MDB) discursou sobre as mortes no setor chegou a declarar em uma sessão que tinha recebido denúncias que condenavam a condição do serviço.

O parlamentar argumentou que no setor faltavam higiene, remédios e criticou o estado de conservação das máquinas de hemodiálise. No mesmo discurso, falou que o serviço era de má qualidade e que os médicos estavam enriquecendo com o serviço. A Câmara Municipal chegou a sediar uma audiência pública para debater o assunto com a presença dos médicos responsáveis.

Alguns profissionais que estavam na sessão ontem condenaram o discurso do vereador.

“Nos corredores fala-se que somos corja, que não prestamos. Durante todos esses anos a hemodiálise funcionou, salvou vidas, infelizmente perdeu outras vidas, mas prestou serviço à população. Por que agora uma mudança radical?”, questionou uma enfermeira.

“O vereador (Marquinho Amaral) disse que recebeu uma denúncia e foi logo para mídia. Ele não foi conhecer o nosso ambiente de trabalho. Ele falou que as máquinas são sucateadas e que ali era um matadouro, que fede a chiqueiro, sem se importar com vidas de pacientes e dos profissionais que vão perder o emprego”, ressaltou. Os profissionais disseram que estão sofrendo tortura emocional.

Os usuários fazem hemodiálise três vezes por semana em sessões que duram 4h.  Enfermeiras argumentaram que a maioria dos pacientes tem dificuldade para aceitar a doença e o tratamento. Ao aceitarem acabam criando vínculo emocional com os profissionais. A demissão, segundo elas, gera insegurança e pode afetar a saúde dos usuários.

João Neto Carlos de Sousa, de 30 anos, morador do Cidade Aracy, disse que os pacientes já estão testemunhado um ambiente triste durante as sessões.

 “Estamos lutando por melhorarias, não para demiti-las, e o usuário merece saber o que está acontecendo. Estamos fazendo o tratamento desanimado porque estamos vendo a situação dos funcionários, uns choram porque vão perder emprego, outros têm filhos doentes e comove a gente”.

O vereador Maquinho Amaral disse ontem que vai ligar para o provedor da Santa Casa, Antonio Valério de Morillas Jr, para marcar uma reunião que visa encontrar uma solução para o caso.  Os funcionários da nefrologia vão ser convidados.

SANTA CASA

Em um comunicado no início deste mês, a Santa Casa informou que a partir de setembro, os serviços de Hemodiálise passam a ser administrados pela própria Santa Casa, no mesmo local e com equipe de profissionais própria.

Segundo a nota, a Santa Casa visa com esta iniciativa, proporcionar tranquilidade aos pacientes e familiares que utilizam os serviços. Informa ainda que os mesmos continuarão funcionando normalmente e que processos de melhoria serão constantemente implantados.

Segundo a Santa Casa, para oferecer os serviços é necessário o credenciamento do serviço de Nefrologia junto ao Ministério da Saúde e a Santa Casa é a única Instituição autorizada em São Carlos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

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