quinta, 25 de abril de 2024
Perseverança em um objetivo

Na USP de São Carlos: O estudo transforma as pessoas

23 Mai 2018 - 15h58Por Redação
“Depois de ter conhecido o IFSC, através da EFC, não hesitei: lancei-me nos braços do Instituto de Física de São Carlos - Crédito: Divulgação“Depois de ter conhecido o IFSC, através da EFC, não hesitei: lancei-me nos braços do Instituto de Física de São Carlos - Crédito: Divulgação

Entrar para uma universidade e sair dela vitorioso(a) é um desafio e marca sempre uma etapa importante na vida de qualquer jovem, já que é aí, no templo do saber, que ele(a) tem que lutar para atingir seus objetivos, para tornar seus sonhos em realidade.

É inegável que são inúmeras as dificuldades que os jovens alunos enfrentam durante o início de sua vida escolar, principalmente quando estruturas e políticas educacionais se apresentam deficitárias para facilitar o caminho dos jovens estudantes rumo a uma universidade, rumo a uma perspectiva de vida profissional mais consistente.

O exemplo que mostramos nesta matéria constitui uma prova inegável de que, apesar das dificuldades, dos obstáculos, quando um aluno de escola pública quer atingir seus objetivos, ele consegue, sim.

Foco, determinação, sacrifício, muito estudo e vontade de vencer são alguns dos ingredientes necessários para que um aluno consiga chegar onde quer e se transforme em um profissional altamente qualificado, cujas habilidades podem ser disputadas não só no país, como no exterior.

Raquel Gama Lima Costa (21) é atualmente aluna do 4º ano do Curso de Bacharelado em Física, no IFSC/USP, e é para todos os efeitos o primeiro exemplo daquilo que acabamos de afirmar acima. Nascida em Minas Gerais, na cidade de Governador Valadares, fez seu ensino fundamental em escola pública de bairro, estabelecimento de ensino que tinha (e ainda tem) todas as limitações que, infelizmente, pautam a maior parte das escolas no nosso país: contudo, apesar das deficiências estruturais, Raquel considera sua escola como “boa”. A jovem não precisou de muito esforço para compreender e lidar com as ciências exatas no ensino fundamental, principalmente com matemática.

Na 5ª Série descobriu a Olimpíada Brasileira de Matemática e tentou vencer esse obstáculo, mas não conseguiu chegar lá. Embora muito nova, refletiu sobre esse “insucesso”, investigou o que tinha errado e tentou novamente no ano seguinte: resultado – uma medalha de bronze. E não parou por aí. Já na 7ª Série conquistou nova medalha de bronze na competição e na 8ª Série levou uma de prata para casa. A matemática começou a ser para a jovem uma espécie de companheira de todos os dias, algo que começou a fazer parte integrante de sua vida: quanto às olimpíadas do conhecimento, começaram a mostrar a ela um mundo diferente, já que além do prazer em ganhar medalhas, as olimpíadas facultaram à jovem uma relação com muitas pessoas, entre alunos, professores e pesquisadores, além do prazer e da descoberta de fazer inúmeras viagens por um país (o seu) até aí desconhecido para ela. “Tenho muito boas recordações dos ensinos fundamental e médio, principalmente do ensino médio, já que foi aí que me descobri por completo, foi aí que eu soube que queria estar relacionada intimamente com algo que fizesse parte de Ciência, principalmente nas áreas de Física e Química”, sublinha Raquel.

E a paixão por participar em olimpíadas, sua luta para ser “algo”, se estendeu inexoravelmente pelo ensino médio, com participações em diversas olimpíadas do conhecimento – Física, Química, Matemática, Astronomia, etc. -, até que, subitamente, lá em Governador Valadares, a jovem ouviu falar de uma iniciativa que prendeu sua atenção: A Escola de Física Contemporânea (EFC), evento organizado pelo nosso Instituto de Física de São Carlos. Candidatou-se e foi selecionada para a edição de 2014, onde, durante oito dias, em regime de internato, mergulhou a fundo na temática, trabalhou exaustivamente nos laboratórios junto com seus colegas, trocou ideias e sanou suas dúvidas com pesquisadores e docentes da USP: “A Escola de Física Contemporânea teve a particularidade de despertar em mim o interesse e a paixão pelas áreas aplicadas. Ou seja, me proporcionou “meter as mãos na massa”, sentir que a teoria faz todo o sentido quando aplicada na prática, na bancada do laboratório. Foi um divisor de águas na minha vida. Não esqueço o quanto os professores do IFSC foram fundamentais para a minha compreensão, quanto foram importantes para o meu crescimento enquanto estudante, quanto as disciplinas e as temáticas abordadas foram preponderantes para essa abertura do mundo da ciência para mim, um mundo que apenas fazia parte do meu imaginário”, recorda a jovem aluna.

Embora sua decisão de fazer Física remontasse ao 3º ano do Ensino Médio, Raquel confessa que a EFC foi decisiva para sua escolha definitiva: “Depois de ter conhecido o IFSC, através da EFC, não hesitei: lancei-me nos braços do Instituto de Física de São Carlos, em 2015, através do vestibular, um instituto de nível internacional, com uma infraestrutura fantástica e com docentes e pesquisadores de alto nível, sediado em uma cidade muito simpática, embora esteja longe de minha casa cerca de mil quilômetros”.

O CAMINHO NA ACADEMIA

A vida acadêmica de Raquel Costa começou com alguns sobressaltos, independente dela ser uma ótima aluna e pessoa interessada. Raquel confessa que foi bastante difícil acompanhar as disciplinas no 1º ano de graduação devido à complexidade das mesmas: “É muito puxado, difícil, mesmo, porque o ritmo da Graduação é alucinante, difícil. Contudo, se você for perseverante, se estiver apostado a encarar o desafio, se você tem em sua mente que quer atingir o sucesso, as coisas irão fluir e atenuar aquilo que em princípio você pensa que é um pesadelo. Depois de ultrapassar o 1º ano consegui me adaptar e o caminho foi tranquilo até agora, no meu 4º ano de curso. Não esqueço a primeira prova que fiz em Física-1... Tirei 4 e fiquei muito assustada, muito assustada, mesmo, com esse resultado, pois nunca na minha vida escolar tinha tirado uma nota tão baixa. Chorei, gritei, me desesperei, mas consegui reagir e comecei a recuperar rapidamente até chegar à nota 8,5: foi uma verdadeira superação. A partir daí deu tudo certo e estou aí. Foi apenas um percalço que ocorreu em meu período de adaptação à universidade, mas, no fim, até foi bom ter acontecido porque aprendi. Todos os professores me auxiliaram em minha recuperação e isso foi fantástico”, sublinha a jovem.

Raquel vai terminar seu curso no final deste ano e tenciona seguir em frente rumo ao mestrado e doutorado, tendo como outra meta adquirir formação complementar no exterior, por forma a se especializar: “Meu destino é ser pesquisadora, isso é fato, além de poder dar aulas, repassar meus conhecimentos, tal como fazem os professores aqui no IFSC, tendo como exemplo o meu próprio orientador, o Prof. Eduardo Azevedo, que incansavelmente me motiva a seguir em frente”, comenta nossa entrevistada.

A experiência universitária de Raquel Costa dá-lhe a faculdade de poder dar alguns conselhos para aqueles que iniciam agora sua vida acadêmica – os calouros, ou simplesmente os “bixos”: “Para fazer física, você precisa entender como funcionam as coisas, tem que saber e se identificar com alma matter do IFSC e começar a construir seu próprio processo, seu próprio caminho, isto se você ama Física e se deseja que ela faça parte de sua vida profissional. O Curso é difícil?... É sim, sem dúvida nenhuma, mas a dificuldade faz o bom cientista, faz o bom professor, faz o bom profissional e o bom cidadão”. (Rui Sintra – Assessoria de Comunicação IFSC/USP)

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