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Musicalização infantil é projeto de pesquisa, ensino e extensão na UFSCar

03 Jul 2016 - 08h02Por Redação
Ilza Zenker leme Joly é a coordenadora do projeto de Musicalização Infantil. Foto: Letícia Longo - Ilza Zenker leme Joly é a coordenadora do projeto de Musicalização Infantil. Foto: Letícia Longo -

Compreender e valorizar as relações humanas a partir da convivência musical é a proposta do programa de pesquisa "Processos educativos e práticas sociais em diferentes ambientes escolares", coordenado pela professora Ilza Zenker Leme Joly, do Departamento de Artes e Comunicação (DAC) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Alunos de graduação, mestrado e doutorado fazem parte do grupo que estuda as relações musicais que acontecem em atividades de educação musical em diferentes ambientes e espaços da comunidade. "Para tanto desenvolvemos projetos com bebês e suas famílias, em espaços de convivência de idosos, escolas públicas, ambientes de orquestra e grupos musicais comunitários", explica Ilza.

Neste semestre o grupo focou a atenção para um dos projetos do programa, o Musicalização na Infância. Além de ser um projeto de ensino e pesquisa, é uma iniciativa de extensão, recebendo, na UFSCar, bebês e crianças de até quatro anos e seus familiares para aulas de musicalização. "Todas as atividades são desenvolvidas com papéis diferenciados, mas todos cantam e dançam. O objetivo é o desenvolvimento cognitivo, motor e o estreitamento das relações afetivas entre pais e filhos ou entre esses e seus familiares", conta Ilza.

O projeto existe há doze anos. Centenas de pessoas participaram dele como alunos e como professores. A docente Mey de Abreu Van Munster, do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana da UFSCar, foi uma delas. Juntamente com seu filho, teve a oportunidade de participar do programa de musicalização infantil por sete anos. "Começamos a frequentar o projeto quando ele tinha oito meses. Além do ambiente lúdico e descontraído, foi uma oportunidade de fortalecer os vínculos familiares e favorecer a interação com outras crianças e pais. Como mãe, fico satisfeita em perceber que a música faz parte da vida de meu filho. Os estímulos e conceitos desenvolvidos ali também me inspiraram, como profissional, a desenvolver o trabalho de natação para bebês com necessidades especiais", conta Mey.

Ilza comenta que as crianças aprendem tudo e estão construindo suas relações cognitivas e motoras. "A música vem como conhecimento de mundo, fazendo parte de tudo o que ela está aprendendo, auxiliando-a no desenvolvimento da fala, no raciocínio, na construção de sua identidade, no autoconhecimento, a lidar com seus sentimentos e, principalmente, como expressão artística. Enfim, ela é parte inerente deste desenvolvimento da gente como pessoa, para se comunicar e se entender", relata.

Mais do que aprender música, o projeto de musicalização ensina aos pais a compreender a importância do processo musical. "Eles passam a valoriza mais a questão da educação musical como desenvolvimento de seus filhos do que como aprendizado de instrumentos musicais", conta a professora.

A docente ressalta também a importância do projeto para os estudantes do curso de Música que ministram a atividade com as crianças e seus familiares. Ela conta que os universitários vão se revezando no ensinar, apoiar e supervisionar o processo todo da atividade e, ao final de dois anos, têm uma experiência completa e real do ensinar. "Este aluno constrói um repertório enorme de música, roteiro, material e método, instrumentos e brinquedos. É uma experiência real e eles saem muito bons e com ofertas de trabalhos significativas", reconhece.

Mariane Cristina Souza de Oliveira foi aluna de graduação do curso de Música da UFSCar e participou por quatro anos do projeto de Musicalização. Ela supervisionou, planejou e ministrou aulas no projeto. "Foi uma experiência incrível! Aprendi a colocar a pesquisa na prática com bebês a partir de oito meses até adultos, sentindo como é de fato trabalhar com diferentes idades", conta. Hoje Mariane é professora de Artes no Sesi e dá aulas para adolescentes. Também é aluna de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) na UFSCar, e o foco da pesquisa dela é Musicalização infantil.

O projeto de Musicalização Infantil, bem como o programa "Processos educativos e práticas sociais em diferentes ambientes escolares" é realizado dentro do processo de educação musical humanizadora, que tem como proposta incluir, respeitar, agregar qualquer indivíduo, independente da idade e do seu saber, considerando todas as possibilidade para que este possa fazer música. "O objetivo é incluir todas as pessoas interessadas em fazer música, independente se sabem tocar ou não algum instrumento, independente da sua idade ou formação, para que a música possa fazer parte da vida delas".

O processo de educação musical humanizadora e a musicalização infantil são temas abordados no livro "Práticas sociais e processos educativos em música - Um olhar para a educação musical humanizadora", organizado por Ilza e por Natália Burigo Severino, também docente do DAC. O livro foi publicado na última semana e já pode ser adquirido no site da Editora CRV, www.editoracrv.com.br. "É o primeiro livro que sai de um conjunto de produções científicas que a gente vem desenvolvendo há 27 anos na UFSCar. São dez capítulos que trazem pesquisa com bebês, roda de choro, coral, população indígena, educação musical na escola, dentre outros, e todos no âmbito da educação musical humanizadora", completa Ilza.

As aulas de musicalização infantil são gratuitas e abertas para qualquer criança de zero a quatro anos e seus familiares. Acontecem de segunda e quarta-feira às 18 horas, no Laboratório de Musicalização, localizado na área Sul do Campus São Carlos. É necessário se inscrever a cada semestre. Para o segundo semestre deste ano, as inscrições serão abertas em agosto. Os interessados podem entrar em contato pelo email musicalizaufscar@gmail.com.

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