
Na última segunda-feira (27), o longa-metragem “As Quatro Estações da Juventude”, dirigido por Essi Rafael e produzido pelo rio-pretense Lucas Pelegrino, ganhou o prêmio WIP Puerto Lab no Festival Internacional de Cinema de Cartagena (FICCI), na Colômbia. Fundado em 1960, o Festival é o evento mais antigo do gênero na América Latina e teve sua 62º edição entre os dias 22 e 27 de março. Além do reconhecimento, o prêmio disponibiliza 15 mil dólares para serem usados na em serviços de finalização do filme com a Cinecolor.
Por mais de uma década, o diretor filmou sua experiência em uma das universidades mais importantes do Brasil, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Através do retrato de uma geração que vai se desiludindo, acompanhamos as esperanças e medos de jovens que enfrentaram uma crise educacional sem precedentes na história do país.
“Estamos há 13 anos fazendo esse filme. Começamos com os recursos próprios do diretor e com a ajuda dos nossos colegas de curso. Foi preciso que a crise educacional no Brasil atingisse seu pior momento, durante o governo Bolsonaro, para que o nosso sonho de fazer Cinema voltasse. Foi quando ganhamos o prêmio do ProAC de Finalização de Longas e começamos a montar as mais de 100 horas de material gravado”, enfatiza Pelegrino.
Ele cita a crise nas universidades públicas que fez com que a própria UFSCar anunciasse que poderia paralisar suas atividades por falta de verbas. De 2013 a 2021, o repasse de recursos à faculdade registrou uma queda de 72,2%. Para o diretor Essi: “De alguma forma, terminar este filme, depois de tanto tempo, tornou-se um ato de fé. Um ato de fé na Educação e no Cinema”.
O filme foi vencedor do edital do ProAC de Finalização de Longas em 2019 e é uma coprodução entre duas produtoras de São José do Rio Preto, a LPB Content e a Taus Audiovisuais. Elas se associaram com a produtora do diretor sul-mato-grossense Casa de Cinema de Aquidauana numa extensa parceria que tem rendido muitos frutos.
Antes do prêmio em Cartagena, o projeto passou por vários eventos e feiras de mercado ao redor do mundo como o DocSp (São Paulo), DocMontevideo (Uruguai) e Visions du Reel (Suíça). Em dezembro do ano passado, o filme foi o único projeto brasileiro a ser selecionado para comparecer presencialmente ao Chile durante o encontro internacional de documentários Conecta.
“Todo esse tempo, as crises e essa jornada épica foram, de uma estranha maneira, fortalecendo o projeto. Além de ter sido uma escola de aprendizagem pra gente sobre como funciona o mercado”, diz o jovem produtor. E complementa, ressaltando a importância do prêmio: “Esse é um prêmio para o nosso interior paulista se orgulhar. Os nossos filmes existem e são reconhecidos nos maiores festivais de Cinema do Brasil e de fora”.