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Lineu repudia decisão de Serra de nomear 2º. na USP

13 Nov 2009 - 18h46Por Redação São Carlos Agora

O presidente da Câmara Municipal, Lineu Navarro (PT) apresentou uma moção de repúdio à decisão do governador José Serra (PSDB), de não empossar o candidato mais votado à Reitoria da Universidade de São Paulo (USP), mas o segundo de uma lista tríplice apontada no processo eleitoral da instituição. A atitude é inédita no período de redemocratização do país e só tem paralelo com o aconteceu durante a ditadura militar.

A nomeação de João Grandino Rodas, em detrimento de Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, que foi o primeiro da lista representa, no entender de Lineu Navarro “uma inquietante demonstração de autoritarismo” do governador paulista.

Oliva foi o mais votado nos dois turnos de votação, obtendo 756 votos na escolha feita pelos membros da Assembléia Universitária, composta pelo Conselho Universitário, pelos Conselhos Centrais e pelas Congregações das Unidades (contra 643 do segundo colocado); e 161 votos dos membros do Conselho Universitário e dos Conselhos Centrais (contra 104 votos do segundo colocado).

Lineu conclamou “os deputados tucanos que se intitulam representantes de São Carlos a se juntar ao movimento de repúdio, buscando um maior compromisso do governo estadual com a universidade, pois a nomeação do reitor, da forma como está ocorrendo, revela distanciamento”.

O presidente da Câmara Municipal afirma que, ainda que o critério de escolha seja definido pela Resolução 3.461, de 07.10.88, “não deixa de ser questionável, do ponto de vista democrático, já que se consuma um flagrante desrespeito à manifesta vontade da maioria dos participantes do processo eleitoral”. “Mais legítimo seria a extensão do direito de voto a toda a comunidade uspiana”, opina.

Desde a vigência do critério que estabelece a lista tríplice, tradicionalmente o primeiro colocado é nomeado pelo Governador, como foram os reitores Roberto Leal Lobo e Silva (1990-1993), Flávio Fava de Moraes (1993-1997), Jacques Marcovitch (1997-2001), Adolpho José Melfi (2001-2005) e Suely Vilela (2005-2009).

A atitude de Serra, conforme ressalta o vereador, “reaviva na memória da comunidade universitária no Estado de São Paulo, a tentativa frustrada de criar uma secretaria especial com a atribuição de ser um instrumento de intervenção nas universidades estaduais”. “Não satisfeito, o chefe do Executivo paulista volta à carga revelando a face autoritária de um político e administrador que opta pela força – ao atropelar um processo eleitoral -  e por uma visão absolutamente unilateral na relação com as universidades”, declara Lineu.

O ato também assemelha Serra a Maluf, pois a última vez em que a tradição de nomear o mais votado na USP foi quebrada ocorreu em 1981, quando o então governador Paulo Maluf optou por Antônio Hélio Vieira, quarto de uma lista sextupla feita na época.

“Com esse tipo de conduta” – assinala – “numa só penada Serra tripudia sobre a comunidade uspiana e desmerece o excepcional currículo do Prof.Dr.Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, um cientista de vasta folha de serviços à ciência brasileira e à USP, na qual – ao postular a reitoria –  lançou-se ao debate de seu plano de trabalho, expôs com clareza suas metas e pontos de vista, que o levaram a ser o mais votado nos dois escrutínios”.

Lineu propõe que cópias da moção – que será votada nesta terça-feira – seja  enviada aos reitores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (UNESP), aos membros do Conselho Universitário da USP e diretores de institutos da USP; aos centros acadêmicos e também aos dirigentes a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).Também deverá ser dada ciência ao presidente da República, aos deputados estaduais de São Paulo e deputados federais da bancada paulista na Câmara dos Deputados, e também às Câmaras Municipais do Estado de São Paulo.

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