Além de ser uma história de superação, uma prova de amor a família e a luta para voltar a fazer parte da sociedade. A coragem de revelar o passado e não ter vergonha. Mais ainda: tentar mostrar que todos podem vencer o vício e tentar ser um exemplo para aqueles que desejam deixar esse lado obscuro e voltar a sorrir e ser feliz.
Esta é a história de Priscila Maria de Lima, 37 anos. Há 10 anos é cuidadora de idosos e formou seu lar com o marido Luciano Bento (aposentado por invalidez) e mãe dos adolescentes Rodrigo (18 anos) e Leonardo (16 anos). A família reside na Vila Jacobucci.
Ex-dependente química (usuária de crack), chegou a ser moradora de rua e se prostituir (garota de programa). Após tentativa de suicídio, contou inicialmente com a ajuda de um policial militar. Neste Dia Internacional da Mulher, o São Carlos Agora entra em cena para uma matéria especial e homenagear todas as mulheres através de uma linda história de superação.
Integrante de uma família numerosa (tem 11 irmãos), Priscila contou inicialmente que teve uma infância e adolescência tranquila. Frequentava a igreja e tinha uma vida regrada. Porém, as mas companhias e a teimosia assumida, fez com que passasse a frequentar bares e se tornar uma alcoólatra. “Lembro que meus amigos me orientavam, bem como meus pais. Mas eu não dava atenção”, disse. “Não pensava em nada”, emendou.
Como a situação em sua casa ficou insustentável e envergonhada, por conta própria optou por sair da sua casa e foi morar na rua. “Passei a dormir em praças, casas em construção. E fazia sexo sem pensar. Por fim, virei garota de programa na GV (Avenida Getúlio Vargas). Acho que fui no fundo do poço, pois usava crack sem pensar”, afirmou.
Sem ter onde morar, sem amigos, sem ver um futuro, Priscila foi radical e comprou uma caixa de calmante e tomou todos os comprimidos. Tentou o suicídio.
Porém, não era sua hora. Foi socorrida pelo Samu à Santa Casa e lá teve que dar esclarecimentos às autoridades policiais porque tentou contra a vida.
Ao pensar que teria um sermão, eis que surgiu a primeira luz: vendo o estado lastimável em que se encontrava, um policial militar passou a dar conselhos, procurar a família e ajuda especializada. “Ele disse para eu pensar em minha família, meus amigos. Aceitei o conselho e procurei meus pais, meus irmãos, minha igreja e meus amigos verdadeiros”, disse. “Consegui largar o vício e a última vez que tive contato com o crack foi em 2011”, disse, orgulhosa.
HOJE PALESTRAS
Hoje Priscila se enche de orgulho ao dizer que dá palestras em clínicas especializadas e que faz marmitas para moradores de rua. Além de frequentar as redes sociais e passar bons conselhos.
“E neste Dia Internacional da Mulher queria mostrar a minha superação e que não é impossível vencer o crack. Esta droga joga nossa dignidade no lixo. A gente passa a pensar na morte. Todos podem conseguir vencer. É uma luta diária. Quem tiver força de vontade, determinação e amor no coração, consegue”, garantiu Priscila. “Este vício é uma doença. É difícil, mas não impossível”, finalizou.