sexta, 19 de abril de 2024
Corrente do Bem

Espaço solidário faz doações para famílias carentes no centro

Uma loja bem montada, com produtos para serem doados, funciona desde janeiro e já beneficiou 500 pessoas

23 Mai 2018 - 12h10Por Marcos Escrivani
Com a tesoura na mão, Edmir com a companheira máquina de costura: agora comanda um projeto social - Crédito: Marcos EscrivaniCom a tesoura na mão, Edmir com a companheira máquina de costura: agora comanda um projeto social - Crédito: Marcos Escrivani

Um espaço solidário bem montado no centro. Com prateleiras e geladeira. O que está exposto, é para ser doado. Mas também recebe doações para que seja feita uma corrente do bem.

Assim é o Projeto 10 “Dar as Mãos”, idealizado pelo comerciante Edmir Bertogna. O espaço é de sua propriedade e deixou de cobrar aluguel – avaliado em aproximadamente R$ 1,3 mil mensais – para fazer com que pessoas carentes sejam atendidas e possam receber gratuitamente roupas, calçados, móveis, alimentos e até aparelhos eletrônicos. Tudo proveniente de doações feitas por pessoas da sociedade são-carlense.

Apesar de se chamar Edmir, gosta ainda do apelido de Robin Hood. Afinal, receber doações de quem tem e doar para quem não tem. “A sua colaboração fará a diferença na vida de outras pessoas”, diz.

O espaço solidário funciona desde o dia 10 de janeiro de 2018 e localiza-se na rua São Sebastião, 2288. Contatos podem ser mantidos também pelo fone 988718191 e funciona de segunda-feira à sexta-feira, das 10h às 13h e das 15h às 19h.

Segundo Edmir o Projeto 10 nasceu após tomar uma decisão. “Tinha muita coisa que não usava e resolvi doar tudo. Comprei prateleiras e uma geladeira e criei este espaço onde tudo é doado. Mas, muitas pessoas vêm até o local apenas para fazer doações”, disse. “Tem uma passagem na Bíblia onde diz que devemos doar a quem pede e não olhar para trás. Acredito que estou cumprindo meu papel e ajudo famílias que integram nossa sociedade”, disse Edmir. “Faço isso por puro humanismo. Sinto que as pessoas aproveitam a oportunidade e buscam doações”, disse. “Temos projetos e decisões. E decide criar este projeto e permanecerei com ele enquanto Deus me der saúde e disposição”, afirmou.

ATENÇÃO E DISCIPLINA

Enquanto a reportagem do São Carlos Agora esteve presente no espaço solidário, várias famílias visitaram o projeto e se beneficiaram com os produtos expostos.

Edmir é detalhista e metódico. Atende uma pessoa por vez e cada uma sai com a peça do vestuário escolhida. “Faço assim, pois desta forma todos são atendidos”.

No espaço há local para que as pessoas sentem e aguardem a vez. Um provador, pois na maioria das vezes sai vestida com a roupa escolhida.

Foi o caso da garota Cindy que foi com a avó e escolheu uma calça e uma blusa novas. Residente no Planalto Verde, passava frio nesta época do ano.

Com a chegada do inverno, o movimento aumentou no espaço. Segundo Edmir, aproximadamente 12 famílias são atendidas diariamente.

“Tenho poucos recursos financeiros e hoje fui presenteada com duas calças e um tênis. Na medida certa. Acho que estavam guardadas para mim”, disse, toda sorridente a cabeleireira aposentada Sandra Helena Ribeiro, 62 anos, residente na rua Machado de Assis, na Lagoa Serena. “Aqui é lindo, maravilhoso. Ele (Edmir) é um anjo e só tenho a agradecer a Deus”, disse, salientando que é soro positiva e diabética. “Tenho problemas de saúde e essas doações irão me ajudar muito”, comentou.

VENDA

Com o intuito de adquirir calças masculinas, Edmir está vendendo duas relíquias ao preço de R$ 500. Duas máquinas de costura antigas em perfeito estado de conservação. Peças para colecionadores.

DOAÇÕES

Edmir informa ainda que o Projeto Dez aceita doações de alimentos, móveis, calçados, roupas, entre outros produtos. Todos serão doados para famílias carentes em uma corrente do bem.

HOMENAGEM

Aos 84 anos, Edmir foi comerciante do ano em 1982. É pai de Redmir (comerciante do ano em 89 e avô de Rick, comerciante do ano em 2018). É costureiro e comerciante há 70 anos.

O Projeto 10 é uma homenagem ao seu filho Rialmir, então com 56 anos, ex-piloto de motocross que faleceu no dia 19 de dezembro de 2017, vítima de um acidente ocorrido no dia 4 do mesmo mês, na Avenida Miguel Petroni, na região da USP, ao colidir sua bike em uma árvore.

“Quando corria em provas de motocross, usava fardamento que levava o nº 10. Era um piloto que fazia shows. Foi uma forma de homenageá-lo”, disse.

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