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Educação

Escola de Física Contemporânea em São Carlos é uma porta para o futuro profissional de jovens alunos do ensino médio

04 Abr 2019 - 14h05Por Redação
Escola de Física Contemporânea em São Carlos é uma porta para o futuro profissional de jovens alunos do ensino médio - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Uma semana inteira em regime de internato (com hotel e alimentação) e em contato diário (das 7h/21h) com cientistas e professores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP). Aulas expositivas e experimentais, palestras sobre temas atuais de física, visitas monitoradas às oficinas e aos laboratórios de ensino e pesquisas do Instituto – que é considerado um dos maiores centros de pesquisa multidisciplinar da América Latina -, além da possibilidade de conhecer indústrias de tecnologia de ponta que nasceram dentro dos laboratórios do IFSC/USP.

Enquanto a maioria dos estudantes do ensino médio aproveita o período para curtir as férias, um vasto lote de alunos talentosos oriundos de todos os estados do país decide mergulhar nos laboratórios do IFSC/USP, decifrar enigmas, lançar e resolver problemáticas, encarar as complexidades propostas pela Ciência. Este é, sucintamente, o desafio lançado aos alunos do ensino médio do país pela Escola de Física Contemporânea (EFC), que desde 2001 é organizada pelo Instituto de Física de São Carlos e que este ano ocorrerá entre os dias 30 de junho e 06 de julho.

A EFC tem sido para muitos alunos a porta de entrada que deu acesso a uma formação superior de grande qualidade não só em Física, como também em muitas outras áreas do conhecimento, transformando-os em quadros altamente qualificados e transportando-os para áreas profissionais de excelência no Brasil e no resto do mundo. Pela EFC já passaram jovens que hoje são cientistas nas mais variadas áreas do conhecimento e que estão ao serviço de instituições públicas e privadas; engenheiros, biólogos, farmacêuticos, químicos, profissionais nas mais diversas áreas da medicina, profissionais da área financeira, físicos, cientistas de dados, cientistas da área petrolífera, nanomedicina, defesa e aeroespacial, isto só para dar alguns exemplos.

A Escola de Física Contemporânea (EFC), criada em 2001 com a designação de Escola Avançada de Física (EAF), nasceu através de uma parceria de sucesso entre o IFSC/USP e a Associação Paulista de Professores de Física (APROFI).

Procurado inicialmente - e nesse mesmo ano - por um representante dessa Associação, com o objetivo de realizar as provas da Olimpíada Paulista de Física, o IFSC/USP foi convidado a realizar a Escola Avançada de Física, seguindo o exemplo de sucesso alcançado pelo ITA com uma iniciativa idêntica, ou seja, uma atividade acadêmica realizada em tempo de férias, voltada para estudantes do Ensino Médio. Foi nesse momento que entrou a figura do Prof. Dr. Luiz Antônio de Oliveira Nunes, docente e pesquisador do IFSC/USP, que entusiasticamente se disponibilizou totalmente em coordenar esse evento, com o apoio dos então diretor e vice-diretor do Instituto, Professores Horacio Carlos Panepucci e Luiz Nunes de Oliveira.

Em paralelo com o entusiasmo de lançar a EAF, havia também o receio de que esse entusiasmo não contagiasse os alunos, atendendo a que os objetivos da Escola eram muito direcionados: Luiz António de Oliveira Nunes, fundador desta iniciativa, queria mostrar o funcionamento do mundo da pesquisa e dos principais grupos de pesquisa do país a partir de aulas expositivas e experimentais, abordando tópicos de Física Clássica e Física Moderna, realização de palestras e de visitas monitoradas às oficinas e aos laboratórios do Instituto, bem como a indústrias de alta tecnologia da cidade de São Carlos. O foco era exatamente mostrar possibilidades de desbravar um futuro promissor para os jovens, fosse na área acadêmica, fosse como empreendedor, no mundo da Física. “Hoje, mas muito menos que antigamente, as pessoas ainda não sabem onde um Físico pode atuar e isso deve ficar cada vez mais claro”, comenta o fundador da EAF.

A primeira edição da EAF logrou ter 150 inscritos, tendo sido selecionados 40 para ingressar na Escola. O critério de seleção dos alunos priorizou medalhistas de olimpíadas científicas e com excelentes médias escolares, sendo que nessa época não havia muito interesse por parte de professores para ingressar no projeto, mas a resposta de sucesso no segundo ano foi motivadora. Em 2002, a Escola ganhou mais visibilidade e notoriedade, muito por conta do interesse da media regional e nacional que, de repente, viram o quanto era importante o fato de um Instituto congregar, a tempo inteiro e em regime de internato, cerca de 40 jovens estudantes mergulhados em livros, fórmulas e experimentos laboratoriais em pleno período de férias, quando todo mundo estava nas praias ou assistindo à etapa final da Copa do Mundo de Futebol de 2002.

Após os sucessos da edição da EAF no IFSC/USP, outras instituições de grande prestígio nacional iniciaram a reprodução do modelo da iniciativa, até porque ela era uma forte motivação para os alunos.

O ano seguinte (2003) foi marcado por novas conquistas, com a inscrição de 250 alunos e a seleção de 61 jovens participantes - um aumento de 21 alunos, em relação a 2001, o que catapultou a EAF para um conceito extraordinário, que foi confirmado por uma comissão de avaliação internacional que, entretanto, visitou o Instituto e que ficou maravilhada com a filosofia da Escola, com seus objetivos e sua excelência.

Com a saída – por motivos profissionais - do Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes da coordenação da Escola após a terceira edição, veio também a mudança de nome. O IFSC/USP passou a assumir o projeto de forma integral, mudando a designação da EAV para Escola de Física Contemporânea (EFC), já sob a coordenação do Prof. Eduardo Ribeiro de Azevedo, nos anos de 2003 e 2004, durante os mandatos diretivos dos professores Roberto Mendonça Faria e Glaucius Oliva, respectivamente.

A IMPORTÂNCIA DA EFC NO CONTEXTO DO MERCADO DE TRABALHO

Embora dedicada a alunos do ensino médio, a EFC é e continuará a ser uma antecâmera para um futuro promissor, principalmente no que diz respeito às expectativas dos jovens em ingressarem no mercado de trabalho, com formação de excelência. “A EFC é uma forma de desmistificar conceitos negativos que alguns alunos ainda têm sobre a Física, atendendo a que essa área do conhecimento está intrinsecamente relacionada com todas as outras – engenharias, computação, etc., obrigando os jovens a saírem de um estado de meros espectadores e colocando-os como intervenientes diretos, ou seja, obrigando-os a meterem as mãos na massa”, sublinha Eduardo Ribeiro de Azevedo. Visitas a empresas de tecnologia de ponta sediadas na cidade de São Carlos, incentivar os alunos a abordarem temas de seu interesse, atrair pais e restantes familiares a conhecerem o Instituto, são algumas das ações que Eduardo Ribeiro de Azevedo defende para a continuação exitosa da EFC. “Esta iniciativa é muito importante para os alunos do ensino médio, principalmente para terem uma visão mais ampla sobre o que é a Universidade e, principalmente, o que é a ciência como um todo e sua importância social. A Escola de Física Contemporânea tem contribuído muito para trazer alunos de excelência para o nosso Instituto e, principalmente para a USP, particularmente para o Campus de São Carlos que, com isso, promove igualmente o conhecimento da própria cidade”, conclui.

A IMPORTÂNCIA DA EFC PARA O ALUNO E PARA O PROFESSOR

Raquel Gama, residente em Governador Valadares (MG), descobriu, na 5ª Série, a Olimpíada Brasileira de Matemática e tentou vencer esse obstáculo, mas não conseguiu chegar lá. Tudo parecia complicado demais, inatingível, mesmo. Embora muito nova, refletiu sobre esse “insucesso”, investigou o que tinha feito errado e tentou novamente no ano seguinte: resultado – uma medalha de bronze. E não parou por aí. Já na 7ª Série conquistou nova medalha de bronze na competição e na 8ª Série levou uma de prata para casa. A matemática começou a ser para a jovem uma espécie de companheira de todos os dias, algo que começou a fazer parte integrante de sua vida. Quanto às olimpíadas do conhecimento, essas competições começaram a mostrar a ela um mundo diferente, já que além do prazer em ganhar medalhas, as olimpíadas facultaram à jovem uma relação com muitas pessoas, entre alunos, professores e pesquisadores, além do fascínio e da descoberta proporcionadas na realização de inúmeras viagens por um país (o seu) até aí desconhecido para ela.

E a paixão por participar em olimpíadas, sua luta para ser “algo”, apareceu inexoravelmente no ensino médio, com participações em diversas olimpíadas do conhecimento – Física, Química, Matemática, Astronomia, etc. -, até que, subitamente, a jovem ouviu falar de uma iniciativa que prendeu sua atenção: A Escola de Física Contemporânea (EFC).

Candidatou-se e foi selecionada para a edição de 2014, onde, durante oito dias, em regime de internato, mergulhou a fundo na temática, trabalhou exaustivamente nos laboratórios junto com seus colegas, trocou ideias e sanou suas dúvidas com pesquisadores e docentes da USP:

“Participar da EFC foi muito importante e decisivo na minha vida. Antes de participar eu não tinha certeza do que cursar na graduação, gostava de exatas e por isso achava que devia cursar Matemática. Na EFC me foi introduzido aspectos da Física, além dos que aprendemos no Ensino Médio, e me fez perceber que Física era o que eu realmente gostaria de estudar. Além das palestras e aulas, o que mais gostei foi ir ao laboratório e fazer experimentos de Física Moderna pela primeira vez. Senti-me uma cientista!! E, quando voltei da Escola, decidi me tornar uma de verdade”. Embora sua decisão de fazer Física remontasse ao 3º ano do Ensino Médio, Raquel confessa que a EFC foi decisiva para sua escolha definitiva: “Depois de ter conhecido o IFSC, através da EFC, não hesitei: lancei-me nos braços do Instituto de Física de São Carlos, em 2015, através do vestibular, um instituto de nível internacional com uma infraestrutura fantástica e com docentes e pesquisadores de alto nível”.

Raquel Gama concluiu seu Bacharelado em Física em janeiro do corrente ano e durante seu percurso acadêmico conquistou os seguintes prêmios:

SIFSC – (2017) Prêmio de Mérito Científico “Profa. Dra. Yvonne Primerano Mascarenhas” – Projeto de Iniciação Científica;

“Prêmio AUREMN” (2018) Melhor trabalho de Iniciação Ciêntífica.

 

 

TRABALHO DE EXTENSÃO VISANDO A SOCIEDADE

Fernando Fernandes Paiva, docente e pesquisador do IFSC/USP, assumiu as edições da EFC correspondentes aos anos de 2014/2015/2016. Logo em 2014, a prioridade da equipe do docente foi fazer um levantamento de todo o processo do evento, mantendo intocável a inclusão do Laboratório de Física Moderna como o principal destaque da Escola, fazendo com que ela girasse em torno dessa estrutura que se assumia como a derradeira etapa para os alunos apresentarem seus seminários finais, depois de inúmeras aulas teóricas e experimentais que equilibradamente ocorriam na semana da EFC. Além da riquíssima “prata da casa”, constituída por docentes e pesquisadores do IFSC/USP, que se disponibilizaram a enriquecer os conhecimentos dos jovens alunos, a equipe de Fernando Paiva começou a convidar docentes externos ao IFSC/USP, como foram os casos de H. Moysés Nussenzveig e Gerardo Adesso, da Universidade de Nottingham (UK), que foram duas das mais notáveis colaborações na EFC.

Com figuras proeminentes nas aberturas dos eventos – Sérgio Mascarenhas e Vanderlei Bagnato, entre outras – e com outras tantas nos encerramentos, constituindo bancas de avaliação exigentes, a EFC é para Fernando Paiva o único evento de extensão no país que oferece uma qualidade ímpar em termos de aprendizado e de um contato direto dos alunos com o que se faz na ciência, principalmente na física. “É um formato que não estressa o aluno e que lhe dá, no final, um sentimento de felicidade extrema. É a chance que qualquer jovem tem de ver ao vivo as grandes pesquisas que se fazem no Brasil e que inevitavelmente muitas delas passam pelo IFSC/USP”, comenta Fernando Paiva, acrescentando que todo esse trabalho desencadeado na EFC é importante para o futuro dos jovens alunos, para as escolhas que eles fazem em relação a uma profissão, já que eles são os melhores do ensino médio nacional. “A EFC é inteiramente dedicada aos melhores alunos, independente de suas escolhas futuras ou de suas preferências profissionais, sendo também dirigida aos alunos de excelência que escolhem a USP São Carlos para se formarem, quer devido a questões geográficas, quer por alguma atração à física, em particular”, salienta Fernando Paiva, enfatizando o fato de se ter feito um grande esforço na divulgação do evento, principalmente na cidade de São Carlos e região, com a finalidade de atrair os melhores alunos. “Ao longo dos três anos em que estivemos comandando a EFC, desenvolveu-se uma ação de divulgação intensa junta das escolas, com a participação ativa da Diretoria de Ensino de São Carlos, o que resultou num apreciável acréscimo de alunos desta região. Em 2016, por exemplo, dos trinta alunos selecionados para participarem do evento, dez eram de escolas públicas de São Carlos, o que foi uma marca muito positiva. A EFC é, de fato, um trabalho de extensão cujo resultado verte diretamente para a sociedade”, conclui.

EDIÇÃO 2019

Sebastião Prativeira, Diogo Boito, Renato Vitalino Gonçalves e Luiz Antônio de Oliveira Nunes são os docentes do IFSC/USP que assumiram a organização da EFC-2019, com o compromisso de manter o evento como um dos mais importantes no capítulo de extensão da Universidade de São Paulo, inteiramente dedicado aos mais proeminentes alunos do ensino médio do país. Luiz Antônio de Oliveira Nunes – o criador da EFC e que agora regressa, auxiliando o grupo organizador com sua dinâmica e experiência - enfatiza que o IFSC/USP é de fato uma das Unidades mais produtivas da Universidade de São Paulo e um dos melhores Institutos, não só em termos nacionais como internacionais, motivo pelo qual se pretende que os alunos do ensino médio do país conheçam essa extraordinária infraestrutura, até para auxiliá-los na escolha de uma área de conhecimento que os lançará numa profissão de prestígio. Diogo Boito e Renato Gonçalves sublinham, por sua vez, que a EFC busca sempre oferecer um equilíbrio entre as atividades teóricas e práticas que são oferecidas aos participantes da Escola, algo que este ano será mais aprofundado e com uma maior integração entre as áreas. Por último, Sebastião Pratavieira destaca, para a edição deste ano da EFC, a realização de uma nova atividade que certamente irá despertar a atenção dos alunos, consubstanciada na visita a uma das empresas de alta tecnologia sediadas na cidade de São Carlos, por forma a que os jovens alunos tenham igualmente conhecimento sobre a ciência que se faz fora da Academia.

Em suma, tudo está praticamente preparado para a seleção final dos trinta alunos que irão compor a EFC – 2019, num esforço do IFSC/USP para abrir as portas do futuro a jovens que encaram a ciência como algo que transformará suas vidas para sempre, rumo ao desenvolvimento do País.

Você, jovem estudante do ensino médio, faça sua inscrição e participe desta fantástica Escola, acessando o link abaixo: http://www.ifsc.usp.br/efc/

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