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Equipamento desenvolvido na USP São Carlos ajuda no diagnóstico de câncer de boca

30 Out 2017 - 10h17Por Redação
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Uma pesquisa que visa ao uso de um aparelho portátil que emite luz violeta em determinada intensidade para auxiliar na detecção de complicações orais, como câncer, tem apresentado resultados promissores, segundo informações do Dr. Sebastião Pratavieira, do Grupo de Óptica do Instituto de Física e São Carlos (IFSC/USP), onde o equipamento foi desenvolvido. O citado aparelho já se encontra disponível no mercado, dedicado a profissionais, sendo comercializado pela empresa MMOptics (São Carlos - SP).

A pesquisa tem sido desenvolvida pelo cirurgião-dentista Sérgio Araújo Andrade, do Núcleo de Pesquisa em Química Biológica (NQBio) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em Divinópolis (MG), com a coordenação do Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP), Dr. Sebastião Pratavieira e Dr. Fernando de Pilla Varotti (NQBio-UFSJ).

Segundo Pratavieira, o interesse em usar a técnica na análise dessas lesões se deve ao fenômeno da fluorescência: quando a luz violeta entra em contato com a região bucal, as moléculas presentes nas células do tecido humano sadio a absorvem, ocorrendo a emissão de uma fluorescência na cor verde; nas regiões em que há complicações na pele, a fluorescência é emitida pelas moléculas em tom mais escuro. A visualização é feita através do visor (um filtro óptico) do aparelho.

Durante a pesquisa, vários tumores foram detectados na cavidade bucal de pacientes, sendo que, em um dos casos, a avaliação com o auxílio do Evince se deu desde a detecção e diagnóstico do câncer oral até a fase de acompanhamento após o tratamento. Pratavieira explica que, assim, notou-se alterações na intensidade da emissão de luz, de acordo com o agravamento e tratamento da lesão cancerígena. O caso foi publicado na revista científica Photodiagnosis and Photodynamic Therapy, através de uma parceria com Marisa Maria Ribeiro, cirurgiã-dentista da Prefeitura Municipal de Divinópolis.

O especialista do IFSC/USP explica que as lesões podem ser visualizadas a olho nu, com o auxílio de luz branca (luz convencional que se usa, por exemplo, em residências e consultórios), mas que a fluorescência óptica dá maior contraste às complicações, incluindo àquelas que podem surgir nos dentes.

No entanto, no que se refere ao câncer oral, Pratavieira enfatiza que o Evince é uma técnica de rastreio, ou seja, é uma ferramenta que auxilia um especialista em análises, não sendo capaz de substituir o tradicional diagnóstico de câncer, que por sua vez ainda é feito a partir de biópsia (procedimento invasivo em que se retira parte da lesão para examiná-la).

Mais recentemente, os pesquisadores têm acompanhado outros pacientes, visando à obtenção de novos resultados que reforcem a eficiência do uso da técnica na análise de eventuais lesões cancerígenas.

AUXILIANDO NA DETECÇÃO DE BALA DE ARMA DE FOGO

Sérgio Araújo comumente inspeciona seus pacientes com o auxílio do equipamento em questão. Certa vez, durante a rotina de uso do aparelho de fluorescência, Araújo observou uma mancha escura no céu da boca de uma paciente e a encaminhou para o exame de radiografia, a partir do qual soube que a lesão correspondia a chumbo liberado por uma bala de arma de fogo, alojada na paciente. Com a luz branca, segundo Pratavieira, a mancha não havia sido observada: "A fluorescência está sempre expandindo ou revelando coisas que, com a luz branca tradicional, a gente não vê".

Esse último caso foi relatado em um artigo científico publicado pela Photomedicine and Laser Surgery. (Assessoria de Comunicação - IFSC/USP)

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