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Em São Carlos, aluna inglesa conclui mestrado focado no diagnóstico de câncer de pâncreas

21 Set 2017 - 07h20Por Redação
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Em julho de 2016, Anshu Thapa, então aluna de mestrado regularmente matriculada na Universidade de Bath (Reino Unido), se integrou ao Grupo de Polímeros "Prof. Bernhard Gross" do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP),  onde passou seis meses desenvolvendo parte de seu mestrado.

Segundo o Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, docente do citado Grupo, que orientou a aluna no IFSC, Anshu foi a primeira estudante de mestrado da Universidade de Bath a desenvolver seu projeto no Grupo de Polímeros.

Defendido e aprovado na universidade britânica, o projeto de pesquisa de Anshu visou ao desenvolvimento de um dispositivo eletrônico (biossensor) dedicado à detecção da CA19-9, uma proteína que, em alta quantidade no corpo humano, pode indicar o diagnóstico positivo de câncer de pâncreas ou pancreatite (inflamação).

Localizado no abdômen, o pâncreas produz enzimas responsáveis pela digestão de alimentos, e hormônios, como a insulina, que atua no armazenamento da glicose (açúcar) em células. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pâncreas atinge principalmente indivíduos com sessenta anos de idade ou mais, sendo uma doença de difícil detecção e responsável por uma alta taxa de mortalidade, em razão do diagnóstico tardio e de seu "comportamento agressivo".

O biossensor desenvolvido em parceria com o IFSC é composto por uma camada extremamente fina de eletrodo de ouro, sobre a qual existem outras camadas igualmente finas de polietilenoimina (polímero), nanotubos de carbono e anticorpos que reconhecem as proteínas CA19-9.

Novais explica que, em cerca de oito minutos, a interação entre os anticorpos e essas proteínas gera um sinal elétrico, cuja intensidade é amplificada pelos nanotubos de carbono, sendo medida pelo eletrodo de ouro. O polímero, por sua vez, ajuda a "ancorar" os anticorpos no dispositivo, de modo que sua estrutura se encaixe na das proteínas, as reconhecendo. Em seguida, os resultados das medidas elétricas são analisados com técnicas computacionais.

No IFSC, os testes foram executados com amostras sanguíneas de pacientes com câncer de pâncreas, fornecidas pelo Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Câncer de Barretos, com aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa deste Hospital.

Anshu e os pesquisadores do IFSC, que também trabalharam em parceria com o Departamento de Ciências Naturais de Sundsvall (Suécia), divulgaram os resultados dessa pesquisa na ACS Applied Materials & Interfaces[TS1] , relatando o sucesso na distinção das amostras que tinham baixo e alto níveis de CA19-9. Para Novais, isso permite vislumbrar que o dispositivo e sua metodologia sejam aplicados em sistemas de diagnóstico portáteis e de baixo custo.

Responsável pelo desenvolvimento de outros protótipos, o Grupo de Polímeros do Instituto vem desenvolvendo novos sistemas de detecção de outros tipos de câncer, como os de cabeça, pescoço, mama e próstata.

O docente diz que a parceria entre o IFSC e a Universidade de Bath é antiga. Teve origem nos programas de estágios de verão e inverno do IFSC/USP. Atualmente, o programa de estágios de verão tem recebido alunos estrangeiros em final da graduação para que estagiem nos laboratórios de pesquisa do Instituto. (Assessoria de Comunicação - IFSC/USP)


 

 

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