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Desconhecem o diagnóstico

Doença de Alzheimer preocupa em São Carlos

14 Set 2019 - 08h11Por Marcos Escrivani
Doença de Alzheimer preocupa em São Carlos - Crédito: Marcos Escrivani Crédito: Marcos Escrivani

“O esquecimento não faz parte do processo natural do envelhecimento”. Com esta frase, a terapeuta ocupacional Ana Cláudia Trombella Barros, coordenadora sub-regional São Carlos/São Paulo da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) procurou traduzir a preocupação sobre os casos de pessoas acometidas da doença e na grande maioria, desconhecem o seu diagnóstico.

Como setembro é considerado o Mês Mundial da Doença de Alzheimer, oportunidade em que várias atividades e ações são realizadas para orientar as pessoas, Ana Cláudia recebeu o São Carlos Agora e revelou importantes informações sobre a doença em São Carlos.

Segundo estimativas, a cidade tem aproximadamente 260 mil habitantes. Dados dão conta que pelo menos 13% são pessoas idosas e destas, pelo menos 9% (estimativa) podem ter sinais da doença. “Mas a grande preocupação é que 75% pessoas desconhecem o diagnóstico da doença e não tem acesso ao tratamento”, ponderou a terapeuta ocupacional.

Ana Cláudia afirmou que os sintomas iniciais de uma pessoa que pode estar acometida da doença são o esquecimento da memória recente como nomes de pessoas, onde guardou objetos, esquecer de pagar contas, tomar medicamentos. “O comportamento muda também e a pessoa fica mais nervosa, mais apática, entristecida e perde o desejo de realizar coisas que geralmente tinha prazer”, pontuou.

A terapeuta ocupacional disse ainda que a Alzheimer não escolhe o sexo e que atinge normalmente idosos da terceira idade. “Hipertensão, colesterol alto, diabetes avançada e o sedentarismo são fatores de risco que auxiliam muito a pessoa a adquirir a doença”, garantiu.TERCEIRA IDADE

Caso seja notado os sintomas, Ana Cláudia afirmou que é necessário que o paciente procure um profissional (geriatra, neurologista, psiquiatra) para que possam ser feitas avaliações e ter um diagnóstico. “São feitos também exames de sangue e de imagens para exclusão de outras doenças. Posteriormente tudo é relatado ao paciente e/ou membro da família e tem inicio ao tratamento através de medicamentos. Tem ainda o tratamento não farmacológico e passadas atividades de estimulação mental, física e social, feitas por uma equipe de profissionais multidisciplinar”, disse ao se referir a fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos. “Há ainda sessões com psicólogos que dão suporte para os familiares para saber lidar e cuidar do parente acometido da doença”.

SEM CURA

Ana Cláudia enfatizou que a Alzheimer não tem cura. “Apenas medicação para controlar a doença”. A terapeuta ocupacional disse que hoje a medicina procura realizar tratamento para que o paciente tenha qualidade de vida, bem como a família. “Há vários estudos pelo mundo e acredito que em cinco anos tenhamos medicamentos que consigam modificar a doença”, pontuou. Hoje, o melhor remédio é a prevenção e um tratamento eficiente”, finalizou.

DOENÇA DE ALZHEIMER

A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas idosas. Talvez, por isso, a doença tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”.

A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.

Seu nome oficial refere-se ao médico Alois Alzheimer, o primeiro a descrever a doença, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da sua paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender e se expressar), tornando-se incapaz de cuidar de si. Após o falecimento de Auguste, aos 55 anos, o Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como características da doença.

Não se sabe por que a Doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, anormalmente produzida, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.

Estudos recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve início a fase demencial da doença.

As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas.

Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. (fonte: http://abraz.org.br)

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