quarta, 24 de abril de 2024
Viajar entre as nuvens...

Doces Flautistas mostra o caminho da música para jovens carentes de São Carlos

Projeto orientado pelo professor de música Matheus Augusto Ferreira dá oportunidade para 80 crianças e adolescentes do Grande Aracy

05 Nov 2018 - 08h13Por Marcos Escrivani
Doces Flautistas mostra o caminho da música para jovens carentes de São Carlos - Crédito: Marcos Escrivani Crédito: Marcos Escrivani

Pode ser o baião de Luiz Gonzaga; rock romântico do Capital Inicial; ou até mesmo músicas clássicas e MPB. Não importa o ritmo. O que importa é que aproximadamente 80 crianças e adolescentes de ambos os sexos do Grande Aracy (Residencial Eduardo Abdelnur, Antenor Garcia, Planalto Verde, Presidente Collor, Jardim Zavaglia, Cidade Aracy I e II) têm a oportunidade de viajar entre as nuvens e dedicar-se à música. A faixa etária é dos 8 aos 18 anos e entre seus alunos há ainda um garoto com deficiência visual.

Entoam melodias e aprendem a tocar vários instrumentos musicais sob a coordenação do professor de Música da rede municipal de ensino, Matheus Augusto Ferreira, 34 anos. Ele é o responsável pelo projeto Doces Flautistas e dá aulas na Escola Municipal de Educação Básica Arthur Natalino Deriggi e no Centro da Juventude do Cidade Aracy. Em 2018 conta com o apoio da Secretaria Municipal de Infância e Juventude.

GARIMPAR TALENTOS

Trabalhar com crianças oriundas de famílias carentes e que diariamente estão expostas a um mundo sombrio. Matheus não nega que passa por várias dificuldades, mas reconhece que o retorno que seus alunos proporcionam “não tem preço”. “Minha missão é formar cidadão e garimpar talentos que tem afinidade com a música”.

Segundo o professor de Música, o Doces Flaustistas conta com incentivo municipal. Através dele foram adquiridas flautas e violões. Mas há pessoas que realizam doações e já recebeu instrumentos e uniformes de “anônimos”.

Matheus, em entrevista ao São Carlos Agora afirmou que o projeto nasceu em 2007, através do curso de Música da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “Naquela época vários universitários se interessaram em bolar um programa para alunos da periferia. Entramos em contato com a direção desta Emeb e ocorreu uma parceria com a Prefeitura que doou várias flautas. Ao longo dos anos o projeto quase terminou, mas eu não quis interromper o trabalho que deu frutos. Hoje temos duas alunos que começaram no Doces Flautistas e se formaram em Música na UFSCar. A Késia que vai seguir sua carreira, pois é vida que segue e a Kaisa, que é professora no projeto. De aluna, virou mestre. E isso é motivo de grande orgulho para a gente que vê o trabalho dar frutas”, diz, emocionado, o jovem professor de Música.

PAIXÃO ASSUMIDA

“Sou apaixonado pela educação musical”. Com esta frase Matheus procurou definiu a sua dedicação em ensinar jovens que estão em vulnerabilidade social a se gostar de melodias diversas.

“Tenho ciência que a realidade é dura. Tem vitórias e derrotas. Há alunos que seguem bons exemplos e aqueles que se perdem ao longo do caminho. Mas minha missão é procurar mostrar que todos tem muitas coisas boas e alimentar isso diariamente e que todos tem condições de mostrar e desenvolver os seus talentos”, disse ao SCA.

SONHOS E DESEJOS

Matheus tem sonhos e desejos. Mas não para sua pessoa e sim, para crianças carentes que vivem diariamente em risco. “Meu desejo e meu sonho é conseguir meios para construir neste bairro (Aracy) uma escola de música. Uma entidade filantrópica para dar oportunidade a centenas de crianças. Mas isso a longo prazo. Hoje tenho espaço no Centro da Juventude da Emeb. Mas estas instituições tem outras atividades e o Doces Flautistas não possui um espaço próprio, onde poderia trabalhar sete dias por semana essa criança. Ter um local legal e seguro para todas elas e fazer com que vivenciem e respirem música 24h por dia e sete dias por semana”, disse o esperançoso Matheus.

APRESENTAÇÕES

Entidades, escolas e empresas que quiserem apreciar o talento das crianças do Doces Flautistas basta entrar em contato com Matheus (98144-6887) ou entrar na página do projeto no Facebook (Doces Flautistas) e agendar uma apresentação.

“Não cobramos nada. Pedimos apenas alimentação para as crianças, o transporte e o som. O resto é por nossa conta”, disse o professor de Música.

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