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Desempregados, venezuelanos buscam recomeçar a vida em São Carlos

22 Ago 2019 - 13h46Por Abner Amiel
Desempregados, venezuelanos buscam recomeçar a vida em São Carlos - Crédito: Abner Amiel Crédito: Abner Amiel

Venezuelanos de uma família que está radicada em São Carlos procuram oportunidade de emprego no mercado de trabalho. Eles são em sua maioria homens com formação superior, com idade entre 30 e 40 anos, que fugiram da crise de Maracaibo, capitado do Estado de Zulia, Venezuela, em busca de recomeçar a vida em um novo país.

O desejo de reiniciar a vida no município faz até os imigrantes do país de Nicolas Maduro deixar a experiência e o currículo de lado na busca de emprego.

Leoandry José Morales, de 31 anos, junto da esposa, Yenizeth Maria Salgado de Morales, de 32, e três filhas, chegaram há dois meses no município. Formado em curso de tecnólogo de administração, com experiência na área de venda de roupas e eletrodomésticos, bem como bancária, Leoandry está fazendo pizzas para sobreviver. A família mora no Cidade Aracy.

“Tenho esperança que vou conseguir reconstruir minha vida no Brasil e continuar estudando”, afirmou.

Já Luis Octávio Morales, de 39 anos, é licenciado em administração, em tecnólogo em química e professor de inglês e espanhol. Quando morava em Maracaibo era supervisor de vendas da Pepsi. Ele trouxe junto para São Carlos a esposa Yanexy Morales e mais dois filhos.

Desde que chegou em São Carlos, o venezuelano executa outro ofício.

“Estou trabalhando de pintor, mas já fiz trabalho de garçom. Eu aceito qualquer serviço”, afirmou Luis.

A esposa de Luis, Yanexy Morales, é formada em técnico em contabilidade e técnico em estética e tinha um salão de beleza em Maracaibo. “O que aparecer na minha área ou não, eu aceito”, disse ela sobre oferta de emprego.

Os pais, Leopoldo Antônio Morales e Yaneira Nicolas de Morales, chegaram faz uma semana e também procuram emprego. Leopoldo é motorista e Yaneira é cabeleireira.

Tanto Luis quanto Leoandry asseguram que deixaram o país natal em decorrência de crise de abastecimento, elétrica, saúde, água e educação. A família migrou por meio de um programa independente da Igreja Jesus Cristo dos Últimos Dias, que trata da documentação de migração, paga aluguel, compra alimento e ajuda venezuelanos a encontrar trabalho.

Leoandry sofreu um choque cultural e ficou surpreso com a diferença de vida do Brasil com a Venezuela. A esposa de Leoandry, Yenizeth, disse que em decorrência da crise elétrica, a cidade de Maracaibo tinha somente 6 horas de eletricidade por dia. As crianças da família chegaram no Brasil com trauma do escuro. Ela relembrou que pegava fila de dias para comprar fralda, leite, frango, combustível, dentre outros itens. Eles se revezavam na fila para não perder a vez de comprar.

“Era comum ver pessoas morrendo na fila”, lembrou Yenizeth.

Yenizeth surpreendeu quando descobriu que o sistema de saúde é público e gratuito. “Na Venezuela temos que pagar 400 dólar para fazer um parto, os hospitais públicos são contaminados e precisamos comprar remédios e pagar em dólar. Aqui em São Carlos fomos bem recepcionados, conseguimos remédios gratuitos e até cesta básica”.

“Os brasileiros têm que valorizar o que tem”, acrescentou.

O poder aquisitivo do Brasil gerou surpresa, sobretudo em relação à compra de alimentos.

“Fiz a conta e percebi que um salário-mínimo na Venezuela é igual a ganhar R$ 133 reais no Brasil. Lá [Venezuela], por exemplo, pagávamos R$ 30 reais em um refrigerante, cerca de R$ 150 reais em um quilo de frango. Com 1 milhão de inflação, é o país mais rico em petróleo e o mais pobre do mundo, disse Leoandry.

Questionados porque escolheram o Brasil, a reposta foi unânime: Luis Octávio Morales afirma que o Brasil é um país grande, estável economicamente, sem discriminação. Para Leoandry e Yenizeth os brasileiros são humanitários.

Interessados em ajudar a família podem entrar em contato com Reinaldo, pelo telefone (16) 99769-9553, ou Luiz, pelo telefone  (16) 99730-1305. 

 

 

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