A abertura da 28º edição da Taça Universitária de São Carlos o Tusca, reuniu na noite de quinta-feira mais de 25 mil pessoas entre estudantes universitários da cidade e de todo país que ao som do trio elétrico percorreram cerca de quatro quilômetros pelas principais ruas dos bairros, Jardim Paulistano, Parque Delta, Distrito Industrial e Jóquei Clube.A saída aconteceu do Caaso (Centro Acadêmico Aramando de Salles Oliveira) no campus I da USP e seguiu até os campos do Clube Jóquei (antiga Genarex) localizado no final da rua Rio Amazonas. No local os milhares de universitários dançaram e pularam até às 2h30. Durante o trajeto centenas de estudantes embriagados desmaiaram e ficaram jogados nas ruas e calçadas. O Parque do kartódromo ficou lotado de universitários que sequer conseguiam ficar de pé. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do centro e SMU da Santa Casa tiveram problemas para atender tantas pessoas embriagadas e algumas drogadas. O SAMU não conseguiu atender com suas ambulâncias a todos os chamados. Viaturas da Polícia Militar, da concessionária Triângulo do Sol e até da Defesa Civil, foram utilizadas para transportar estes jovens até as unidades de saúde. A UPA do centro sofreu um colapso por volta das 22h,tamanho o número de universitários que estavam deitados nas enfermarias, aguardando o “fogo” baixar.Mas nem tudo foi negativo na abertura do Tusca. A maioria dos universitários atendeu as orientações dos organizadores do evento e não provocaram transtornos aos moradores e nem ao patrimônio público, bem diferente do que aconteceu nas edições anteriores. A Polícia não registrou nenhum incidente mais sério contra o patrimônio público ou privado. Apenas algumas árvores foram quebradas. Mesmo no Parque do kartódromo que concentrou os estudantes após a saída da USP, poucos danos foram verificados.Os organizadores também procuraram da melhor forma atender a todas exigências acordadas com a Prefeitura Municipal, principalmente em relação ao horário de início e término da festa. O corso começou a deixar o Caaso às 18h30 e antes das 21h30 os milhares de estudantes já estavam no interior do Clube Jóquei. O som foi desligado antes das 3hs e mesmo com uma multidão nas ruas, poucas ocorrências foram registradas, Ontem de manhã algumas moradoras reclamaram um pouco da bagunça. A principal revolta delas era com relação à urina e vômitos nas portas de suas casas.Início - O Corso saiu às 18h30 da USP e seguiu por uma rua lateral ao Parque do Kartódromo. A animação ficou por conta do trio elétrico com a banda Cascabum. Nos primeiros quarteirões já era possível verificar que muitos universitários não iriam agüentar chegar até o destino final. No Parque, eles se aglomeraram novamente onde permaneceram por cerca de 20 minutos. Em vários momentos o locutor do trio-elétrico pedia para que os participantes não depredassem bens públicos e que aproveitasse a festa para que ela não acabasse.Depois os universitários subiram a rua Iwagiro Toyama até atingirem o pontilhão que passa em baixo da rodovia Washington Luís. Neste local estava prevista a passagem dos estudantes somente pelo pontilhão, porém uma parte pegou uma rua paralela e atravessaram a pista pela passarela. A Polícia Militar e Rodoviária, só acompanharam a travessia que ocorreu sem maiores problemas. Foram 50 minutos de travessia pelos dois pontos.Problemas– Só que com a passagem da multidão, centenas de estudantes começaram a desmaiar pelas ruas. As linhas telefônicas do 192 ficaram entupidas de ligações de pedidos de remoção destes jovens. As ligações eram feitas por populares e pela própria Polícia Militar que também auxiliou em algumas remoções. Os corredores da UPA do centro ficaram lotados, os universitários chegavam nas viaturas do SAMU, Resgate dos Bombeiros, carros particulares e também de alguns funcionários públicos municipais, táxi e até com a viatura da Defesa Civil que foi acionada de última hora para apoiar nos trabalhos. Curiosamente as viaturas da Guarda Municipal não foram empregadas no auxílio destas remoções, apesar da demanda. Segundo apurado, os guardas não estavam autorizados a prestarem este tipo de apoio.As cenas presenciadas nos corredores e salas da enfermaria da UPA do centro eram lamentáveis, estudantes desorientados, desacordados, muitos deles deitados no meio de suas próprias urinas e vômitos. Responsáveis pela unidade não sabiam mais o que fazer com tantos estudantes, muitos deles de outras cidades e sem identificação. A situação estava tão critica que até o secretário de Governo João Muller esteve na unidade para verificar pessoalmente o drama que estava sendo vivido pelos médicos plantonistas, enfermeiros e atendentes. A população que procurava a UPA ficou espantada com o volume de estudantes deitados nas salas. A situação só se normalizou por volta da meia noite, quando os universitários começaram a se recuperar e foram levados por uma Kombi da Prefeitura Municipal. No período das 18hs da quinta-feira até às 7hs de ontem 170 estudantes foram atendidos na UPA. Foram realizados 38 curativos, 17 suturas, 125 verificação de pressão arterial, 33 destro (verificação de açúcar no sangue) e 44 aplicação de soro com glicose na veia. Durante este período o SAMU disponibilizou cinco viaturas básica e uma UTI permaneceu de plantão. As ambulâncias realizaram 65 atendimentos. A Kombi utilizada fez 43 remoções da unidade para os locais onde estes estudantes estavam hospedados.Na Santa Casa a situação também foi semelhante, a princípio o hospital não pretendia atender pessoas oriundas da festa, mas devido à sobre carga de pacientes na UPA, passou a atender os universitários. De acordo com a gerência da Santa Casa das 18 às 7hs, foram realizadas 56 consultas, 30, foram de jovens que estavam participando do Corso. Polícia– A Polícia Militar empregou seus pelotões de Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motos), Força Tática e Ronda Escolar. Alguns policiais do serviço administrativo também foram escalados. Junto com os agentes de trânsito e algumas motos da Guarda Municipal, os policiais orientaram o trânsito por onde o Corso passava. O comandante da 1º Companhia, capitão Samir Gardini, informou que nenhuma ocorrência grave foi registrada pela PM. As maiorias das solicitações eram para socorrer estudantes embriagados. Na parte administrativa alguns veículos foram recolhidos ao pátio da Ciretran e outros multados por irregularidades no trânsito.Governo– O secretário de Governo, João Muller, disse que acompanhou a festa de perto e pode observar que o Corso tomou proporções gigantescas para a estrutura disponível hoje na cidade. “Realmente é um evento muito grande para a cidade de São Carlos, acompanhamos de perto o trajeto, cumprimos o horário estabelecido, mas o volume de pessoas é muito grande, percebemos duas coisas, primeiro, o alto índice de alcoolismo, isso traz uma demanda muito grande para a cidade, apesar deles terem montado uma enfermaria, percebemos que se a cidade não colocar a disposição todo seu efetivo não conseguimos dar conta de socorrê-los”.Outro segundo detalhe observado por Muller foi o fato dos estudantes terem feitos suas necessidades fisiológicas nas ruas em frente às casas da população. “Prestamos atenção nesse fato das pessoas fazerem suas necessidades ao longo do percurso, isso são coisas que quisemos acompanhar de perto, eu agora vou levar ao conhecimento do executivo para que no ano que vem nós não autorizemos mais esse evento”.O secretário de Governo admitiu que festa a cada ano vem apresentando um aumento considerável no número de participantes e que hoje a cidade não dispõe de meios para prestar o suporte necessário. “Infelizmente é muito grande essa festa e nós não temos a estrutura suficiente para comportar uma festa dessa na cidade de São Carlos”, finalizou.