terça, 23 de abril de 2024
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CDCC exibe Ciclo de Cinema Iraniano

10 Nov 2011 - 11h23

Com sessões aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP em São Carlos promoverá no mês de novembro o Ciclo de Cinema Iraniano.


O cinema no Irã, também chamado de cinema persa, é uma indústria cinematográfica ascendente com uma longa e complicada história.

Diversas produções iranianas têm sido premiadas, consagradamente, ao redor do mundo. Juntamente com a China, o Irã vem sendo apontado como um dos melhores exportadores de cinema dos últimos anos. Alguns críticos classificam as produções iranianas como a contribuição artística mais importante do cinema em caráter mundial.

Os cineastas iranianos são uns dos mais prolíficos e influentes. A censura governamental sentida na indústria cinematográfica no Irã não tem comparação possível: em 1978, vários cinemas foram reduzidos a cinzas por terem mostrado ao público imagens da decadência americana. Depois disso, o cinema chegou a ser banido, até que Aiatola Khamenei viu um filme de que gostou e decidiu reabrir as salas de cinema, permitindo assim que a indústria renascesse.

Embora o cinema ainda seja uma forma de expressão controlada na República Islâmica, ele é um excelente meio de reflexão sobre a vida dos afegãos e seus antigos e novos costumes muçulmanos.

Hoje em dia, a paixão renovada pelo cinema fez com que o Irã causasse um grande impacto no resto do mundo. (Fonte: Wikipedia)

Confira a programação:

12 - A CAMINHO DE KANDAHAR

Safar e Ghandehar, Irã, 2001, Drama, 85 minutos
Direção: Mohsen Makhmalbaf
Elenco: Niloufar Pazira, Hassan Tantai, Sadou Teymouri, Hayatalah Hakimi
Nafas nasceu no Afeganistão, mas fugiu do país durante a guerra civil dos Talibãs para trabalhar como jornalista no Canadá. Sua irmã não teve a mesma sorte e ficou em Kandahar. Em meio à guerra, a jovem acabou perdendo suas pernas na explosão de uma mina, o que a faz desistir de viver.
Quando Nafas recebe uma carta, na qual sua irmã declara que irá cometer suicídio, decide encarar todos os riscos e voltar para o Afeganistão.
Além de todas as dificuldades políticas e sociais que Nafas terá que enfrentar para tentar chegar à Kandahar ainda existe a opressão por conta de seus artigos sobre a situação das mulheres na sociedade afegã.
A peregrinação de Nafas mostra a vida como ela realmente é durante o regime Talibã, não há comida, escolas, saúde e, menos ainda, liberdade.
O longa retrata com fiel precisão a situação do povo afegão mutilado pelas minas. Grande parte do elenco é composta por atores amadores refugiados que vivem na fronteira com o Irã, portanto eles realmente conhecem na pele o drama que interpretam.
Algo bem interessante sobre o roteiro é que Makhmalbaf se inspirou em um fato real para sua criação. Uma afegã, refugiada no Canadá, o procurou pedindo ajuda para chegar a Kandahar e socorrer uma amiga que noticiou seu suicídio. Ele não conseguiu ajudá-la na época, porém algum tempo depois entrou secretamente no Afeganistão e presenciou as condições dramáticas da vida de seus habitantes.
Apesar de toda tragédia exposta no filme, Makhmalbaf diz que a história é incompleta, pois se fosse mostrada toda a tristeza que ele viu ninguém acreditaria.
Mariana Joseane Vitulio
LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS
Tema: Realidade social

19 - ÀS CINCO DA TARDE

Panj é Asr, Irã/França, 2003, Drama, 105 minutos
Direção: Samira Makhmalbaf
Elenco: Agheleh Rezaie, Abdolgani Yousefrazi, Razi Mohebi, Marzieh Amiri
Devido às mudanças políticas e sociais ocorridas no Afeganistão pós-guerra, alguns conceitos sobre as mulheres, como o uso da burca e o direito aos estudos, começam a ser reavaliados. Porém, os muçulmanos mais velhos ainda conservam seus antigos costumes religiosos. O pai de Noqreh é um deles. Noqreh é uma jovem afegã que voltou a estudar contra a vontade de seu pai. Em uma de suas aulas, questões sobre a opressão e igualdade feminina são levantadas e Noqreh passa a sonhar em se candidatar para a presidência de seu país, mas sua realidade a afasta cada vez mais de seus desejos. Ela começa, então, a questionar as dificuldades que uma mulher enfrentaria para se tornar presidente do Afeganistão, devido principalmente à repressão ainda existente na sociedade muçulmana.
Junto com a jovem e seu pai vive sua cunhada, Leylomah, cujo marido está desaparecido e o filho não tem o que comer.
Ao ajudar refugiados do Paquistão, Noqreh conhece um jovem poeta que se envolve em seu sonho de campanha política. Entretanto, a invasão de privacidade gerada pelos desabrigados faz com que a família saia em busca de outro lugar para viver, mas essa procura acaba se tornando uma verdadeira luta por sobrevivência.
Às Cinco da Tarde foi o primeiro longa-metragem rodado no Afeganistão após a queda do regime Talibã, com a invasão inglesa e norte-americana. A produção mostra os costumes e a realidade muçulmana de uma forma dura e realista, porém cativante, o que a fez merecedora do Prêmio Ecumênico e o do Júri no Festival de Cannes de 2003.
Mariana Joseane Vitulio
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: Relacionamento social
Contém: Violência

26 - TARTARUGAS PODEM VOAR

Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand, Irã/Iraque, 2004, Drama, 95 minutos
Direção: Bahman Ghobadi
Elenco: Avaz Latif, Soran Ebrahim, Saddam Hossein Feysal, Hiresh Feysal Rahman
Baseada em fatos reais, a história se passa na fronteira Irã/Turquia pouco antes da invasão americana no Iraque.
A população está sem escolas, sem televisão e sem comunicação. Porém, um garoto muito esperto e precoce, apelidado de Satélite, é o responsável pela instalação de antenas nas vilas. Em uma vila de curdos, os anciãos querem saber as notícias dos EUA para se prepararem para a guerra e, após longa insistência de Satélite, resolvem comprar uma antena parabólica. O garoto é o líder de algumas crianças e adolescentes, refugiados na região, que sobrevivem desarmando minas terrestres e vendendo-as no mercado negro.
Neste campo de refugiados, chega uma garota chamada Agrin com seu irmão Hengov e um garoto pequeno. Seus pais foram assassinados por soldados republicanos e suas vidas emocionais foram marcadas para sempre. O retraimento que os irmãos possuem deixa claro que carregam um grande segredo.
Satélite se encanta por essa garota, mas nada faz com que ela se envolva com o restante dos refugiados.
Os boatos decorrentes na região dizem que Hengov pode prever o futuro. Em uma de suas visões o garoto sente a guerra se aproximando e presume a queda de Saddam Russein. Diante dessa situação, Satélite começa a tomar medidas negociando armas para preparar seus refugiados para a guerra.
Rico em história, o filme não segue o padrão tedioso comum no cinema afegão e o enredo é um belíssimo apelo à paz mundial, premiado diversas vezes, uma delas com o Prêmio da Paz no Festival de Berlim de 2005.  
As crianças que atuam nele são realmente refugiadas na fronteira e através delas pode-se ver a guerra por um ângulo diferente.
Tartarugas Podem Voar é um nome poético para designar o percurso de uma mina quando explode, já que o drama exibe constantemente as consequências dessas detonações.
Mariana Joseane Vitulio
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS
Tema: Vida em em meio à guerra
Contém: Violência

Observação: Com esta programação o Cineclube CDCC encerra as atividades deste ano. Retornaremos em fevereiro/2012.

Apoio Cultural: VIDEO 21;

As sessões serão realizadas no CDCC, que fica na Rua Nove de Julho, 1227, Centro.

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