sábado, 20 de abril de 2024
Brasil

Procurador-geral pede ao STF prisão de Cunha, Renan, Sarney e Jucá, diz mídia

07 Jun 2016 - 11h31Por Reuters
Ex-presidente José Sarney ao lado dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, em Brasília. Foto: Reuters/Ueslei Marcelino - Ex-presidente José Sarney ao lado dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, em Brasília. Foto: Reuters/Ueslei Marcelino -

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, do presidente do Senado, Renan Calheiros, do ex-presidente da República José Sarney e do senador Romero Jucá no âmbito da operação Lava Jato, segundo reportagens na imprensa brasileira nesta terça-feira.

As notícias atingem em cheio a cúpula do PMDB, com potencial de minar a governabilidade do presidente interino Michel Temer.

Os pedidos de prisão de Renan, Sarney e Jucá têm como base acusação de terem tentado obstruir a Lava Jato, e apontam como evidências conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e um filho dele, além de denúncias feitas por ambos contra os políticos em acordos de delação premiada, segundo reportagem do jornal O Globo.

Já o pedido de prisão contra Cunha alega que o afastamento do deputado determinado pelo Supremo no início de maio não foi suficiente para impedir as articulações políticas dele em benefício próprio, de acordo com informação da TV Globo.

De acordo com as reportagens, os pedidos de Janot estão nas mãos do ministro do STF Teori Zavascki, encarregado das ações decorrentes da Lava Jato na corte. Ainda não se sabe quando Teori vai decidir sobre as solicitações.

Os novos desdrobramentos da Lava Jato podem enfraquecer o governo de Temer, também do PMDB, que depende de apoio no Senado para aprovação do afastamento definitivo da presidente afastada Dilma Rousseff, devido a processo de impeachment em tramitação no Congresso.

Conforme a reportagem do jornal O Globo, que descreve a fonte da informação sobre os pedidos de prisão como sendo interlocutor de um ministro do STF, Renan, Sarney e Jucá são acusados de tentar derrubar toda a Lava Jato.

As gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro de conversas com seus ex-aliados do PMDB representam a maior crise até o momento do governo Temer, que já perdeu dois ministros por conta do vazamentos dos áudios em menos de um mês de administração.

O senador Jucá perdeu o cargo de ministro do Planejamento ao ser flagrado supostamente sugerindo que uma troca no governo federal, com a saída de Dilma, resultaria em pacto para frear os avanços da Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção envolvendo Petrobras, empreiteiras, executivos, políticos e partidos.

Depois, Fabiano Silveira deixou o comando do Ministério da Transparência devido ao vazamento de declarações dele criticando a Lava Jato, em uma conversa com a presença de Renan.

Em sua delação, o ex-presidente da Transpetro também afirmou que pagou 70 milhões de reais em propina de contratos da subsidiária da Petrobras para Renan, Sarney e Jucá, entre outros líderes peemedebistas, segundo reportagens publicadas no último fim de semana.

Cunha, por sua vez, é réu em um processo no Supremo acusado de ter recebido 5 milhões de dólares em propina do esquema de corrupção apurado pela Lava Jato, e ainda enfrenta um processo no Conselho de Ética da Câmara que pede a cassação de seu mandato.

Procurados pela Reuters, tanto o Supremo quanto a Procuradoria-Geral da República disseram que não vão comentar as reportagens sobre os pedidos de prisão.

Representantes de Renan, Sarney e Jucá não responderam de imediato a pedidos de comentário ou ainda não tinham um posicionamento.

A assessoria de Cunha informou que o deputado não irá se posicionar sobre o assunto até ter conhecimento do teor do pedido do procurador-geral ao STF. (por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; reportagem adicional de Silvio Cascione) 

Leia Também

Últimas Notícias