terça, 23 de abril de 2024
Brasil

Presidente em exercício da Câmara suspende votação do impeachment

09 Mai 2016 - 14h07Por Lisandra Paraguassu/Reuters
Presidente Dilma Rousseff durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília. Reuters/Ueslei Marcelino - Presidente Dilma Rousseff durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília. Reuters/Ueslei Marcelino -

O presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), suspendeu nesta segunda-feira, 9, a sessão de votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Casa citando "vícios" que a tornaram nula e convocou uma nova votação, o que levou Dilma a apontar uma "conjuntura de manhas e artimanhas" e a pedir calma.

Maranhão afirmou, em nota oficial, que já solicitou ao Senado que devolva o processo de impeachment à Câmara. Segundo o deputado, a nova votação será realizada na prazo de cinco sessões após a devolução do processo pelo Senado, que se preparava para votar na quarta-feira em plenário o pedido de impedimento da presidente.

Entre os motivos citados pelo deputado para anular a sessão de 15, 16 e 17 de abril, atendendo a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), está incluído o fato de os partidos terem cometido irregularidades ao fechar questão ou firmar orientação para votação do impeachment.

Outros pontos citados como irregulares por Maranhão são o fato de a defesa de Dilma ter deixado de falar por último no momento da votação e o fato de parlamentares terem anunciado publicamente os seus votos antes da conclusão da votação.

Informada sobre a decisão do deputado durante cerimônia no Palácio do Planalto para anúncio da criação de universidades, Dilma reagiu com cautela e disse desconhecer as consequências da medida.

"Eu não tenho essa informação oficial. Estou falando, porque não podia de maneira alguma fingir que não estava sabendo da mesma coisa que vocês estão. Mas não é oficial, não sei as consequências, por favor, tenham cautela, nós vivemos em uma conjuntura de manhas e artimanhas", afirmou a presidente.

"A gente tem que saber que nós temos pela frente uma disputa dura, uma disputa cheia de dificuldades. Peço encarecidamente aos senhores parlamentares e a todos nós uma certa tranquilidade para lidar com isso", acrescentou.

Assim que a notícia foi divulgada, apoiadores da presidente que participavam do evento no Planalto comemoram e entoaram gritos de "não vai ter golpe".

Maranhão, que votou contra o impeachment na sessão da Câmara que agora ele anulou, assumiu a presidência da Casa na semana passada, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Adversário do governo Dilma, Cunha teve papel-chave no pedido de impeachment em tramitação, ao aceitá-lo e depois presidir a sessão da Câmara que autorizou a abertura de processo. (Com reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Pedro Fonseca no Rio de Janeiro)

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