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Brasil

Faturamento cai e pessimismo aumenta nas micro e pequenas empresas paulistas

16 Jun 2014 - 17h25

Abril registrou queda de 1,2% na receita real, na comparação com o mesmo mês de 2013, segundo Sebrae-SP. Para 26% dos empresários, a economia vai piorar nos próximos seis meses, maior índice desde 2005

O faturamento real das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas registrou queda de 1,2% em abril, na comparação com igual mês de 2013, segundo a pesquisa de conjuntura Indicadores Sebrae-SP. O recuo foi acompanhado de uma acentuada deterioração das expectativas dos empresários: em maio, 26% deles disseram esperar piora na atividade econômica nos próximos seis meses, o maior pessimismo desde o início da série histórica, em maio de 2005. Em maio do ano passado, a parcela dos que acreditavam nessa possibilidade era de 10%. 

Foi o segundo recuo seguido no faturamento, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, em 2014. Em março, a receita apresentou queda de 5,3% (já descontada a inflação). 

A receita total das MPEs paulistas em abril foi de R$ 48,3 bilhões, R$ 557,2 milhões a menos do que em abril de 2013. O resultado negativo teve influência do menor número de dias úteis em abril deste ano; foram dois a menos do que no mesmo período de 2013. 

A indústria apresentou o desempenho mais fraco entre os setores, com queda de 7,2% no faturamento em abril de 2014 ante abril do ano passado. O comércio fechou o mês com redução de 1,4% na receita, na mesma comparação. Por setores, só o resultado dos serviços foi positivo, com avanço de 1,8%. Todos os índices trazem descontada a inflação.

"Além do menor número de dias úteis, que teve impacto no resultado das micro e pequenas empresas como um todo, a indústria, em especial, continua enfrentado problemas de competitividade", afirma o diretor técnico do Sebrae-SP, Ivan Hussni. Segundo ele, a desaceleração da economia brasileira também vem freando o desempenho das MPEs nos últimos meses. "Em abril de 2013, a receita dos pequenos negócios havia crescido 6,1% ante abril de 2012; como se vê, a queda de 1,2% de agora coloca o desempenho das micro e pequenas empresas em uma situação bem diferente", diz.  

A pesquisa mostrou que o Grande ABC foi a região do Estado onde as MPEs tiveram a maior queda no faturamento (-16,5%) em abril em relação a um ano antes. A região possui uma maior participação relativa da indústria, que foi o setor com o pior desempenho no mês, o que puxou para baixo o faturamento. "O resultado também foi influenciado pelo desempenho relativamente bom de abril de 2013", acrescenta Hussni. 

A Região Metropolitana de São Paulo e o município de São Paulo tiveram queda de 4,3% e 3,2% na receita, respectivamente. O interior paulista, entretanto, teve aumento de 2,2% no faturamento das MPEs.

As MPEs do Estado de São Paulo apresentaram variação de -0,1% no total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) em abril em relação a um ano antes. O rendimento dos empregados das MPEs ficou relativamente estável, com variação de -0,2%, e a folha de salários variou +0,2% no mesmo período.

Expectativas

Ao mesmo tempo em que a pesquisa do Sebrae-SP revelou o maior pessimismo desde 2005, também mostrou que a maior parte dos donos de MPEs (46%) disse, em maio, prever estabilidade para a economia nos seis meses seguintes. Mas esse indicador já foi melhor: em maio de 2013, o grupo dos que apostavam nessa possibilidade era de 56%. "As incertezas da economia, inflação e juros mais altos minaram a confiança dos empresários", afirma o diretor técnico do Sebrae-SP.   

Com relação ao faturamento da empresa, 56% falam em estabilidade nos próximos seis meses - em maio de 2013 eram 53% -, 25% acreditam em melhora (31% em maio do ano passado) e 8% consideram a possibilidade de piora (eram 7% um ano antes). 

Além da inflação e dos juros, a menor confiança dos empresários é influenciada por dúvidas relacionadas às eleições deste ano e a um possível racionamento de energia elétrica. Soma-se a esses fatores o menor ritmo da atividade econômica, que afeta diretamente o desempenho das MPEs, extremamente dependentes do mercado consumidor interno. 

A pesquisa

A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.

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