quinta, 28 de março de 2024
Brasil

Dilma diz que inquérito vai comprovar mentiras de Delcídio

04 Mai 2016 - 13h23Por Lisandra Paraguassu/Reuters
Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Reuters/Ueslei Marcelino - Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Reuters/Ueslei Marcelino -

A presidente Dilma Rousseff classificou de mentirosas as afirmações do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) que embasaram o pedido de abertura de inquérito da Procuradoria-Geral da República por tentativa de obstrução da operação Lava Jato, e disse que pedirá que a Advocacia-Geral da União solicite ao Supremo Tribunal Federal apuração do vazamento do pedido, que estava sob sigilo.

Em uma rápida declaração à imprensa nesta quarta-feira, depois da apresentação do Plano Safra 2016/17, Dilma afirmou que o vazamento do pedido da PGR, antes mesmo de ter sido apresentado ao STF, é um fato grave, e que tomou conhecimento pela imprensa. 

"Estranhamente vaza às vésperas do julgamento no Senado. Aqueles que vazaram têm interesses escusos e inconfessáveis. E eu vou solicitar ao ministro da AGU que peça a abertura de inquérito no Supremo para apurar estes vazamentos", disse a presidente.

Dilma reclamou que, com os vazamentos, mesmo que depois se conclua que não existe nada, o "dano está feito".

"O que querem com isso? Querem o dano feito. Eu quero dizer que sempre fui a favor de investigações e quero que essa seja investigada a fundo, inclusive quero saber quem é o autor, ou os autores do vazamento."

A presidente chamou de "levianas" e "mentirosas" as acusações feitas por Delcídio do Amaral.

O senador afirmou, em sua delação premiada, que a presidente indicou ministros para o Superior Tribunal de Justiça com a intenção de obter a libertação de presos na Lava Jato. Entre eles, Marcelo Navarro. O ministro nega ter negociado sua nomeação com o Planalto.

"O senador Delcídio tem a prática de mentir e isso ficou claro ao longo de toda esta questão relativa a sua prisão a partir das gravações. Tenho certeza que a abertura do inquérito vai demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade, como aliás ele fez anteriormente", disse.

LUTA ATÉ O FIM

Em seu discurso durante a cerimônia, depois de uma mais uma sequência de explicações sobre as acusações que embasam seu pedido de impeachment, Dilma afirmou que continuará lutando contra o processo.

"Hoje há no Brasil um processo de impeachment contra o qual eu luto e lutarei em todas as instâncias e com todos os instrumentos possíveis, porque tenho a tranquilidade de não ter cometido crime de responsabilidade", disse.

A única peemedebista que permanece no governo, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu --também amiga pessoal da presidente-- usou sua fala para fazer um desagravo a Dilma.

"Gostaria de dizer que muito me entristece ver as acusações contra a sua pessoa e ver lutarem para tomar seu lugar", disse, afirmando que uma das acusações é Dilma ter "ajudado a agricultura brasileira".

A ministra afirmou que se esse é o problema quer ser "corresponsável", por ter sugerido a Dilma que investisse  na área agrícola. 

"Não estamos aqui para receber os louros do momento e da hora. A popularidade vai e vem, mas a dignidade e a honra, se se forem um dia, nunca mais voltam. Tenho orgulho de estar ao seu lado, de ser sua ministra, ser parceira. Confio na sua honestidade e no seu espírito público, tenho convicção do legado que a senhora vai deixar  para o Brasil."

Parte do setor agrícola boicotou a cerimônia. Há cerca de uma semana, depois de sair de um encontro com o vice-presidente Michel Temer, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, já havia avisado que a CNA não participaria por discordar do plano e não ter sido chamada a negociá-lo com o governo

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