terça, 23 de abril de 2024
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Dilma decide encampar eleição antecipada, diz fonte

02 Mai 2016 - 16h51Por Lisandra Paraguassu/Reuters
Presidente Dilma Rousseff em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília. Reuters/Ueslei Marcelino - Presidente Dilma Rousseff em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília. Reuters/Ueslei Marcelino -

Convencida de que não terá como barrar seu afastamento pelo Senado, a presidente Dilma Rousseff decidiu encampar a ideia de novas eleições em outubro deste ano, mas a tendência neste momento é de apoiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que já está no Congresso, disse à Reuters nesta segunta-feira uma fonte do Palácio do Planalto.

Parte dos auxiliares mais próximos da presidente, no entanto, ainda é contrária ao apoio explícito à emenda, já que daria a impressão de que Dilma "jogou a toalha", segundo a fonte.

Mas a maioria hoje concorda que o afastamento é inevitável e, mesmo que a presidente consiga voltar ao cargo depois da decisão final do Senado, teria dificuldades para governar.

Os ministros mais próximos de Dilma concordam que apoiar a proposta de uma eleição ainda este ano seria uma última cartada da presidente. O Planalto alega que um governo de Michel Temer seria ilegítimo, por não ter votos, e que a crise só poderia ser resolvida com uma nova eleição.

O cronograma desse apoio de Dilma à proposta de novas eleições não está fechado, segundo a fonte. Não está definido quando e sob que forma a presidente deve tratar do assunto. O governo ainda tenta negociar apoio de mais movimentos sociais à proposta, o que até agora não tem conseguido.

A hipótese de o Planalto enviar uma nova PEC não está totalmente descartada. A avaliação neste momento, no entanto, é que isso poderia prejudicar o processo no Congresso.

"Já existe uma PEC no Senado com o apoio já de 30 senadores. Não tem muito sentido descartar isso", disse a fonte.

A avaliação no Planalto é que não há fato novo e será muito difícil reverter expectativas nos próximos 10 dias, até a votação da admissibilidade do processo de impeachment pelo plenário do Senado, marcada para 11 de maio. Dilma ainda acredita, no entanto, que nos próximos meses poderia reverter a votação do julgamento final.

"Há casos de senadores que aceitam a abertura do processo para que se investigue, mas não estão convencidos de que há crime de responsabilidade. Ela acha que pode se reverter ainda sim", disse a fonte, que pediu anonimato.

No Palácio do Planalto, no entanto, o clima já é de fim de governo. Servidores arrumam papéis e preparam relatórios de gestão, mesmo sem saber para quem serão entregues. Alguns, funcionários de carreira, já pediram transferência para seus órgãos de origem.

Já os ministros mais próximos de Dilma, como o chefe de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, o secretário de Governo, Ricardo Berzoini, e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, se preparam para continuar trabalhando com a presidente, mesmo sem cargos. O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), inclusive, já avisou que continuará fazendo a defesa da presidente, mas sem custos.

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