sexta, 29 de março de 2024
Região

Adolescente tenta suicídio após jogo da 'Baleia Azul' na Internet

Desafio fez garoto de 13 anos, em Jaú, cortar os braços com lâmina

17 Abr 2017 - 08h35
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Um adolescente de 13 anos tentou suicídio, em Jaú (47 quilômetros de Bauru), no início da tarde da última quinta-feira (13). O motivo do intento chamou a atenção da Polícia Civil e provocou alerta. Segundo relato da mãe, feito ainda no Pronto-Socorro (PS) Infantil da Santa Casa de Jaú aos policiais militares, a irmã do garoto teria descoberto que ele participava de um jogo que incentivaria o suicídio chamado desafio da "Baleia Azul" ou "Blue Whale".

Os ferimentos no braço dele teriam sido provocados por automutilação, durante uma das missões do citado game, no início da tarde de quinta-feira. O garoto, que é morador do bairro Jardim Orlando Ometto, foi socorrido até o PS Infantil pela própria mãe de 57 anos, segundo o boletim de ocorrência (BO). Ele tinha lesões nos braços provocadas com o uso de uma lâmina.

A Polícia Militar (PM) foi chamada e registrou o BO na Polícia Civil, após ouvir a genitora. Segundo o JC apurou junto à Santa Casa, ontem, o garoto não chegou a ficar internado na unidade, sendo liberado no mesmo dia. O delegado que registrou o caso requisitou o exame de corpo delito no adolescente. A ocorrência foi registrada como tentativa de suicídio e deve ser investigada pela Polícia Civil de Jaú.

CASOS NO BRASIL

O suposto game teria surgido há alguns meses nas redes sociais russas e já gera reflexos no Brasil. O fenômeno passou a ser investigado pela polícia de alguns estados nas últimas semanas, após registros de alguns casos de suicídio e de ocorrências envolvendo automutilação de adolescentes e jovens ligados ao jogo.

Um grupo de alunos de João Pessoa, na Paraíba, por exemplo, foi denunciado após realizar "tarefas" de automutilação. A iniciativa deles virou caso de polícia. No Mato Grosso, a morte uma jovem de 16 anos encontrada em uma represa, na cidade de Vila Rica, também estaria relacionada ao jogo.

Antes de sair de casa, a garota teria deixado algumas cartas que falavam sobre as regras e cronologias do desafio. O corpo também apresentava cortes nas coxas e nos braços, sinais comuns entre os participantes do "Baleia Azul".

Ainda nesta semana, em Pará de Minas, um jovem de 19 anos foi encontrado morto por sua esposa e o caso foi atribuído ao game. Isso porque familiares teriam relatado à polícia que ele era participante do desafio e vinha tentando deixar o grupo secreto.

NO MUNDO

Na Rússia, em 2015, uma jovem de 15 anos se jogou do alto de um edifício. Dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um trem.

Depois de investigar a causa destes e outros suicídios cometidos por jovens, a polícia ligou os fatos a um grupo que participava de um desafio com 50 missões, sendo a última delas justamente acabar com a própria vida.

O jogo

A imagem de uma baleia azul é utilizada como código para o suposto jogo, que seria adotado exclusivamente por grupos fechados. Há relatos de que os participantes seriam selecionados por meio de contato com grupos secretos em redes sociais, sempre de madrugada. Na sequência, um administrador, chamado de curador, os desafia a 50 missões de graus variáveis de dificuldade, como automutilações. A última tarefa seria o suicídio. Na Internet, é possível encontrar uma série de grupos e comunidades, a maioria fechada, que fala sobre o jogo.

Após a onda de notícias negativas envolvendo o "Baleia Azul", algumas comunidades no Facebook divulgaram, nessa sexta-feira (14), imagens e textos alegando que o jogo é inofensivo e visa apenas "brincadeiras".

Mas dezenas de vídeos no Youtube expõem os perigos aos participantes e tratam o game como suicida. Ainda existem comentários de ameaças pessoais e à família dos jogadores interessados em desistir dos desafios impostos pelo game.

Crime deve ser denunciado

Advogado e perito especializado em direito digital, José Antônio Milagre explica que, no Brasil, o criminoso ou "curador" apresenta dados pessoais e até mesmo o IP dos jovens e os constrange a participar do desafio.

"São jovens que estão fragilizados, muitas vezes coagidos e constrangidos com a divulgação de informações pessoais, que na verdade já são públicas", diz Milagre.

As vitimas do crime digital ou seus pais podem realizar a quebra de sigilo informático judicialmente, com apoio no Marco Civil da Internet, para identificar os cibercriminosos que, se localizados, podem responder até por lesão corporal grave, caso as vitimas tenham se mutilado.

"Os criminosos virtuais também podem responder por induzimento ou instigação ao suicídio, caso as vítimas efetivamente dêem cabo à própria vida. A pena pode chegar a seis anos de reclusão", diz Milagre.

Caso os autores sejam adolescentes, cometerão ato infracional. Na França, o governo tem feito uma campanha com a hashtag #bluewhalechallenge publicando inclusive a mensagem "Nenhum desafio merece que você arrisque sua vida".

(JCNET)

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