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Polícia

Vai a julgamento o homem acusado de matar e enterrar duas crianças

15 Out 2008 - 12h09Por Redação São Carlos Agora
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Por Pedro Maciel

 Orpinelli é acusado pela morte e ocultação dos cadáveres de duas crianças.Preso na Penitenciária II de Serra Azul desde março de 2002, o engraxador de portas Laerte Patrocínio Orpinelli, 56, deverá enfrentar amanhã, o júri popular de Rio Claro. Um forte esquema de segurança está sendo preparado pela polícia para que nada interfira no resultado da sentença. Apelidado por “Monstro de Rio Claro” ele, conforme a denúncia do Ministério Público, é o responsável pela morte e ocultação dos cadáveres de duas crianças no município em janeiro de 1990.

Caso Aston- Em fevereiro do ano 2000, quando esteve preso temporariamente em São Carlos, o engraxador de portas Laerte Patrocínio Orpinelli, chegou a confessar a morte do menino Aston Alison da Silva, desaparecido desde o final da tarde do dia 3 de abril de 1994, em uma chácara do parque Itaipu, às margens da SP 215 – rodovia Dr Paulo Lauro em São Carlos. Durante uma semana, ele foi investigado pelos policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), que o levaram por dezenas de vezes ao condomínio de chácaras, onde ele dizia ter enterrado o corpo do menino, que até hoje não foi localizado vivo ou morto.

Após uma semana de investigações, Orpinelli disse que não teria visto Aston e que esteve sim em São Carlos, mas engraxando portas de bares e comércios da cidade. A partir daí ele não mais foi considerado suspeito e foi encaminhado à Rio Claro, onde respondia pelos crimes de sete crianças.

Após todos os levantamentos da delegada Sueli Isler, que respondia pelo 1º Distrito Policial, Orpinelli foi encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) na capital onde ele foi ouvido por vários dias e posteriormente os inquéritos policiais nas cidades de Pirassununga, Monte Alto, Araras e Rio Claro, tiveram seqüência, quando foi apurado que Orpinelli, o “Monstro de Rio Claro”, seria o responsável pelas mortes de seis meninas e quatro meninos entre idades de 3 e 11 anos.

“Monstro de Rio Claro”- Devido às confissões, o engraxador de portas até hoje chamado “Monstro de Rio Claro”, também já foi condenado pela morte de outras crianças em cidades da região. As condenações dos processos das comarcas de Monte Alto, Franca e Pirassununga, juntas chegam a mais de 60 anos de prisão.

Conforme investigações policiais da época, o andarilho escolhia suas vítimas seguindo um padrão pré-estipulado, ou seja, de acordo com as autoridades, o réu tinha preferência por crianças entre 7 e 11 anos no máximo, e o algoz convencia suas vítimas a acompanhá-lo em sua bicicleta oferecendo balas.

Abordagem - Segundo o processo investigado pela Polícia Civil, no dia 17 de janeiro de 1990, os primos Marina Pereira Barbosa, 10 anos e José Fernando de Oliveira, 9, foram abordados pelo acusado no bairro Santa Maria em Rio Claro.

Os promotores afirmam ainda que Orpinelli convenceu as vítimas a acompanhá-lo em um passeio que terminou em violência sexual, morte e ocultação de cadáver. Conforme as autoridades, depois de abordar as crianças, Orpinelli as levou em sua bicicleta até um canavial localizado às margens da rodovia SP 191 – Wilson Finardi, próximo ao pedágio de Araras.

Matança- Chegando lá, segundo essa versão, o andarilho primeiro convenceu Marina a entrar no canavial, onde foi violentada sexualmente e morta a socos. Durante esse tempo, seu primo ficou esperando pelo retorno dos dois, mas somente Orpinelli voltou de dentro do matagal. Na seqüência, o “Monstro de Rio Claro” levou o garoto para o canavial e foi espancado até a morte. Os corpos das vítimas foram enterrados, o que para os promotores públicos seria uma tentativa de assegurar a impunidade pelos crimes.

Denúncia- Orpinelli foi denunciado em outros cinco processos, haja vista que naquela ocasião as autoridades investigavam o sumiço de outras crianças em Rio Claro. O advogado de defesa Carlos Benedito Pereira da Silva explica que destes processos, ele foi impronunciado em quatro deles, ou seja, foi inocentado nas quatro acusações. Destes, ele foi pronunciado em um processo, o qual será julgado amanhã.

Defesa alega inocência- O advogado de defesa se diz convencido da inocência de seu cliente. "Prometo uma grande reviravolta nesse caso", observa o defensor. Ele comenta que não existem provas concretas contra o andarilho, cuja família mora em Araras. Na verdade, o advogado se refere aos exames feitos nas ossadas encontradas no canavial próximo ao pedágio da rodovia, onde os corpos foram localizados. Isso porque, segundo ele, os exames da época não confirmaram se as ossadas pertenciam aos primos Marina e José Fernando. "Quando as ossadas foram encontradas, já não reuniam condições de serem examinadas pelos métodos tradicionais da época, e isso consta dos autos, ou seja, não foi provado nem pelas autoridades que as ossadas realmente pertenciam a essas duas crianças, e sem a materialidade não existe crime", observa o advogado. Ele também discorda da tese de que após a prisão de Orpinelli, chegaram ao fim os casos de desaparecimento de crianças em Rio Claro e região. "Há casos de sumiço e mortes de outras crianças e se Orpinelli está preso, quem está raptando essas crianças?", questiona o advogado de defesa. Ele quer ainda a revisão de todas as condenações baseadas em supostas provas ilícitas.

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