terça, 19 de março de 2024
Sob investigação

Caso de indígena que teve braço amputado após agressão ganha repercussão nacional

19 Fev 2019 - 09h28Por Redação
Secretária das causas raciais Sandra Terena - Crédito: Maycon MaximinoSecretária das causas raciais Sandra Terena - Crédito: Maycon Maximino

O polêmico caso do ajudante de serralheiro Israel Tiago Martins, 39 anos, natural de uma aldeia indígena de Cáceres/MT e que reside em São Carlos há 27 anos ganhou repercussão nacional. Ele teve o braço direito amputado após ser espancado por três pessoas e permanece internado na Santa Casa de São Carlos, onde deverá passar por uma nova cirurgia.

As violentas agressões, com fotos, foram parar nas redes sociais e o caso fez com que a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, sediada em Brasília/DF enviasse para São Carlos, Sandra Terena, que representa a ministra Damares Alves.

Ela esteve na tarde desta segunda-feira, 18, no 2º Distrito Policial, e em conversa com o delegado Wakmar da Silva Negré, tomou ciência das investigações sobre o caso.

A secretária das causas raciais, Sandra Terena disse que, além das lesões, os agressores ainda teriam ofendido Israel, por ser ele indígena, caracterizando racismo. Segundo ela, Israel teria dito que foi proferida pelos acusados a frase “indígena não merece viver”.

Na oportunidade, Sandra afirmou que a ministra Damares Alves, por ter trabalhado por longos anos em São Carlos estaria preocupada com a situação do índio e enviou representantes para colher todas informações possíveis sobre o caso. “Todas as informações colhidas estão sendo encaminhadas ao Ministério da Família e ao setor dos Diretos Humanos”, disse a secretária.

O delegado Walkmar da Silva Negré informou que o caso foi registrado como Lesão Corporal Gravíssima e um dos autores do crime já foi detido por sua equipe e levado até ao Distrito Policial pela manhã de segunda-feira, onde confessou o crime alegando que somente ele teria discutido e agredido Israel, que já tinha conhecimento que o mesmo teria um forte problema de diabete que pode ter causado danos irreversíveis em seu braço a tal ponto que precisou ser amputado. Ele foi ouvido formalmente no inquérito policial que será encaminhado ao Ministério Público Estadual e Poder Judiciário para medidas cabíveis. O delegado disse que outras testemunhas serão ouvidas e logicamente a verdade dos fatos irá aparecer no processo.

ANTROPÓLOGO QUER SEGURANÇA

O antropólogo Djalma Nery, em entrevista, postou o caso nas redes sociais e paralelamente fez a denúncia no Disque 100, sobre a agressão sofrida por Israel.

Ele afirmou ser amigo da família e por defender causas ambientais prestou todo tipo de auxílio possível. Desde o momento que o indígena foi agredido, fez três visitas.

Disse que inicialmente ficou receoso por contar a verdade sobre as agressões, uma vez que o acusado teria envolvimento com o crime organizado. “Ele me detalhou o caso que terminou em agressão física, sequestro, abandono e por fim a amputação”, disse Nery salientando que Israel, mesmo gravemente ferido chegou ir por duas vezes a UPA Santa Felícia e posteriormente foi encaminhado a Santa Casa.

De acordo com Nery, entre as afirmações dadas por Israel o único detalhe que não confere é que ele teria dito que foi abandonado em um buraco no Jardim Zavaglia, enquanto que para às autoridades policiais afirmou que foi no CDHU.

Por fim, Nery afirmou que, pelo fato de lutar pelos direitos humanos trabalha para que Israel e sua família tenham a segurança necessária, bem como um bom atendimento hospitalar. “Quero que o caso seja devidamente esclarecido”, pontuou. “O Israel irá passar por uma nova cirurgia e possivelmente deva ser transferido para uma outra unidade de saúde”, finalizou.

O CASO

A Polícia Civil entrou nas investigações após a informação de que um índio teria sido torturado em São Carlos, sem que o caso fosse registrado em qualquer distrito policial e na Santa Casa.

Inicialmente a vítima teria informado que havia sofrido uma queda de cavalo. A história que teve início no final da tarde do dia 18 de janeiro, veio a tona a partir do dia 12 de fevereiro, quando policiais civis descobriram a real motivação que encobria um caso de lesão corporal envolvendo dois amigos e outros dois homens que possívelmente estariam ligados ao crime organizado e teriam sido chamados para dar um corretivo no índio que é ajudante de serralheiro que agora teve o braço direito amputado, por conta do desaparecimento de R$ 100,00 que ele afirma não ter pego do amigo. 

Ouça a entrevista com Sandra Terena

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