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Destaque na Europa, são-carlense Liliu curte a família e projeta futuro

Humilde, jogador garante que não esqueceu as origens e férias são na casa da mãe; “comida como a dela não tem igual”

21 Dez 2018 - 13h14Por Marcos Escrivani
Destaque na Europa, são-carlense Liliu curte a família e projeta futuro - Crédito: Mati Hiis Crédito: Mati Hiis

Um ‘matador’ são-carlense em terras europeias. Mais precisamente no futebol estoniano. São 30 jogos, 31 gols. Média surpreendente de 1,3 gol por jogo. Como prêmio, candidato a Chuteira de Ouro, campeão nacional na Estônia, após defender o Nömme Kalju FC, na 1ª Divisão. No rol, melhor jogador da temporada e gol mais bonito.

2018 foi o ano mais significativo para Ellinton Antonio Costa Moraes. Ou simplesmente Liliu. Aos 28 anos, afirma que está em sua plenitude física e técnica. Mas admite que pode melhorar ainda mais.

Após conquistar o título nacional na Estônia, em férias, está em São Carlos. Simples e simpático, foi até o Salesianos, na Vila Nery, um dos espaços que fez parte do início de sua vitoriosa carreira e concedeu entrevista exclusiva ao São Carlos Agora ao lado de Lincoln Benite, um dos seus primeiros técnicos. “Não esqueço as minhas origens”, disse, salientando também que é um dever retornar para sua casa e rever seus familiares. “A comida da minha mãe não tem igual”, emenda.

Durante aproximadamente entre bate papo e fotos, Liliu detalhou sua carreira, seu momento, seus sonhos e lembrou como tudo começou.

A ENTREVISTA

QUEM É?

Tenho 1,81 de altura. No começo jogava pelas beiradas. Mas agora jogo centralizado e como segundo atacante. Comecei com 8 anos no campo da Genarex e com 14/15 anos disputei dos campeonatos pelo Salesianos. Foi quando fiz uma avaliação técnica e fui para o Desportivo Brasil onde fiquei 4 anos e disputei o Paulista sub17 e sub20, duas Copas São Paulo e me profissionalizei e cheguei a jogar a Segunda Divisão.

Sou bauruense de nascimento, mas são-carlense de coração. Moro aqui desde os 4 anos em uma casa no Jardim Paulistano onde estão meus amigos de infância, quando eu jogava bola em campinhos. A casa da minha mãe. Não troco a comida dela por nada deste mundo.

FORMAÇÃO?

Foi muito importante para minha pessoa. Uma felicidade imensurável. Trabalhei quando criança e adolescente com grandes técnicos, como o Lincoln, Lilão, Edson Ferraz, Vardão e o Guilherme Dalladéa, hoje técnico da seleção brasileira sub17. Todos marcaram minha vida. São pessoas de caráter e importante na minha formação quando criança. Profissionais corretos.

ALGUMA SAUDADE?

Nossa... Muitas... Aqui (Salesianos), por exemplo, quando disputei campeonatos a gente treinava num campinho com metragens irregulares e depois ia comer pão em uma padaria. Uma época gostosa e simples. Amizades que ficam para nossa vida.

NAMORADOR?

Vixe... Já fui muito. Agora ‘tô’ tranquilo. ‘Tô’ solteiro, mas pretendo casar. Mas ainda não penso nisso, pois minha vida é complicada. Não estou estabilizado. Mas quero constituir família sim. Não sei se a esposa será brasileira ou estrangeira. Mas irei casar...

HUMILDE?

Sou de família simples e trago isso desde o berço. Minha família é humilde e veio do circo. Quando chegamos em São Carlos, morávamos dentro de um ônibus. Hoje o que sou, devo a eles. Valores morais e me passaram ensinamentos que levo para toda minha vida. Meus pais me ensinaram a eu dar valor para as coisas?

QUEM SÃO?

Meu pai é o Edvaldo e minha mãe, Elisabeth. Ou só Beth. Eles têm 54 anos. Tenho duas irmãs. A Elisie, com 30 anos e a caçula, a Eloisa, de 11 aninhos.

PEREGRINAÇÃO

Com 19 anos fui para a Bélgica onde fiquei três temporadas. Depois 6 meses no Kuwait. Senti desejo em voltar e disputei a Copa Nordeste pelo CRB e o campeonato goiano pelo Rio Verde. Por problemas administrativos e financeiros retornei para o exterior e passei por Israel, Malta, Chipre e por fim a Estônia, onde estou há dois anos e em 2018 fiz uma grande temporada que foi premiada com o título e a artilharia.

POR QUE ESTÔNIA?

Quando optei por um contrato mais longo na Estônia, foi pelo projeto apresentado. Tinha na época oportunidade de defender outros clubes, com melhores salários. Mas acreditei em mim, no campeonato e tive sucesso.

TRAMPOLIM?

Não nego que a gente olha para o futuro. O mercado fica aquecido em janeiro e sondagem existe. Há propostas de clubes russos, poloneses e húngaros.

SONHO ALGO MAIS?

Quem não sonha? Numa Premier League (Inglaterra), na La Liga (Espanha). Na Holanda. Tenho plenas condições de estar em um clube intermediário. Tenho capacidade para isso.

MESSI? CR?

Nunca fiquei focado em comparações. Mas que foi uma surpresa a possibilidade de lutar pela Chuteira de Ouro, isso foi. E tudo começou no final de outubro após entrevista para um site europeu. Desde então começaram comparações e brincadeiras. Acho bacana viver esse momento, ter mais gols. Mas é difícil manter a liderança na artilharia, pois o campeonato na Estônia acabou e os demais campeonatos estão no meio da temporada. Acredito que minha marca será superada. Mas brincar com isso e com os companheiros é muito salutar.

COMO SE COMUNICA

Utilizamos a língua inglesa, que é universal. Mas falo espanhol e italiano. E estou ‘arranhando’ o russo, pois meu técnico no Nömme é da Rússia. Então já viu né... Temos que aprender, porque ele é exigente.

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EDUCADOR SE SENTE REALIZADO

O professor e educador Lincoln Benite, com 32 anos de experiência, teve participação na formação de Liliu e esteve presente durante a entrevista. Emocionado, disse que ver uma criança tornar um sonho, realidade, é recompensador.

“Para nós é muito importante. Vi o Liliu com apenas 15 anos. Naquela épocas juntamos vários garotos em uma Van e fomos realizar a avaliação no Desportivo Brasil. Naquela época ele queria só cantar e tocar música. Após sua aprovação e vários anos, vemos hoje, um atleta profissional, de alto rendimento. Um homem responsável, poliglota. Fico contente não apenas por ser um atleta, mas por ele ser uma pessoa íntegra e profissional”, disse.

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