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Dengue

07 Mar 2019 - 06h50Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Dengue -

Uma das hipóteses é que o mosquito Aedes aegypti chegou ao Brasil pelos navios negreiros, porque as primeiras aparições do mosquito se deram no continente africano. No início do século XX, o médico Oswaldo Cruz implantou um programa de combate ao mosquito, visando reduzir os casos de febre amarela, a medida chegou a eliminar a dengue no país durante a década de 1950, mas a dengue voltou a acontecer no Brasil na década de 1980.

Segundo o Ministério da Saúde a primeira ocorrência do vírus no país, comprovada em laboratório, ocorreu em 1981-1982 em Boa Vista PR. Atualmente, os quatro tipos de vírus circulam no país, sendo que foram registrados 587,8 mil casos de dengue em 2014, de acordo com o Ministério da Saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da dengue.

A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais que precisa de água parada para se proliferar.

O período do ano com maior transmissão são os meses mais chuvosos de cada região, mas é importante manter a higiene e evitar água parada todos os dias, porque os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano até encontrar as melhores condições para se desenvolver.

O vírus da dengue é um arbovírus, Arbovírus são vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente os mosquitos, atualmente existem quatro tipos de vírus da dengue DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4(sorotipos 1, 2, 3 e 4). Cada pessoa pode ter os 4 sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele é quando uma pessoa tem dengue e tem uma imunidade relativa contra outro sorotipo.

Quando ocorre um segundo ou terceiro episódio da dengue, há risco aumentado para formas mais graves da dengue, como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue

A dengue clássica é a forma mais leve da doença, sendo muitas vezes confundida com a gripe seu início súbito e os sintomas podem durar de cinco a sete dias, apresentando sinais como febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjôos, vômitos e mal estar geral.

A dengue hemorrágica acontece quando a pessoa infectada com dengue sofre alterações na coagulação sanguínea, se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte, a dengue hemorrágica é mais comum quando a pessoa está sendo infectada pela segunda ou terceira vez. Os sintomas iniciais são parecidos com os da dengue clássica, e somente após o terceiro ou quarto dia surgem hemorragias causadas pelo sangramento de pequenos vasos da pele e outros órgãos, na dengue hemorrágica, ocorre uma queda na pressão arterial do paciente, podendo gerar tonturas e quedas.

A síndrome de choque da dengue é a complicação mais séria da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e perda de consciência. Uma pessoa que sofreu choque por conta da dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorrespiratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural, por fim a síndrome de choque da dengue não tratada pode levar a óbito.

Principais sintomas de dengue; Febre acima de 39º C, Enjoos ou vômitos, Dor de cabeça constante, Dor no fundo dos olhos, Manchas vermelhas na pele, em todo o corpo, Cansaço excessivo sem razão aparente, Dor nas articulações e ossos,  Sangramentos pelo nariz, olhos ou gengivas, Urina rosa, vermelha ou marrom.

Principais sintomas de dengue hemorrágica; Dores abdominais fortes e contínuas, Vômitos persistentes, Pele pálida, fria e úmida, Sangramento pelo nariz, boca e gengivas, Manchas vermelhas na pele, Comportamento variando de sonolência à agitação, Confusão mental, Sede excessiva e boca seca, Dificuldade respiratória, Queda da pressão arterial e Pulso rápido.

Se você suspeita de dengue, vá direto ao hospital ou clínica de saúde mais próxima,  médicos farão a suspeita clínica com base nas informações que você prestar, no atendimento, outros exames serão realizados para saber se há sinais de gravidade ou se você pode manter repouso em casa.

O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. É confirmado com exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral, ou confirmado com teste rápido (usado para triagem) ele vai analisar a presença do vírus no seu sangue e leva de três a quatro dias para ficar pronto, os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) em caso de confirmação da doença, a notificação deve ser feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas.

Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue, faz-se apenas medicamentos para os sintomas da doença, ou seja, fazer um tratamento sintomático, é muito importante tomar muito líquido para evitar a desidratação, em caso de dores e febre, pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação endovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia intensiva.

Pacientes com dengue ou suspeita de dengue devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada, anti-inflamatórios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados. O paracetamol e a dipirona são os medicamentos de escolha para o alívio dos sintomas de dor e febre devido ao seu perfil de segurança, sendo recomendado tanto pelo Ministério da Saúde, como pela Organização Mundial da Saúde.

Atualmente, a vacina é a melhor forma de prevenção da dengue. Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em janeiro de 2018, foram registrados menos casos prováveis de dengue em 2017, 252.054 casos contra 1.483.623 em 2016.

A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas pláticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser uma das medidas adotadas, principalmente durante surtos, repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo e o uso de mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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