No último dia 7, os brasileiros foram às urnas para escolherem os seus representantes na política pelos próximos quatro anos. Para surpresa, e até espanto, de diversos analistas e observadores do cenário político, os políticos tradicionais e conhecidos perderam espaço em meio a uma grande renovação empreendida pelos eleitores.
No Congresso Nacional, mais da metade dos deputados federais não foram reeleitos. Além disso, cerca de metade dos deputados federais eleito nunca havia ocupado esse cargo. Ou seja, o eleitor valorizou a novidade, em detrimento dos antigos políticos já experientes na Câmara dos Deputados. No Senado Federal, dos 33 senadores que tentaram se reeleger, apenas oito conseguiram. Medalhões da política nacional, como o presidente do Senado, Eunício Oliveira, e Romero Jucá ficaram de fora.
Em estados importantes da federação, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, nomes de fora da política e filiados a partidos bem pequenos, quase sem tempo de televisão e dinheiro para campanha tiveram grandes votações, e partem como favoritos para vencer no segundo turno, superando ex-prefeito de capital e ex-governador de estado.
O recado transmitido pelas urnas foi claro: o eleitor rejeitou as práticas antigas da política. Campanhas milionárias, amplas coligações e grande tempo de TV perderam espaço para candidaturas novas, com grande força nas redes sociais e interação constante e próxima com o eleitor, promovendo sua participação efetiva no debate. Agora é aguardar e observar se as práticas no cotidiano da política também se alteram, e o nível do debate público torna-se mais elevado, permitindo uma discussão aprofundada dos problemas que assolam a população.
(*) O autor é advogado, especialista em Direito Público e mestre em Gestão e Políticas Públicas, na Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP.
O exposto artigo não reflete, necessariamente, o pensamento do São Carlos Agora.
