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Síndrome de Guillain-Barré

21 Fev 2019 - 06h50Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Síndrome de Guillain-Barré -

A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune grave inflamatória dos nervos, em que o próprio sistema imunológico passa a tacar as células nervosas, levando à inflamação nos nervos e de suas porções próximas a suas origens junto à medula espinhal, ou seja, ataca parte do sistema nervoso que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo levando a fraqueza e paralisia muscular, podendo ser fatal. O diagnóstico da síndrome em estágios iniciais é difícil, pois os sintomas são semelhantes a outras doenças neurológicas.

A Síndrome de Guillain Barré é uma das doenças causadas pelo Zika vírus, mas esta não é sua única causa. Ela pode ser caracterizada como problema neurológico que envolve os nervos periféricos das pernas e dos braços, normalmente secundário a uma infecção viral, bacteriana respiratória ou intestinal.

A síndrome tem progressão rápida e a maioria dos pacientes recebe alta após 4 semanas, no entanto o tempo de recuperação total pode demorar meses ou anos. A maioria dos pacientes se recupera e volta a andar após 6 meses a 1 ano de tratamento, mas existem alguns que tem maior dificuldade e que precisam de cerca de 3 anos para se recuperar.

A incidência anual é de 1-4 casos por 100.000 habitantes e pico entre 20 e 40 anos de idade. A Síndrome de Guillain Barré é considerada uma doença rara e não é de notificação compulsória, o Ministério da Saúde faz o monitoramento por meio do registro de internações e atendimentos hospitalares. Várias infecções têm sido associadas à Síndrome de Guillain Barré, sendo a infecção por Campylobacter, que causa diarréia, a mais comum, outras infecções encontradas na literatura cientificam que podem desencadear essa doença incluem Zika, denguechikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma pneumonia, enterovirus D68, hepatite A, B, C, HIV, entre outros vírus e bactérias já foram associados temporalmente com o desenvolvimento da Síndrome de Guillain Barré, embora em geral seja difícil comprovar a verdadeira causalidade da doença. O diagnóstico é dado por meio da análise do líquido cefalorraquidiano (líquor) e exame eletrofisiológico.

As causas da doença ainda é muito estudada dentro da medicina, contudo em 2015 o Ministério da Saúde confirmou que a infecção pelo Zika Vírus pode provocar também à Síndrome de Guillain-barré. No Brasil, a ocorrência de síndromes neurológicas relacionadas ao vírus Zika foi confirmada após investigações da Universidade Federal de Pernambuco, a partir da identificação do vírus em amostra de seis pacientes com sintomas neurológicos com histórico de doença exantemática, quatro foram confirmadas com doença de Guillain-barré.

Os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré podem se desenvolver rapidamente e pioram ao longo do tempo, podendo deixar o indivíduo paralisado em menos de três dias, nem todos os pacientes são gravemente afetados porque alguns podem somente apresentar fraqueza nos braços e nas pernas.

Fraqueza muscular, que geralmente começa nas pernas, mas depois atinge os braços, diafragma e também os músculos da face e da boca, prejudicando a fala e a alimentação, Formigamento e perda de sensibilidade nos braços e nas pernas, Dor nas costas, nos quadris e nas coxas, Palpitações no peito, coração acelerado, Alterações da pressão, podendo haver pressão alta ou baixa, Dificuldade para respirar e para engolir, devido à paralisia dos músculos respiratórios e digestivos, Dificuldade em controlar a urina e as fezes, Medo, ansiedade, desmaio e vertigem.

Quando o diafragma é atingido, o paciente começa a sentir dificuldade para respirar, e neste caso é importante que o paciente seja ligado a aparelhos para respirar. Caso isso não aconteça, o paciente pode vir a óbito, uma vez que os músculos respiratórios não funcionam, resultando em asfixia.

Em caso de suspeita de Guillain-Barré deve-se ir rapidamente para o hospital ou ao neurologista para que sejam feitos exames que possam concluir o diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré e, assim, evitar a paralisia total. Todos os pacientes diagnosticados com Síndrome de Guillain-Barré devem permanecer internados no hospital para serem devidamente acompanhados e tratados, porque quando esta doença não é tratada, pode levar à morte devido à paralisia dos músculos.

O diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré nos estágios iniciais é difícil, pois os sintomas são semelhantes a diversas outras doenças em que há comprometimento neurológico. O diagnóstico é confirmado por meio da análise dos sintomas e realização de exames, como ressonância magnética, punção lombar, eletrocardiograma e eletroneuromiografia, que é um exame feito com o objetivo de avaliar a condução do impulso nervoso.

O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de tratamento para a síndrome de Guillain Barré, incluindo procedimentos, diagnósticos clínicos, de reabilitação e medicamentos.

A Guillain Barré é uma doença rara e não é de notificação compulsória. O Brasil conta hoje com 136 Centros Especializados em Reabilitação, que atendem pacientes com a Síndrome de Guillain Barré pela rede pública de saúde.Além disso, a maior parte dos pacientes com Guillain Barré é acolhida em estabelecimentos hospitalares, o tratamento visa acelerar o processo de recuperação, diminuindo as complicações associadas à fase aguda e reduzindo os déficits neurológicos residuais em longo prazo. O SUS dispõe de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré, que prevê entre outros tratamentos, a disponibilidade do medicamento imunoglobolina intravenosa (IgIV) e do procedimento plasmaférese, que é uma técnica de transfusão que permite reitrar plasma sanguíneo de um doador ou de um doente. O médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente, conforme cada caso.

Não há necessidade de tratamento de manutenção fora da fase aguda da doença. 

O tratamento para a Síndrome de Guillain-Barré tem como objetivo aliviar os sintomas e acelerar a recuperação. O tratamento inicial deve ser feito no hospital, mas após a alta o tratamento deve ser continuado e é recomendado fazer fisioterapia.

O tratamento feito no hospital é a plasmaférese, em que o sangue é removido do corpo, filtrado com o objetivo de remover as substâncias que estão causando a doença, e depois devolvidos ao corpo. Assim, a plasmaférese é capaz de reter os anticorpos responsáveis por atacar o sistema imune.

Outra opção de tratamento é a injeção de altas doses de imunoglobulinas (anticorpos) contra os anticorpos que estão atacando os nervos, reduzindo a inflamação e a destruição da bainha de mielina. No entanto, quando surgem complicações graves, como dificuldade em respirar, problemas cardíacos ou gastrointestinais, pode ser necessário que o paciente fique internado para que seja monitorado e outras complicações sejam prevenidas.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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