Para muita gente, dizer "não" é um verdadeiro suplício.
Você sabia que dizer não é algo importantíssimo para o desenvolvimento pessoal? É sinal de equilíbrio, e evita levar uma vida tratando de agradar os demais o tempo todo.
Dizer não faz parte de um processo de amadurecimento e autoconhecimento. Não se trata de simplesmente negar a colaborar com os demais e a fazer algo em benefício do outro, mas de conhecer seu próprio funcionamento, compreender seus limites e entender em que medida algo que está sendo pedido (ou cobrado) deve ou não deve ser realizado.
Como indivíduos, somos diferentes, e temos necessidades diferentes. Haverá uma série de ocasiões em que você será chamado a fazer alguma coisa que não está alinhada com seus desejos, com aquilo que você pode ou não fazer nesse momento. Ceder à pressão para não correr o risco de desatender as expectativas do outro é uma má estratégia, a curto, médio e longo prazo.
Ao contrário do que muitos imaginam, saber dizer não nem sempre tem a ver com se sentir independente. Há muitas pessoas que se consideram autossuficientes e autônomas e continuam caindo na armadilha de fazer o que o outro quer.
Aprender a dizer não é saudável, porque permite sentirmos bem com quem somos. É exercitar a sinceridade consigo mesmo e com os outros, assumindo os motivos que apoiam sua decisão, sem mais desculpas. Não é não, e também não precisamos o tempo todo ficar dando explicações. Aprenda a olhar para dentro de você e compreender o que de fato é melhor em cada momento.
Por que é tão difícil dizer não?
Mais pessoas do que você imagina enfrentam essa dificuldade no seu dia a dia.
Listo alguns motivos.
1) Medo do conflito
Sejamos realistas, dependendo da situação, o fato de dizer não pode trazer desconforto, tanto para quem fala, como para quem escuta. Muita gente prefere aceitar tudo o que se pede como forma de evitar essas asperezas.
Porém, isso também é muito desgastante. Ir por aí desconsiderando seu próprio desejo, somente para fugir do outro, gera estresse e pode transformar você em alguém ansioso.
2) Necessidade de ser reconhecido como bom e acessível
Para muitos é uma questão de imagem e autoestima. Na cabeça deles, dizer sim é uma forma de reafirmar sua condição de "bonzinho", algo que caracteriza sua personalidade e ajuda a lidar com a sua autoestima.
Quem faz isso, porém, se esquece que viver tratando de materializar os desejos do outro, passando por cima da sua própria vontade, é um dos caminhos mais curtos para chegar ao esgotamento emocional.
3) Não sabe o que quer
Não são raros os casos de pessoas que enfrentam sérias dificuldades em dizer não simplesmente porque nunca pararam para pensar no que realmente gostariam de fazer. Diante da falta de opinião e de crítica, decidem levar a vida no "piloto automático", deixando os outros decidir por elas.
4) Evita assumir responsabilidades por suas ações
Além de enfrentar situações pontuais de desconforto, quem assume uma posição e diz não, independentemente do que deseja o outro, precisa assumir as responsabilidades por suas ações. Para muita gente, dizer sim é uma questão de conveniência, porque costumam seguir o fluxo do grupo para não ter que se arriscar.
Viver dessa maneira acaba comprometendo os vínculos que se cria com quem está ao seu redor, já que normalmente são consolidados em base à verdade.
5) Não aprendeu que não há qualquer problema em respeitar sua vontade
Parece óbvio, mas muita gente ainda enfrenta o dilema de dizer não com culpa, porque tende a acreditar que a vontade do outro vale mais que a sua. Faz parte do processo de desenvolvimento pessoal entender que não há qualquer problema em respeitar sua vontade, comunicando sua postura e suas decisões com respeito.
TRATAMENTO
Para essa questão, não há remédio, primeiro a pessoa precisa perceber que essa falta de posicionamento diante das suas questões está lhe incomodando, caso ela queira mudar o ideal é um acompanhamento psicológico.
(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica. Sugestões: biagian@hotmail.com. Facebook: Bianca Gianlorenço.
Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.
