sexta, 19 de abril de 2024
Dia a Dia no Divã

Pedofilia

03 Dez 2018 - 06h50Por (*) Bianca Gianlorenço
Pedofilia -

A pedofilia está entre as doenças classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os transtornos da preferência sexual. Pedófilos são pessoas adultas (homens e mulheres) que têm preferência sexual por crianças – meninas ou meninos - do mesmo sexo ou de sexo diferente, geralmente pré-púberes (que ainda não atingiram a puberdade) ou no início da puberdade.

Toque, beijo, carícia e ato libidinoso envolvendo crianças são considerados crimes pela Constituição, assim como o estupro, e precisam ser repassados à polícia.

É preciso denunciar, muitas vezes a família fica com receio de escândalos, pelo fato de a maioria ocorrer no seio familiar, mas é preciso pensar nos danos que essa criança sofreu, e, se nada for feito, o criminoso continuará praticando esse crime perverso.

O pedófilo por sua vez, pode valer-se de diversos artifícios ludibriosos, dificultando sua identificação, porém logo que identificado, deve ser tratado como uma pessoa doente, portadora de um distúrbio psicológico que precisa de tratamento, porém, deve responder pelo seu crime.

O pedófilo pode agir desde aproximação, em virtude de um parentesco, por laços de religião, por meio da internet, e até por outros meios, cujo contato, chega ao cúmulo da relação forçada pela violência física, a qual muitas vezes resulta na morte da vítima. Sendo que as vítimas desses crimes são crianças e adolescentes, os quais não tem capacidade de reagir contra tais abusos, por isso a necessidade de muita proteção ao menor. Desse modo a família é o principal abrigo de proteção da criança, porém, é exatamente na família a grande maioria dos casos registrados.

Pesquisas comprovam que o comportamento pedófilo é mais comum em pessoas do sexo masculino. Percebe-se, pelos relatos nos noticiários do dia a dia, denúncias e prisões escandalosas envolvendo homens de todas as categorias profissionais e classes sociais, que conforme já demonstrado vai desde o jardineiro, ao pai, o professor, até ao padre da paróquia frequentada pela criança e adolescente, porém existe também mulheres que praticam o crime.

É difícil definir um perfil do abusador. Ao contrário do que se possa pensar, o abuso sexual não se esgota nos pedófilos. Os pedófilos são, geralmente, homens adultos ou jovens aparentemente normais mas com graves problemas de socialização e que carecem de valores sociais. Os agressores podem ser heterossexuais, bissexuais ou homossexuais. São retraídos e bastante insensíveis e não sabem seduzir os seus pares. Só uma porcentagem muito pequena emprega a violência física; a maioria utiliza estratégias como a surpresa, o suborno, a ameaça, a chantagem psicológica, entre outras.

O verdadeiro pedófilo é aquele que não consegue sentir atração por pessoas adultas, ele tem verdadeira obsessão por crianças, assim como o homossexual que não consegue se relacionar com o sexo oposto. A partir do momento em que ocorre o aliciamento ou o contato sexual com a criança, a pedofilia passa a se tornar abuso sexual.

O Abuso sexual é qualquer atitude, caricias nos órgãos sexuais, olhar com demonstração de desejo sexual por uma criança. Estes comportamentos inadequados é o maior crime que um adulto pode cometer contra esses indefesos.

 As consequências do abuso sexual sofrido por crianças são inúmeras, entre elas, estão os atrasos de linguagem, déficit cognitivo, agressividade, rejeição por parte de outros grupos, abuso de álcool e drogas, e, até mesmo, tendência a tornarem-se delinquentes quando adultos.

O Brasil ainda caminha em passos lentos no que tange o combate à pedofilia. E para agravar ainda mais a questão, a tecnologia possibilita o aprimoramento de meios cada vez mais insidiosos sobre o tema que sobrepujam a inércia do legislador e atentam contra as crianças brasileiras.

As consequências das práticas pedofílicas para o menor:

Criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento, e como tal gosta de brincar, sentir-se protegida, e de algo mais que a idade lhe permite, e é justamente neste mundo inocente e puro, que o pedófilo se insere para a prática do crime. Uma vez alojados e estruturados, oferecem “proteção”, entretenimento e tudo o quanto possa atrair o sentimento de uma criança. Logo após inseridos neste contexto infantil, o pedófilo passa a realizar suas mais extremas fantasias sexuais. Sombrio é imaginar, que o organismo de uma criança não está programado para as práticas sexuais, pois seus órgãos genitais estão ainda em desenvolvimento. E quando a criança é abusada sexualmente, além de seu organismo não estar preparado para tal ato, torna-se um abuso de extrema violência contra seu corpo. De todos os maus tratos ao menor, o abuso sexual é o mais danoso, pois afeta tanto seu corpo quanto seu psicológico. Portanto, são várias as consequências trazidas a uma criança em desenvolvimento, quando abusadas sexualmente, pois de acordo com estudiosos, o trauma psicológico nasce de uma dor íntima, uma comoção interna, um constrangimento gerado naquele que sofre e que repercutiria de igual forma em outras pessoas se submetidas às mesmas circunstâncias.

A criança abusada sexualmente tem maior dificuldade de aprendizagem, sofrem de insônia, tem pesadelos, fobias de contatos e até mesmo rejeição a carinhos, são retraídas, se tornam agressivas, tímidas, deprimidas, impacientes, desconfiadas etc. O trauma de ter passado pelo abuso sexual afeta em todo seu desenvolvimento físico, psíquico, emocional e em seu poder de aprendizagem.

O trauma gera uma fuga da vida, quando se entra num retraimento tão profundo que leva a pessoa a viver numa quase completa reclusão, pois a pessoa, tentando evitar tudo que possa lembrar o trauma acaba por quase não viver.

Uma criança vítima desse tipo de abuso terá problemas de se relacionar com outras pessoas, o que afeta gravemente seu bom desenvolvimento e equilíbrio de maneira geral.

A família tem a principal missão de proteger a criança, e a criança ao nascer já em seus primeiros meses de vida, instintivamente tem essa confiança nos pais. Esse é o instinto infantil da confiança e da necessidade da proteção. Porem essa segurança se decompõe a partir do momento em que elas passam a ser agredidas em vez de receber cuidados especiais, medo em vez de carinho, e o meio familiar em que vive tem grande influência no desenvolvimento positivo ou negativo da criança. Se vivem em um ambiente agressivo e violento, instiga o comportamento no desenvolvimento das crianças e tonificam traços típicos patologicamente doentio, pois para o seu bom desenvolvimento necessita de cuidados, proteção e de uma infância saudável

Se é papel da polícia prender e investigar as denúncias de abuso sexual, da Justiça condenar e do Estado oferecer um tratamento ao detento avaliado e identificado como portador da pedofilia, cabe aos responsáveis pela vítima denunciar. A família não tem obrigação de saber se aquele agressor é portadordeve comunicar o crime às autoridades responsáveis.

Se a criança sofrer esse tipo de crime é necessário que a família procure ajuda de um psicólogo infantil, para trabalhar essa questão junto a criança.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente

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