quinta, 25 de abril de 2024
Direito Sistêmico

O direito de família sob a visão sistêmica

18 Jan 2019 - 06h50Por (*) Dra. Rafaela C. de Souza
O direito de família sob a visão sistêmica -

O Direito Sistêmico e o de Família estão imbricados porque inicialmente foi a área do Direito que se abriu ao mesmo e que tem sua aplicação imediata por se tratar de famílias, vidas e até como será o futuro de uma criança ou de família condicionados a uma decisão de um processo judicial.

Ainda não formada, ouvi a história da atriz Luana Piovani, que contou em rede de televisão que na sua infância foi até o fórum com seus pais para tratar do divórcio deles, e isso impactou a vida toda dela, ela sentia muito e chorava ao relatar, sua dor era latente, e isto também me comoveu, posto diz respeito à responsabilidade do advogado como lidar com essas questões e como auxiliar as partes na assunção de suas responsabilidades e como podem juntos ou separados auxiliarem os filhos a crescerem saudavelmente, pois isso também é dever dos pais e não do casal.

Ao analisar as famílias atuais, não podemos deixar de ter em conta que nas últimas décadas o seu conceito adquiriu novas configurações, bem como novos formatos. A legislação no âmbito do direito de família também acompanhou algumas mudanças diante das novas ocorrências e situações familiares chegando a ganhar um novo e maior sentido diante do direito sistêmico, que nasceu através de Bert Hellinger em sua obra ordens do amor.

Trago abaixo, as reflexões da Dra. Izadora Regina Struziato Fontana, Presidente da Comissão de Direito de Família da OAB São Carlos, acerca do Direito de Família, para nos atentarmos para questões tão importantes, como a que relatei. Pois bem, vejamos:

“Os conflitos familiares após o direito sistêmico ganharam uma nova visão, pois como o juiz Sami Storch diz, os conflitos são provocados por causas mais profundas do que aparentam e não são nas páginas complexas de um processo que podemos enxergar o verdadeiro sentido daquilo.

O direito de família conta atualmente com a prática das Constelações Familiares na justiça que já possuem em diversos Estados do Brasil, possibilitando aos envolvidos nos conflitos familiares a se utilizarem dessa ferramenta, que busca acima de tudo a compreensão da problemática com maior efetividade, trazendo como consequência um maior número de acordos e resoluções processuais amigáveis.

Com a ferramenta das constelações familiares, utilizada nas Varas de Família em especial, o envolvido acaba enxergando o conflito como expectador, o que facilita a compreensão do seu processo e por esse motivo podemos dizer que principalmente dentro da problemática familiar, essa ferramenta utilizada traz maior sentido para aquilo que já não são páginas de um simples processo.

Como exemplo podemos utilizar um caso prático de divórcio onde o casal que possui filhos está em desarmonia, na maioria dos casos de divórcio nem pai e nem mãe conseguem enxergar o filho, preocupam-se apenas com aquilo que os incomoda que acabam por prejudicar de certa forma a criança, que com certeza está muito mais infeliz com a situação dos pais, pois ambos são importantes para ela.

Diante das breves considerações, podemos concluir que é possível através da visão sistêmica no Direito, chegarmos em resoluções de conflitos de forma mais harmoniosa, sem perder o foco do real papel da justiça que é manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal.”.

E dessa forma, se estamos vivendo em novos tempos em que devemos adotar novas atitudes que permitam esse olhar para as partes e suas questões, posto que servem á todos os envolvidos, assim, o Direito Sistêmico envolve a sensação da Justiça sem seu sentido amplo e não apenas do processo frio e físico, ele o complementa, com a sensação de colocar as questões nos seus devidos lugares, e isso favorece a todos, indiscutivelmente.

(*) A autora é advogada sistêmica, Presidente da Comissão de Direito Sistêmico e da OAB Concilia de São Carlos-SP, formada pela primeira Turma do Curso de Gestão da Advocacia Sistêmica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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