sexta, 19 de abril de 2024
Qualidade de Vida

Miastenia Grave

17 Jan 2019 - 06h50Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Miastenia Grave -

miastenia grave (miastenia gravis) é uma doença auto-imune, é um distúrbio crônico caracterizada pelo surgimento de episódios de debilidade muscular, ou seja, fraqueza muscular progressiva e fadiga rápida quando o músculo é exigido como resultado de uma anormalidade no funcionamento da junção neuromuscular, o sistema imune produz anticorpos que atacam os receptores localizados no lado muscular da junção neuromuscular, os receptores lesados são os que recebem impulso nervoso por meio da ação da acetilcolina, que é um neurotransmissor.

Há dois tipos possíveis de miastenia grave, adquirida e congênita, a forma adquirida nada mais do que uma doença autoimune, em que os anticorpos atacam células e tecidos saudáveis do organismo por engano, confundindo-os com agentes invasores, como vírus e bactérias. Já a forma congênita acontece quando os anticorpos produzidos pela mãe passam para o feto por meio da placenta, as duas formas são diferentes.

Não se conhece ainda o episódio desencadeante que faz com que o organismo produza anticorpos que atacam receptores da sua própria acetilcolina, a predisposição genética conta muito no surgimento dessa anomalia, os anticorpos são circulantes, a mãe pode transmiti-los para o feto através da placenta. Isso resulta na miastenia neonatal, caracterizada pelo surgimento de debilidade muscular no recém-nascido, desaparecendo poucos dias, ou semanas, após o nascimento.

A miastenia grave costuma atingir mais mulheres do que homens e, normalmente, começa por volta dos 20 a 40 anos de idade, mas pode surgir em qualquer idade.

Os sintomas mais comuns são fraqueza das pálpebras (ptose), fraqueza da musculatura ocular (estrabismo), o que resulta em visão dupla (diplopia), fraqueza excessiva de determinados músculos após o exercício principalmente nos membros superiores. Em cerca de 40% dos pacientes portadores de miastenia grave, os músculos oculares são acometidos desde o início e, com o passar do tempo, pode chegar até 85% dos pacientes, a fadiga muscular pode progredir para os músculos da deglutição (disfagia), fonação (difonia) até perder a voz, mastigação ou dos membros superiores e inferiores e como já dito os membros superiores são mais afetados.

A crise dessa doença acomete, aproximadamente, 10% dos pacientes com essa doença, iniciando-se com dificuldade na respiração, que não responde à medicação e precisar ser hospitalizado para assistência respiratória. Alguns fatores podem desencadear essa crise, como, estresse emocional, atividade física, infecção, menstruação, gravidez, reação adversa a certos medicamentos, acidentes, entre outros.

O diagnóstico é feito através do histórico clínico e dos sintomas apresentados pelo paciente, especialmente quando os músculos da face são afetados, já que os receptores de acetilcolina estão bloqueados, os fármacos que aumento a quantidade de acetilcolina podem ser usados para a realização de um teste que costuma confirmar o diagnóstico, o fármaco utilizado com maior freqüência como prova é o endrofónio, administrado por via intravenosa, levando a uma melhora temporária da força muscular. Existem outras provas de diagnóstico, como medir a função dos nervos e da musculatura por meio de um eletromiograma e fazer análise sanguínea na busca de anticorpos para a acetilcolina, pessoas com miastenia grave apresentam um tumor no timo que é uma glândula que participa da regulação da defesa imunológica do organismo, que pode levar à disfunção do sistema imunitário, este é revelado através de uma tomografia axial computadorizada ao tórax, exame neurológico, para avaliar reflexos, força muscular, sentidos do tato e da visão e noções de coordenação e equilíbrio, teste edrofónio, exames de imagem como ressonância magnética, testes de função pulmonar, testes genéticos e Biópsia do tecido muscular.

Agende uma consulta com um médico se você tiver dificuldades para respirar, enxergar, engolir, mastigar, caminhar, sustentar a cabeça ou usar os braços e as pernas normalmente. Entre os especialistas que podem diagnosticar miastenia grave são, Clínico geral, Neurologista e o Geneticista.

O tratamento pode ser medicamentoso e/ou cirúrgico. O primeiro é  feito com fármacos que reduzem a ação da enzima que degrada a acetilcolina na placa motora, a colinesterase. A queda da degradação da acetilcolina faz com que esta atue por mais tempo, fazendo com que a transmissão neuromuscular seja mais fácil, indivíduos com miastenia grave generalizada é indicada a cirúrgica, é feita por meio da remoção do timo (timectomia), cerca de 50% dos pacientes podem ter remissão ou melhoras significativas quando realizado esse procedimento, outros remédios que também podem ser usados são os que diminuem a ação do sistema imune, mas que deixam o paciente mais propenso a doenças e o uso de esteróides para fortalecer os músculos.

A Fisioterapia motora e respiratória também é indicada no tratamento da miastenia grave com o objetivo de fortalecer os músculos, melhorar a amplitude dos movimentos, a respiração e prevenir infecções respiratórias.

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia. Atua em São Carlos.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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