sexta, 19 de abril de 2024
Dia a Dia no Divã

Limites

15 Out 2018 - 06h59Por (*) Bianca Gianlorenço
Limites -

Fomos criados a ser sempre educados mesmo que essa atitude gere um grande desconforto para nós. São muitas as situações em que nos sentimos invadidos pelo outro, seja com alguma opinião não solicitada, uma interferência na educação dos filhos ou com intervenções em alguma atividade no trabalho. Nesses momentos, sentimos que o outro não valoriza nosso potencial e que tudo o que produzimos não é satisfatório.

Em parte, esses sentimentos ocorrem porque não nos sentimos seguros com o que fazemos ou porque temos um passado de desvalorização de nossos comportamentos já em nossa família de origem. O incômodo também pode surgir pelo convívio com pessoas que estão acostumadas a falar o que pensam sem qualquer limite e que acabam invadindo o espaço dos outros por achar que seu ponto de vista é sempre o correto.

O problema é que, independentemente da situação, essas ocorrências nos agridem, o que gera mal estar e a sensação de infelicidade. Mas, ao mesmo tempo, acabamos evitando dizer como nos sentimos, aceitando a posição do outro.

O medo de magoar as pessoas ou de desagradá-las impede que nos posicionemos diante do que acontece, diante do outro, como se o simples ato de falar o que pensamos fosse eliminar o afeto que o outro sente por nós. Porém, existe uma grande diferença entre brigar e comunicar. Podemos, sim, dialogar sem perder a razão, mas o medo de algumas pessoas é ser ríspida e colocar para fora o que pensa de forma agressiva, como se este fosse o único meio de se expressar. O segredo de relações bem sucedidas é respeitar o outro, mesmo que não concordemos com ele.

O limite existe para ser dado e é importante para a sobrevivência da humanidade desde os tempos mais remotos. Se não colocarmos um limite, as relações se tornam invasivas, vamos aceitando, deixando, concordando e quando a gente se dá conta, pronto, estamos fazendo algo que não queremos, pelo simples fatos de não conseguirmos nos posicionar, falar, tomar decisões e escolher o que é válido ou não para nós.

 Não podemos dirigir após consumir bebida alcoólica. Não podemos comprar tudo o que queremos em uma loja e nem faltar ao trabalho cada vez que bate uma preguiça. Desta forma, as leis existem para organizar o todo, fazendo com que tudo funcione da melhor forma possível, pelo menos era para ser!

A regra também se aplica a nós e a comunicação que desenvolvemos com os outros.

Sendo assim, dizer de forma assertiva o que queremos para o outro, colocando os limites necessários para que não nos invadam é de extrema importância para nossa saúde física e mental.

Não tem como fugir, nós estamos na relação com o outro, e saber o que é permitido ou não dentro dessa relação é uma questão de prioridade, de amor próprio. Caso contrário você aceitará qualquer coisa para agradá-lo, falando SIM para ele e NÃO para você.

Acredite pessoal, colocar limites, para muitos, não é tão simples!

 Se você também tem dificuldades, consulte um psicólogo!

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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